Vídeos registram ação de censura ao trabalho da imprensa para não expor ação do governo

Alegação da Polícia Militar de que trabalho seria "perigoso" foi derrubada por jornalistas e gerou protesto dos manifestantes.

30/09/2024 11:00

PM travou trabalho de jornalistas na manifestação contra atividade de mineradora em Belém/Fotos: Divulgação-Redes Sociais.


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egou muito mal junto às comunidades do Vale do Acará afetadas pelas atividades da mineradora Norsk Hydro a ação da Polícia Militar do Pará que cerceou o trabalho da imprensa na cobertura da manifestação de 450 famílias indígenas e quilombolas em frente à Secretaria de Meio Ambiente, em Belém. Os manifestantes reivindicavam o fim do licenciamento ambiental da mineradora, concedido pelo governo do Estado.

 

Na ação, ocorrida na terça-feira, 24, a equipe da TV Liberal foi praticamente arrancada do local, sob a justificativa de ser perigoso para os profissionais da imprensa. Já a equipe do SBT insistiu até conseguir fazer seu trabalho. Conforme os vídeos dos bastidores da ação, que chegaram à Coluna Olavo Dutra no final de semana, é possível perceber que a manifestação era pacífica por parte das comunidades. A manifestação começou pela manhã, na rua, e à tarde se estendeu ao interior do prédio, que foi ocupado por ribeirinhos, indígenas Tembé e Turiwara, além de quilombolas das comunidades da Amarqualta.

 

Protegendo a imagem

 

Na avaliação das lideranças da manifestação, o ato de retirar as equipes de imprensa foi tão somente uma censura forçada contra qualquer exposição à imagem do governo. “Foi unicamente para silenciar as vozes dos povos tradicionais do Vale do Acará, além do flagrante desrespeito à liberdade de imprensa. Nosso movimento era pacífico e a justificativa de garantir a segurança das equipes é totalmente falsa”, garantiu uma liderança.

 

Um dos vídeos mostra que a primeira equipe a ser removida das proximidades dos manifestantes foi a da TV Liberal, ainda pela manhã. Pela tarde, o mesmo movimento de cerceamento ocorreu com a equipe do SBT, onde a repórter do núcleo de rede da emissora tentou negociar de toda forma para garantir a realização do seu trabalho.

 

“Não somos criminosos”

 

Nos vídeos é possível ver e ouvir claramente o diálogo de um dos líderes junto ao agente policial, diante da repórter do SBT. “Nós não somos um perigo para ela. Ainda agora vocês levaram outra repórter (da TV Liberal) desse jeito aí. Nós não somos criminosos, não estamos armados...” dizia a liderança, cuja voz foi reforçada em coro por outros manifestantes.

 

A repórter inclusive argumenta com o policial que em outros momentos sua equipe esteve cobrindo conflitos, como a recente briga de torcidas na avenida Almirante Barroso, em Belém, e que oferecia muito mais perigo, mas ainda assim a equipe não foi impedida de fazer a cobertura. A repórter ainda tenta negociar, dizendo que todos vão colocar os coletes, que são os equipamentos de segurança individuais, mas o policial se mostra irredutível.

 

Permissão sob pressão

 

O líder comunitário reforça que o movimento não é armado, e que as únicas armas que poderiam ser disparadas ali seriam as da própria PM. “O único perigo de arma que pode acontecer aqui é vocês dispararem na nossa direção, porque nós não temos armas; estamos aqui pra chamar a atenção das autoridades para os problemas ambientais que vivemos”, disse a liderança ao policial e à equipe de imprensa.

 

Somente com muita pressão da comunidade, e a informação reforçada ao policial de que ele estava claramente impedindo o trabalho da imprensa, a repórter conseguiu permissão para gravar as falas que precisava, sob aplausos da comunidade, que de fato só queria falar das suas dores.

 

Entusiasta da COP30

 

As populações tradicionais denunciam o governo Helder Barbalho, grande entusiasta da COP30 que, no mesmo período, participava do evento Casa Amazônia, em Nova York, de vender a falsa imagem de apoiador do desenvolvimento sustentável, da preservação da fauna, flora e dos povos amazônicos. “Esse é o mesmo governo que permitiu que uma empresa opere instalando minerodutos dentro de territórios ancestrais, sem consulta prévia, colocando em risco o modo de vida das nossas populações, que são guardiãs seculares do meio ambiente no Vale do Acará”, afirmou outra liderança.

 

Sindicato denuncia

 

A censura ao trabalho da imprensa só não foi total por conta da insistência da equipe do SBT, mas a TV Liberal não conseguiu fazer a reportagem.  A situação foi denunciada pelo Sindicato de Jornalistas do Pará e pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) sobre a ação policial, que entre outras legislações fere o artigo 5º da Constituição Federal, que assegura a liberdade de comunicação, assim como o artigo 220º, que garante a todo veículo de comunicação o desenvolvimento do trabalho sem qualquer restrição. A entidade também prometeu cobrar explicações ao governo do Estado.

 

Em Paragominas, grupo
Portal pede recuperação
judicial e acende sinal
amarelo no agronegócio
 

Com uma dívida acumulada de R$ 700 milhões, o grupo Portal Agro, que comercializa insumos agrícolas e opera na região de Paragominas, região nordeste no Pará, recorreu à Justiça pedindo recuperação judicial. O pedido foi feito na última quarta-feira, uma semana depois que outra distribuidora de insumos agrícolas, a Agrogalaxy, recorreu à mesma providência para se proteger contra os credores.

 

O processo aponta como causa para a situação patrimonial do grupo a “crise no agronegócio brasileiro, caracterizada pela alta dos preços dos insumos e pela subsequente queda dos preços das commodities, resultando em prejuízos às empresas e sócios”.


 A alegação do grupo é de que teria sido surpreendido pela queda dos preços das commodities, devido ao aumento  dos estoques internacionais de grãos e ao subsequente aumento dos custos, resultando em “péssima  rentabilidade”. 


O processo, ajuizado por Agenor Andrade, titular da 2ª Vara Cível e Empresarial de Paragominas, determinou a suspensão de execuções e a proibição de qualquer forma de retenção, arresto, penhora, sequestro, busca e apreensão, e constrição judicial e extrajudicial sobre os bens da companhia por 45 dias.

 

Quebradeira no campo

 

O sinal amarelo está ligado ao segmento do agronegócio no Pará, e enfrenta momento sombrio. No último dia 4, a empresa Portal teria iniciado uma série de demissões de funcionários em Paragominas e nas unidades compostas de escritórios e armazéns em Dom Eliseu, Rondon do Pará e Tailândia.

 

A empresa enfrenta problemas de endividamento financeiro contínuo e inadimplência de clientes. O grupo é composto de fazendas, lojas e representação de insumos agropecuários e silos de armazenamento de grãos. Os proprietários do grupo Portal são os irmãos Gilberto e Gilson Marachim.

 

Safra comprometida

 

Segundo fontes da Coluna Olavo Dutra na região, a situação representa um duro golpe no agronegócio. A importância de uma empresa como a Portal é relevante para agricultores, uma vez que financia a safra de centenas de produtores fornecendo sementes, adubos, fertilizantes e produtos químicos que viabilizam a atividade.



 

 

 

 

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