nibus novos, nova greve. A confusão que movimentou a última semana na Grande Belém continua ‘saindo das garagens’, mas, desta vez, não estava escondida - conforme se atribui à situação da frota que começou a ser adquirida em junho do ano passado, mas só agora, sob pressão, veio a público; muito pelo contrário.
Trata-se dos cobradores, 3 mil ou mais deles, que parecem fadados a ficar a pé, com a mão no bolso, porque a ‘modernidade’ os torna ‘dispensáveis’ do serviço - e provoca a reação do combativo Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários. O risco de greve está nas ruas ou, antes, nas garagens.
Antes - e durante - de chegaram às ruas com pompa e circunstância - e depois, provavelmente -, os veículos viraram peça de resistência política, com a bandeira do ex-prefeito Edmilson Rodrigues de um lado e a da Prefeitura de Belém e do Estado - o que dá no mesmo, atualmente -, do outro. A população fica no meio, queda e muda, enquanto a caravana política passa. E ninguém se lembrou dos cobradores - aliás, se lembrou, mas apenas o suficiente, ano passado.
A “fria” dos cobradores
Como nada é tão ruim que não possa piorar, a polêmica recrudesce com a chegada dos “Geladões”, assim chamados por serem dotados - imagine - de ar-condicionado, assunto do qual se fala desde o século passado em Belém e que tornam a figura do cobrador meramente obsoleta, de ‘tão modernos’ que são. Tem um quê de derrota saber-se “dispensável” do serviço.
O reajuste da tarifa de ônibus vai a R$4,60, com meia-passagem em R$2,30, mas sem a tradicional a figura do cobrador. Em vídeo divulgado esta semana, Altair Brandão, diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários, alerta a população para uma possível greve geral do setor.
Segundo o sindicalista, a principal preocupação é com a possível demissão de mais de 3 mil cobradores, porque os novos veículos não têm assento para esses profissionais. A substituição dos cobradores, segundo Brandão, estaria sendo conduzida sem diálogo com a categoria.
Tempo e dinheiro
“O motorista vai ter que dirigir e cobrar, colocando em risco a segurança de todos. Não somos contra a modernidade, mas tudo está sendo feito na ‘marra’, sem conversa com os trabalhadores e o sindicato”, afirma. Ele destaca também que há uma convenção coletiva em vigor que proíbe a retirada dos cobradores, o que está sendo desrespeitado com a adoção do novo modelo de operação.
De acordo com Altair Brandão, caso não haja negociação, os rodoviários da região metropolitana - Belém, Ananindeua e Marituba - podem parar completamente as atividades.
Entenda o caso
Os novos ônibus não precisam de cobradores porque têm duas catracas de cada lado. São elas que liberam a passagem. O maior problema em Belém é que, ao contrário das grandes metrópoles, o transporte público ainda usa, em sua maioria, dinheiro em espécie. Nos grandes centros, as prefeituras e as concessionárias de transporte trabalham com cartões magnéticos recarregáveis, usados para pagar as passagens nas catracas eletrônicas. Quando o usuário não tem cartão, geralmente a minoria, paga ao motorista, o que é uma raridade.
O que se vê nas redes sociais, desde ontem, segunda-feira, é que as viagens ficaram mais demoradas, porque os motoristas precisam dirigir, receber a passagem, dar troco e liberar a catraca aos passageiros, o que demanda tempo e atenção.
Mais de 200 ônibus
Prefeitura de Belém, governo do Estado e o sindicato das empresas entregaram os ônibus no sábado, 13, no estacionamento do Estádio Mangueirão, em Belém. São 260 veículos, todos equipados com wifi, ar-condicionado, acessibilidade e câmeras de segurança.
A modernidade também trouxe GPS em tempo real e motor com padrão ambiental, que traz redução da emissão de poluentes. Outra inovação será ainda o lançamento de um aplicativo de monitoramento em tempo real da frota, desenvolvido em parceria com empresas operadoras, que permitirá que os passageiros acompanhem a localização em tempo real dos ônibus.
O acordo assinado em 2023, entre o ex-prefeito de Belém Edmilson Rodrigues, do Psol, a Setransbel e o governo do Estado, previa a compra de 300 ônibus. Segundo a assessoria de comunicação da Prefeitura de Belém, “os outros 40 veículos restantes chegarão nos próximos dias e até o final deste mês estarão emplacados e licenciados, à disposição da população”.
Frota renovada ...
A Prefeitura de Belém diz que deu início ao processo de modernização do sistema de transporte público da capital paraense e que toda a frota de Belém será renovada. Sobre os assuntos relacionados à distribuição de linhas e operação de trabalho, informa que é com o Setransbel, “uma vez que se trata de uma relação trabalhista na qual a prefeitura não legisla e nem tem gerência sobre”.
... mas incompleta
A organização política Coletivo Juntos, “de juventude antifascista, anticapitalista e eco socialista” de Belém está organizando, via internet, um protesto contra o aumento da passagem para R$ 4,60, que, segundo cálculo do Dieese “compromete quase 15% do salário do trabalhador belemense ao final do mês”.
Os integrantes do grupo dizem ainda que “a passagem aumenta de valor sem que todos os 300 ônibus comprados estejam rodando” e por isso, “estaremos juntos pela redução da tarifa dos ônibus, hoje, a partir das 8 horas, na Praça do República.
A Coluna Olavo Dutra pediu informações ao Setransbel sobre os cobradores, mas a entidade ainda não se pronunciou sobre o assunto.
Papo Reto
·Considerado um dos portos cujas operações são as mais infames do País, Vila do Conde apronta mais uma: embarque de carga vegetal autorizado pela diretoria da CDP, embora sem licença para tal.
·A companhia é presidida por Jardel Rodrigues (foto), preso anos atrás por supostos malfeitos em operação da Polícia Federal.
·O Porto de Vila do Conde não possui licença para operar carga vegetal, tendo, portanto, infringido a legislação e comprometendo a autoridade portuária do Pará.
·A decisão de Jardel abriu um conflito no sistema portuário. O administrador do porto, que se rebelou contra a autorização, foi afastado do cargo, mas o Ministério dos Transportes já foi acionado.
·Os advogados Marcélia Bruna e Antônio Édson Oliveira Marinho inauguraram novo escritório em Santarém, na sexta-feira, 11, reforçando a atuação jurídica na região.
·A COP30 se aproxima e a avenida Arthur Bernandes segue apresentando pontos de engarrafamento simplesmente porque 100% dos ônibus se recusam a deixar e receber passageiros nos recuos apropriados.
·A propósito do assunto: dizem que a suposta intenção dos empresários, que já estaria validada pela prefeitura, de dispensar cobradores nos novos ônibus não vai terminar bem.
·Pergunta da leitora Regiara do Nascimento sobre a nota de que o governo vai vacinar contra sarampo, caxumba e rubéola, tríplice bacteriana e HPV nas escolas: "e dos efeitos inevitáveis dessa carga massiva de mercúrio que chegará no organismo humano, quem vai cuidar?"