Na surdina

Com mundo de olho em Israel, Putin lança a maior ofensiva contra a Ucrânia em meses

Esta é a primeira grande ação russa, fora bombardeios de longa distância, em semanas.

14/10/2023 00:50
Com mundo de olho em Israel, Putin lança a maior ofensiva contra a Ucrânia em meses

São Paulo (SP) - Enquanto as atenções da comunidade internacional estão direcionadas à guerra em Israel, a Rússia lançou uma grande ofensiva contra uma área estratégica no leste da Ucrânia. As tropas de Vladimir Putin iniciaram um avanço rumo a Avdiika, cidade logo ao norte de Donetsk, capital da província homônima que com Lugansk compõe o chamado Donbass.


As movimentações vinham ocorrendo há três dias, segundo avaliação de observadores militares, mas só nesta quinta (12) o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, admitiu que a situação é séria. Segundo ele, seus soldados estão repelindo ataques até aqui.


Moscou ampliou o território que era controlado pelos separatistas pró-Putin desde 2014, quando a guerra civil na região começou após a Rússia anexar a Crimeia como resposta à derrubada de um governo amigo em Kiev. Hoje, algo como 55% da região, que foi anexada integralmente de forma ilegal no ano passado, está nas mãos russas.


Esta é a primeira grande ação russa, fora bombardeios de longa distância, em semanas. Ela completa de forma perigosa para Kiev a outra ofensiva em curso, que avançou rumo à região de Kupiansk, em Kharkiv, província ao norte de Donetsk.


Se tomar Avdiika e forçar um movimento em pinça vindo do norte, os russos podem isolar as forças de Zelenski na região. Seria um golpe grande em um ano que viu poucos avanços de lado a lado, mas não parece provável dado o exíguo tempo remanescente para grandes operações antes do inverno do Hemisfério Norte.


Após Israel declarar guerra ao Hamas, Zelenski disse que poderia haver uma dispersão no apoio ocidental à Ucrânia e alertou sobre a necessidade de mais armas para resistir a Putin. Moscou, por sua vez, afirmou que o conflito israelo-palestino, no qual historicamente pende para o lado árabe, é algo antigo e dissociado da guerra em si.


Pode ser, mas na prática o temor de Zelenski parece estar se materializando. Ele também verá uma pressão ainda maior para redução do envio de ajuda militar para a Ucrânia por parte dos EUA, que se comprometeram a apoiar Israel na sua guerra. Para completar, a Eslováquia formou um novo governo que pode cortar o apoio a Kiev, e a Polônia tem o tema como central na campanha eleitoral que acaba domingo (15).


(Foto: Arman Soldin/AFP)


Com a Folha

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