De Bonn, Alemanha: "Logística da COP30 é uma bomba relógio pronta para explodir"

Falta de infraestrutura, espaços e informações preocupam delegações internacionais a menos de 150 dias da conferência.

23/06/2025, 08:00

Delegação brasileira foi duramente cobrada na Alemanha por representantes de países sobre os atrasos e lacunas na organização do evento, em novembro/Fotos: Divulgação-Redes Sociais.


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em exageros - e não custa repetir -, o Brasil passou de anfitrião simpático e acolhedor a saco de pancadas na conferência que reuniu líderes mundiais em Bonn, Alemanha, na última semana. Com preços exorbitantes de hospedagem e sem a plataforma oficial prometida, o governo federal ouviu um recado uníssono de países desenvolvidos e em desenvolvimento durante a conferência preparatória da ONU para o clima: “Do jeito que está, não dá”.

Nos bastidores do evento, a delegação brasileira foi cobrada por representantes de diversos países sobre os atrasos e lacunas na organização da COP30, marcada para novembro de 2025, em Belém do Pará.

Em vídeo publicado nas redes sociais, Cláudio Ângelo, representante da ONG Observatório do Clima, relatou a situação diretamente de Bonn, onde acompanhou ao vivo a saia justa enfrentada pelo Brasil. Segundo ele, o cenário é de forte preocupação entre as delegações internacionais.

Apreensão de sobra

O cenário gera apreensão, uma vez que faltam menos de 150 dias para a abertura oficial da COP30. “O Brasil precisa entender que a COP não é só sua. É do mundo”, destaca uma das críticas ouvidas pelo Observatório do Clima. 

A COP30 deverá reunir chefes de Estado, ministros, diplomatas, cientistas, empresários e representantes da sociedade civil de mais de 190 países. Diante desse quadro, cresce a pressão internacional para que o Brasil acelere os preparativos e garanta as condições necessárias para uma realização segura e eficiente da conferência.

Outro ponto de alerta levantado nos bastidores da ONU refere-se aos custos: faltando cinco meses para a conferência, as delegações ainda não têm onde ficar - e muito menos como pagar o que está sendo cobrado atualmente. Se nada mudar, a COP30 corre o risco de fracassar antes mesmo de começar.

Pontos de dúvidas 

De acordo com as informações divulgadas pelo Observatório do Clima, entre as principais queixas manifestadas em Bonn pelas delegações estrangeiras estão: falta de infraestrutura hoteleira adequada para receber a conferência; ausência de espaços preparados para a realização do evento; inexistência de um plano de mobilidade urbana para os participantes; e escassez de informações práticas e logísticas para as delegações que deverão viajar à capital paraense.

Acordo nasce esvaziado

Como parte das medidas para tentar garantir hospedagem adequada, o governo federal firmou há duas  semanas ”termo de compromisso de boas práticas” com o setor imobiliário da Região Metropolitana de Belém”. Porém, o acordo - de adesão voluntária - já nasceu esvaziado: apenas sete imobiliárias locais assinaram o documento.

O termo prevê que as empresas se comprometam com contratos transparentes, preços justos e a retirada de anúncios com sobrepreço. A proposta tenta conter abusos no aluguel por temporada, que disparou em Belém com o anúncio da COP30: de cerca de 700 imóveis cadastrados em 2023, o mercado saltou para mais de 25 mil em 2025. O baixo número de adesões acendeu um alerta: sem maior participação do setor, o impacto prático do acordo pode ser limitado.

Imposições e tensão

Enquanto tenta atrair adesões no mercado imobiliário, o governo federal impôs novas exigências aos hotéis de Belém - e gerou forte tensão no setor. Em despacho assinado pelo Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor, os hotéis foram intimados a responder, em apenas cinco dias, a um extenso questionário de mais de 40 itens, incluindo justificativas para aumentos de tarifas e documentos comprobatórios dos preços praticados nos últimos cinco anos.

A medida foi recebida como uma quebra no diálogo que vinha sendo construído ao longo de reuniões entre empresários e o governo. O setor alega que, com menos de seis meses para a COP30, está sendo pressionado de forma unilateral, sem reconhecimento das limitações locais.

Nem porto, nem nada

Além disso, a tão prometida plataforma oficial de hospedagem, a cargo da empresa Bnetwork, segue inativa - o inventário da rede hoteleira ainda não foi concluído. Soma-se a isso a incerteza sobre o uso do Porto de Outeiro para receber navios de cruzeiro, pois as obras estruturais sequer começaram.

Com escassez histórica de leitos - a menor já registrada por uma cidade-sede de COP - e sem solução logística clara, as lideranças do setor turístico alertam: a crise de hospedagem ameaça comprometer o maior evento climático do mundo.

Papo Reto

“O maior comitê eleitoral do Brasil funciona em Belém”, dizem alguns funcionários considerados “desalinhados” da gestão - das gestões, melhor dizendo. 

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Só que, agora, o chefe do comitê é o ex-prefeito de Ananindeua Manoel Pioneiro (foto), tucano do papo amarelo que ocupa o ninho do MDB.

•Mais um nome entra na bolsa de apostas para comandar a Secretaria de Educação. Nos corredores do Palácio do Governo a conversa aponta para o engenheiro civil Arnaldo Dopazo, atual Presidente da Fundação de Apoio para o Desenvolvimento da Educação Paraense. 

Para tentar barrar a derrubada do IOF no Congresso, o governo liberou a toque de caixa R$ 776 milhões em emendas a deputados e senadores, prática que, em outros governos, a esquerda sempre demonizou.

•Aliás, o governo refaz contas e vê custo de meio trilhão para isentar contas de luz até 2040, confirmam técnicos da Esplanada dos Ministérios.

Bondade, irresponsabilidade fiscal ou mera tara indomável por votos? Façam suas apostas.

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