Terrabrasilis aponta que em cinco anos focos de queimadas no Pará aumentaram mais de 35%

Crise ambiental se instala no Pará a pouco mais um ano da COP30 e Estado aparece na liderança do ranking nacional.

25/09/2024 11:00
Terrabrasilis aponta que em cinco anos focos de queimadas no Pará aumentaram mais de 35%
A

 

o contrário dos números registrados em outras áreas governamentais, onde o governo do Estado detém o controle absoluto da gestão, mas raramente disponibiliza acesso, a plataforma geográfica TerraBrasilis permite que o cidadão confira a situação do desmatamento e focos de queimadas nos biomas nacionais.


Números divulgados pela plataforma impressionam, mas a crise ambiental no Estado às vésperas do evento da ONU vai além do que parece ser/Fotos: Divulgação.

A Terrabrasilis é desenvolvida pelo Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais, o Inpe, para organização, acesso e uso através de um portal web dos dados geográficos produzidos pelos seus programas de monitoramento ambiental, cuja transparência dos números mostra o quanto é grave a situação ambiental no Pará a um ano da COP30, em Belém.


Situação desconfortável

E os números de focos de queimadas por Estado da Amazônia Legal nos últimos cinco anos impressionam, se observados de agosto de 2019 a agosto deste ano. Dados da Terrabrasilis apontam nada mais, nada menos do que 188.215 de focos no Pará, representando 35,8% do total de focos registrados na região, o que coloca o Estado na desconfortável liderança nacional em focos de queimadas no período de cinco anos.


Perguntar não ofende

Para se ter uma ideia, o Estado do Amazonas, na segunda posição, tem simplesmente a metade dos focos de incêndio na comparação com o Pará - precisamente 97.768 focos. Não bastasse, em 22 dias de setembro, já foram identificados cerca de 16 mil focos de queimadas, número maior que o mês inteiro de agosto, quando foram registrados 13.803 focos.

Diante dessa calamidade ambiental, a pergunta é: como essa situação perdurou nos últimos anos sem uma ação mais efetiva da área ambiental do governo do Estado? A culpa seria do ex-secretário Mauro Ó de Almeida, exonerado do cargo dias atrás? Decididamente, não.

 

Fogo da vaidade

 

A exoneração do procurador autárquico Mauro Ó de Almeida, seguramente um dos mais qualificados do governo, tem mais a ver com outra fogueira - a da vaidade - do que com queimadas - mas essa história já foi contada na rede social.

 

A promessa do governo de criar uma Secretaria Extraordinária de Assuntos Climáticos para entregar a Mauro Ó de Almeida pelo governador como mais um instrumento visando a COP30 também parece ter virado fumaça, tanto que Helder viajou sem ele para os Estados Unidos, provavelmente porque não gostou de experiências anteriores na sua companhia em outros encontros internacionais.  A Mauro Ó de Almeida deve restar um cargo federal, também visando o evento da ONU, mas não indicado pelo governador, e sim pelo governo Lula.  

 

Especialistas avaliam

 

Ambientalistas ouvidos pela Coluna Olavo Dutra avaliam que o governo do Pará, através da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade, “aparentemente teria concentrado o acompanhamento dos focos de queimadas mais na classe de desmatamento recente”, onde foram identificados 24.361 focos, deixando de acompanhar de forma mais sistemática “as classes de desmatamentos consolidado e de vegetação primária” que, juntas, foram responsáveis por 141.625 focos, correspondentes a 75,3% do total de focos registrado.


Além disso, na visão dos especialistas, o Pará não soube utilizar ou simplesmente negligenciou o uso das ferramentas tecnológicas do seu Centro Integrado de Monitoramento Ambiental, cuja estrutura, com imagens de satélite e radar, teriam permitido a identificação e a imediata atuação no sentido de coibir muitos desses focos, principalmente os de origem criminosa. 

 

Nem olhos, nem satélite

 

Nesse cenário ardente, os municípios de São Félix do Xingu e Altamira lideram nos focos de queimada, sugerindo que se trata de uma região que nem os olhos, nem os satélites disponibilizados ao Estado alcançam.

 

Papo Reto

 

· O Detran encerra a Semana Nacional de Trânsito, hoje, comemorando os números da redução de acidentes envolvendo pedestres de 2016 a 2023 no percentual de 123%. Neste período, a frota aumentou 42% no Pará.

 

· O deputado estadual Zeca Pirão (foto), que sofreu um infarto e se submeteu a uma angioplastia em um hospital particular da cidade, passa bem. Pirão recebeu dois stents para desobstruir as artérias do coração.

 

· Desde agosto, cerca de 220 pessoas foram detidas por incêndios criminosos: Minas prendeu 76; Rondônia 42; Goiás 31; São Paulo 26; Mato Grosso 20; Espírito Santo e Distrito Federal 8; Rio de Janeiro 5; Pará 4 e Paraná apenas 1 pessoa.

 

·  As queimadas se alastram pelo País e, acredite, até o presidente Lula já declarou não ter mais dúvida sobre as motivações criminosas dos atos.

 

· As ocorrências com fogo, curiosamente, como jamais visto, este ano, passaram a afetar muitas grandes propriedades produtivas, como que, dizem alguns, tentando inviabilizar o setor que mais cresce e distribui riquezas no Brasil, o agro.

 

· Finalmente, a Anatel editou medidas que prometem combater fraudes e golpes telefônicos, cada vez mais corriqueiros na vida das pessoas. 

 

· Quem conhece o ímpeto das duas autoridades sabe que a cavalaria do “deixa disso", pilotada, dizem, pelo chefe da Casa Civil, precisará usar de muita energia nos próximos capítulos da série.

 

· Cresce a olhos vistos no Brasil o número de exilados que fogem de perseguição judicial.

 

· No rol das pessoas que já se mandaram do País alegando fuga da "caça" do STF, figuram jornalistas, influenciadores digitais e até uma juíza, todos críticos ácidos dos ministros da corte suprema.

 

Mais matérias OLAVO DUTRA