Meio Ambiente

Coluna Ver Amazônia: O que esperar do novo prefeito de Belém na gestão da crise do clima?

Em períodos eleitorais, os candidatos costumam focar em propostas para resolver problemas emergenciais, como saúde, educação e saneamento básico, deixando as questões ambientais em segundo plano.

15/09/2024 18:14
Coluna Ver Amazônia: O que esperar do novo prefeito de Belém na gestão da crise do clima?

Queremos saber o que o futuro prefeito fará para enfrentar os efeitos da crise climática em Belém. Em busca de respostas, a Ver Amazônia entrevistou os principais candidatos à prefeitura da cidade que sediará a COP 30. Dos cinco mais bem posicionados nas pesquisas, apenas Igor Normando (MDB), Edmilson Rodrigues (PSOL) e Thiago Araújo (REP) responderam. As perguntas e o espaço concedido foram iguais para todos os concorrentes. O delegado Éder Mauro (PL) e Jefferson Lima foram contatados através de suas assessorias, mas, não enviaram respostas.


Na cidade ou nas ilhas de Belém, já é possível sentir os efeitos da crise do clima.

Em períodos eleitorais, os candidatos costumam focar em propostas para resolver problemas emergenciais, como saúde, educação e saneamento básico, deixando as questões ambientais em segundo plano. No entanto, nesta eleição, os riscos climáticos assumem destaque, tornando ainda mais urgentes os desafios relacionados às necessidades básicas, especialmente diante das possibilidades de desastres, que resultam em mortes e danos materiais.






Propostas para a crise


Embora muitas pessoas não entendem cientificamente o que está acontecendo com o planeta, mas, elas sentem na pele o calor extremo, além das frequentes inundações e secas. As oscilações do clima, para mais ou para menos, já são consideradas pela ONU como o “novo normal”.


Os três candidatos à prefeitura de Belém que enviaram respostas aos questionamentos, reconheceram a gravidade dos riscos climáticos para Belém e apresentaram o que entendem como soluções.


Thiago Araújo (Republicanos)/Foto: divulgação

"Belém enfrenta sérios riscos climáticos, principalmente por ser uma cidade localizada na Amazônia, que já sente os efeitos do aquecimento global. As enchentes causadas pelo aumento das chuvas e pela elevação do nível do mar são um desafio diário para a população. Nossa cidade, sendo a sede da COP30, tem a responsabilidade de liderar a adaptação e mitigação dessas mudanças. Precisamos de ações que protejam nossas comunidades e o meio ambiente, garantindo mais segurança e resiliência diante das ameaças climáticas.", afirma Thiago Araújo (Republicanos).


Perguntado o que irá fazer como prefeito no sentido de adaptação e mitigação dos riscos climáticos, o candidato Thiago Araújo enviou a seguinte resposta: "no nosso meu plano de governo, propomos um sistema de drenagem moderno e eficiente, além de infraestrutura verde para minimizar os danos das enchentes. Vamos revitalizar áreas alagáveis e promover a preservação ambiental, ao mesmo tempo que educamos a população sobre a importância do reflorestamento urbano. Queremos uma Belém mais resiliente, com políticas que integrem o desenvolvimento sustentável e a preservação da biodiversidade", declarou Thiago Araújo.


Edmilson Rodrigues (PSOL)/Foto: divulgação


As mesmas perguntas foram feitas para Edmilson Rodrigues (PSOL). O atual prefeito de Belém, que é candidato à reeleição, analisou a crise do clima e enviou suas propostas para enfrentar os efeitos das alterações climáticas:


“Belém é entrecortada por rios que foram assoreados, impermeabilizados e tornados receptores de esgotos ao longo dos séculos, provocando os alagamentos na cidade. As macrodrenagens são ações fundamentais. Urbanizar de forma socialmente sustentável é o maior exemplo de justiça climática. Estamos fazendo a macrodrenagem nas Bacias da Estrada Nova e Mata Fome e faremos também no Paracuri e Ariri Bolonha. Ainda, estamos construindo um parque linear no São Joaquim”, afirma Edmilson Rodrigues. “Nosso Plano Climático Popular em finalização, e o programa de governo defendem a urbanização sustentável. Vamos criar uma Unidade de Conservação nas ilhas de Belém, de gestão participativa, que também combata a erosão das falésias. Quanto à resiliência climática e prevenção de desastres, estamos criando planos de contingência com participação comunitária. Vamos implementar o sistema de alerta precoce de eventos extremos, capacitar equipes de resposta rápida. Vamos desenvolver um plano de redução de riscos e desastres com medidas estruturadoras que integram as políticas públicas municipais e resiliência, valorizando o ambiente e bem-estar da população”, declarou o candidato Edmilson Rodrigues.


Igor Normando (MDB)/Foto: Divulgação

O candidato do MDB, Igor Normando, também enviou a sua análise sobre a crise climática e as propostas para o enfrentamento dos desafios nesses novos tempos.


“Os próximos anos se revelam desafiadores para o mundo diante das mudanças climáticas e em Belém isso não vai ser diferente. Estudos alertam que Belém será a segunda cidade mais quente do mundo em 2050. Inclusive, começamos a sentir esses efeitos. Por isso, é preciso colocar em prática ações que resolvam o problema da baixa cobertura vegetal na nossa cidade, promover ações de conscientização e educação ambiental nas comunidades, além de garantir a implementação e o pleno funcionamento da coleta seletiva de resíduos sólidos”, afirmou o candidato do MDB. “Temos em nosso Plano de Governo projetos e programas que vão mitigar os riscos climáticos nos quais Belém está suscetível. Vamos estimular empreendedores e cooperativas a criarem “hubs” pelos bairros ou regiões administrativas da nossa cidade para explorar comercialmente os resíduos sólidos. Temos o programa “Cidade Verde”, garantindo áreas mais verdes e ações de arborização por toda a cidade. Temos o “Belém Verde”, que determina o plantio de 200 mil árvores ao longo da nossa gestão. O programa “IPTU Verde”, que consiste em reduzir esse imposto para quem comprovar que plantou uma árvore e que tem mantido esse espaço verde em sua residência”, declarou Igor Normando.


Prefeito da COP 30


O novo prefeito terá desafios históricos em meio aos riscos do clima em Belém.


Ser prefeito de Belém, cidade da primeira COP no Brasil e na Amazônia, traz uma grande responsabilidade. A Conferência do Clima da ONU chega com muitas perguntas e busca por soluções urgentes, enquanto os olhos do mundo são voltados para a capital paraense.


A COP 30 aconteceu em um cenário marcado pelos efeitos crescentes da crise climática, que já se fazem sentir em todo o planeta. Já ultrapassamos o limite de 1,5°C de aumento na temperatura global, previsto pelo Acordo de Paris. Estamos vivenciando os meses mais quentes da história desde o período pré-industrial.


Temperaturas acima de 40°C e até 50°C são cada vez mais frequentes e mortes por calor chegam a quase meio milhão por ano, segundo a ONU. A Amazônia, peça-chave para amenizar os efeitos da crise climática, também enfrenta suas próprias adversidades, como incêndios, secas e temperaturas extremas, demonstrando que a floresta não está imune.


Dessa forma, o futuro prefeito de Belém será o prefeito do “novo normal” do clima. Além dos problemas estruturais que a cidade já enfrenta, a questão climática agora se impõe como prioridade na agenda, exigindo muito mais do que respostas imediatistas. A gestão dos riscos climáticos exige o antes, o durante e o depois.



Farol Ver Amazônia


Social e ambiental

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) divulgou o Relatório 2024-2026 (edição 2024-2026 do Relatório sobre a Proteção Social no Mundo), que destaca a conexão entre proteção social e ação climática. O documento aponta lacunas de cobertura e sugere políticas para avançar nas metas da Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável.


Bolsa verde

O relatório da OIT destaca o impacto positivo do Bolsa Verde, programa brasileiro que reduziu o desmatamento na Amazônia ao vincular subsídios à preservação ambiental. A iniciativa reforça a necessidade de compensar os povos indígenas pela proteção da floresta, que ainda não recebem retorno financeiro, apesar do avanço do mercado de créditos de carbono.


Reação 1

Durante a reunião da iniciativa de Bioeconomia do G20, a ministra Marina Silva alertou para o impacto das mudanças climáticas, como as secas que afetam a Amazônia, secando rios e prejudicando os ecossistemas. Percebe-se que o governo brasileiro ainda adota uma abordagem reativa aos impactos dos riscos climáticos.


Reação 2

A gestão da crise do clima exige ações permanentes, como já ocorre em países como o Japão, que, diante da constante ameaça de desastres, implementa políticas contínuas com o envolvimento da população. No Brasil, as respostas aos alertas são reativas e muitas vezes não alcançam a maioria das pessoas.


Silêncio para a paz 1

O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu um momento de silêncio e reflexão, durante a cerimônia do Sino da Paz em Nova Iorque, para que cada pessoa contribua com a criação de condições para um mundo pacífico.


Silêncio para a paz 2

Guterres alertou que a desinformação alimenta o ódio e que tecnologias estão sendo usadas como armas sem controle. Ele destacou que as desigualdades e divisões geopolíticas estão fragilizando as bases para a paz mundial.



Esta edição teve a colaboração da jornalista Cléo Soares.




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