O presidente da Federação da Agricultura do Pará, Carlos Xavier, identifica claramente indígenas da etnia Tembé como responsáveis pelos ataques sistemáticos às instalações da empresa BBF na região de Acará e Tomé-Açu, nordeste do Estado, garante que a Federação tem adotado providências para combater os ilícitos, inclusive junto ao Judiciário, mas, “infelizmente, nós, paraenses, estamos assistindo isso”.
Não se engana quem imaginar o crime como ‘produto acabado’ no Pará, caso das invasões, furto de frutos de dendê, depredação de equipamentos, ataques a funcionários com reféns, tráfico de influência e venda de produtos a empresas ilegais devidamente identificadas.
Nenhuma providência da Faepa alcançou esses atores, até hoje, mas Carlos Xavier aposta em patrulhas rurais, criadas pelo Estado, como forma de proteger a propriedade privada. Seria o bastante?
O sr. está à frente da Faepa nesses anos todos porque faz uma defesa intransigente do agro. Como a Faepa vê essas invasões de terra e de furto de frutos dendê por comunidades indígenas e quilombolas na região de Acará-Tomé-Açu?
Seguinte: essa preocupação nós temos com relação a tudo que ocorre no Estado. É um Estado grandioso. Esse fato específico envolvendo a BBF vem ocorrendo também em outras áreas, e temos uma preocupação muito grande. Já começamos a fazer um trabalho de patrulha rural para poder levar segurança aos proprietários. Quando você fica de braços cruzados, sem dar respostas a essas invasões... Nada, nada, temos 750 boletins de ocorrência registrados pela BBF.
Há alguma providência em curso para tentar conter essa onda de crimes, conhecidos pela Polícia Civil, pela PF e pela Justiça do Pará?
Não é de agora. Nossa conversa é antiga e não envolve só isso, envolve a área fundiária. A Federação tem tomado providências, tem feito o trabalho de patrulha rural. O governador atendeu, já estamos lá fazendo o registro de propriedade. Tivemos com o secretário de Segurança e temos uma unidade de segurança nossa, que tem um coronel que coordena aqui, que é coronel Solano, exatamente para a gente levar segurança a essas propriedades.
Quem são os indígenas responsáveis por esses atos?
São os índios Tembé, que eu venho acompanhando, entendeu? Como lá não tinham nada a fazer, começaram a plantar palma. Eles vieram para cá meninos, se transformaram em caciques e adotaram esse tipo de comportamento. E nós, paraenses, estamos assistindo isso.
Já recorremos ao Judiciário. Aonde você puder pensar, estamos trabalhando, mas, infelizmente, convivemos com esse fato, o que é triste; você sabe que é um grupo. Para se ter ideia, eles chegaram uma época lá, invadiram e tomaram até televisão, telefone dos funcionários. Estavam cobrando para devolver esses telefones. Tem uns grupos que só querem criar embaraços.
No conjunto da obra, não só a Faepa, mas o segmento produtivo do Estado não tem se manifestado sobre esses escândalos...
A gente já vem fazendo isso, não só naquela região. Eu podia te dizer o seguinte: tudo que é para evitar o nosso desenvolvimento, você tem um grupo fazendo isso. Por exemplo:15 anos atrás, tínhamos condições de ter o quarto maior porto do mundo, o Espadarte. Aí, criaram uma reserva ambiental lá para não sair o licenciamento. Então, tudo aquilo que é para impedir o nosso desenvolvimento tem um grupo fazendo isso. Está parecendo para todos nós.
Que ações o Sr. proporia ao governo do Estado para evitar esse dano ao agro e, principalmente, à cadeia produtiva de palma?
Nesse assunto específico, nós inauguramos, com o governo do Estado, ano passado, a patrulha rural de Marabá. Neste ano, a patrulha de Castanhal. Depois, vamos ter a de Paragominas, de Redenção, Santarém, Itaituba, Altamira. E nessa específica, de Castanhal, que abrange essa região do Acará, eles já estão indo lá. Nós já treinamos 63 militares, fizemos um kit, incluindo drones para acompanhar tudo. Existe o cadastro da propriedade, onde tem uma placa que ele coloca na entrada da propriedade.
Todos contra ilegalidades,
mas pouco é feito no caso
dos conflitos em Tomé-Açu
Em áudio encaminhado à coluna depois da entrevista, o presidente da Faepa, Carlos Xavier, acrescentou o seguinte comentário à pergunta sobre as providências que eventualmente poderão ser adotadas pela Abrapalma sobre o assunto. Ouça o áudio:
Federação das Indústria
Com relação à Federação das Indústrias, o presidente do Centro de Indústrias, José Maria Mendonça, diz que “somos contra qualquer ilegalidade e aguardamos que os órgãos públicos se manifestem para não permitir esse tipo de situação”. Segundo ele, “a cadeia da palma é importantíssima para o Pará e não podemos permitir essas atitudes, que não contribuem para o desenvolvimento do Estado e inibem investimentos futuros”.
Agropalma e o protocolo
Quanto à Abrapalma, recebemos o seguinte posicionamento: "A Abrapalma cumpre o protocolo de formalizar queixas junto às autoridades policiais e espera, como os demais setores da indústria, as providências pertinentes".