prefeito de Ananindeua, Daniel Santos, do PSB, foi reeleito na cidade com 83% dos votos. Tudo dentro do esperado e apontado pelas pesquisas durante a campanha eleitoral. Após o resultado, levou seu apoio direto para o colo do deputado federal Eder Mauro, do PL, que disputa o segundo turno em Belém. Até aí, também dentro do esperado. Mas o inesperado, no entanto, acontece. Acostumado a levar os seguidores políticos no pacote de suas decisões, ao ponto de a cidade ganhar nos bastidores políticos o apelido de “República de Ananindeua”, Daniel assiste agora seu seguidor até então mais fiel correr para o lado oposto.
O deputado estadual Erick Monteiro,
da Federação PSDB-Cidadania, decide apoiar, em Belém, Igor Normando, do MDB,
confirmando o ‘racha’ político anunciado pela Coluna Olavo Dutra por
ocasião da escolha do vice de Daniel, que em duas ocasiões deixou de lado o
nome de Gisele Monteiro, do Podemos, mulher do deputado, e até então igualmente
aliada de primeira hora das militâncias ao lado de Daniel e da primeira dama,
deputada federal Alessandra Haber.
O peso de Erick
Erick tem peso. Foi eleito deputado
estadual com mais de 70 mil votos, a maior parte deles na Região Metropolitana
de Belém. E até quem não foi eleito para nada em 2022 e ficou na órbita de
Daniel Santos, como foi o caso do ex-prefeito Manoel Pioneiro, do mesmo partido
de Erick, correu junto com o deputado para apoiar o candidato do governador
Helder Barbalho.
No caso de Pioneiro, zero surpresa:
concorreu ao Senado em 2022 embaixo do guarda-chuva do governador e, neste
2024, também foi nome que recebeu um “não” de Daniel para ser seu vice. O peso
desse “não”, somado ao de Erick, levou Pioneiro junto para a campanha de Igor
Normando em Belém.
Efeito colateral
Outro nome que nos bastidores da
política tinha o que se pode chamar de alinhamento com o prefeito Daniel é o do
deputado Thiago Araújo, que teve cerca de 8% dos votos, quase encostando no
prefeito Edmilson Rodrigues, que não atingiu os 10% do eleitorado.
Thiago também decidiu apoiar Normando,
o que significa um recado claro ao prefeito Daniel Santos: alguma coisa
desalinhou no meio do caminho, e será uma tarefa árdua ser o principal opositor
na eleição de 2026, como candidato a governador, perdendo apoios que têm lá o
seu eleitorado próprio. Por alguma razão que não veio a público - mas não
precisa de especialista para interpretar, Thiago Araújo também decidiu por um
caminho contrário ao de Daniel Santos.
Fora da campanha
Já a dupla Erick Monteiro e Manoel
Pioneiro se afastou publicamente do prefeito de Ananindeua ainda durante a
campanha, quando o nome escolhido e anunciado na última hora por Daniel como
vice foi impugnado. Trata-se de Ed Wilson Dias e Silva, pessoa da confiança de
Daniel, mas investigado por supostas irregularidades no Iasep e que perdeu a
briga judicial para manter em seu poder no município o partido Solidariedade,
que por vias da Justiça acabou entregue a um grupo político ligado ao
governador do Pará.
Diante da derrota do Solidariedade,
quando Ed Wilson tornou-se inelegível, Erick Monteiro pensou que finalmente a
escolha recairia sobre Gisele Monteiro, nome cotado desde o início até mesmo
nas redes sociais para ser vice do prefeito Daniel que, sozinho e sem consultar
ninguém, escolheu seu antigo chefe de gabinete, Hugo Atayde, para a vaga.
Ingratidão pública
O deputado Erick Monteiro, que
renunciou à candidatura a prefeito em Capitão Poço para se dedicar de corpo
presente à campanha de Daniel, não gostou nada, e imediatamente se recolheu
junto com seu grupo, abandonando a campanha de Daniel Santos, que manteve seu
alto percentual de votos porque, de fato, é aprovado pela população de
Ananindeua.
O novo vice
E tudo indica que Erick não retornará
ao seio da “República”, agora fragilizada. O novo vice eleito de Daniel,
escolhido apenas 20 dias das eleições, é persona non grata para
o deputado Erick Monteiro, que esperava no mínimo alguma consideração da parte
de Daniel em não escolher alguém de quem Erick diverge diretamente.
Mas a escolha foi feita. Daniel
Santos trocou três apoios de nomes testados nas urnas e com eleitorado fiel por
Atayde, advogado pós-graduado em Procedimentos da Administração Pública e
que só nos quatro anos de gestão de Daniel já exerceu o cargo de secretário de
Gestão de Governo, titular da Secretaria de Trânsito e diretor de Planejamento
Estratégico que, aliás, foi o mesmo cargo de Ed Wilson anteriormente.
É o barco da política que segue -
alguns embarcando, outros pulando fora.
Papo Reto
· Afinal,
o que o pomposo IFC Amazônia, evento do ex-ministro da Pesca Altemir Gregolim (foto),
recheado de patrocínios milionários, realizado ano passado e já previsto para o
mês que vêm, no Hangar, trouxe de concreto para a pesca e a aquicultura
paraenses?
· A
pergunta vem a calhar no momento em que o Pará segue assistindo sua indústria
pesqueira, próspera no passado, derreter completamente por falta até de matéria
prima.
· Pior
ainda: o cultivo de peixes, que já deveria ter disparado no Pará pelo tanto de
rios, lagos e costa que o estado possui, patina por conta de uma legislação
equivocada e inviabilizante para a piscicultura profissional.
· Com
suporte - jamais visto - do Ibama, a Prefeitura de Mocajuba proibiu visitas ao
Mirante do Boto, ameaçando com multas pesadíssimas quem acessar aquele
tradicional ponto turístico para levar peixes aos cetáceos e gerar imagens para
as redes sociais.
· Em sua
página no Instagram, o Mirante do Boto, que conta com quase 50 mil seguidores,
publicou nota de protesto por ter sido obrigada a remover todos os conteúdos
relacionados aos animais.
· Aliás,
um internauta que publicou numa rede social, cinco anos atrás, foto em que
aparece ao lado de um jacaré abatido, na zona rural de Mocajuba, foi multado
pelo Ibama em R$ 5 mil, além de responder processo.
· Todo
cuidado é pouco: além da infuenza, a covid-19 também se alastra
entre idosos nas regiões Norte e Nordeste do País.
· Em 50
anos, a vida selvagem recuou lamentáveis 73% no mundo, diz relatório da WWF; na
América Latina e Caribe foram registradas as maiores baixas.
· A China
já possui motor movido a amônia, um combustível inovador e limpo capaz de
substituir até o hidrogênio e diminuir drasticamente as emissões.