Sobre a cascata artificial da Granja do Torto e “a exuberância que une Collor e Janja”

Reproduzo publicações de “O Antagonista-Crusoé” e Ricardo Kertzman acerca da polêmica envolvendo a Granja do Torto.

27/11/2024 09:10
Sobre a cascata artificial da Granja do Torto e “a exuberância que une Collor e Janja”
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Ministério da Casa Civil tentou justificar a nova cascata artificial da Granja do Torto, apresentada pela primeira-dama Janja nas redes sociais no domingo, 24, mas não informou quanto custou a obra na casa de campo da Presidência da República.


Primeira-dama Janja da Silva apresentou a reforma avaliada em R$ 20 milhões e remete à Casa da Dinda, no governo Collor/Fotos-Divulgação.

Ao jornal “Estadão”, a pasta chefiada por Rui Costa afirmou, por meio de nota, que a “manutenção predial corretiva e preventiva de caráter contínuo, adequações, recuperação, reparos e revitalizações da Granja do Torto, o que inclui as áreas interna e externa, como jardins, espelhos d’água e fontes, por meio de contratos já realizados de manutenção predial e serviços comuns de engenharia da Presidência da República.”

“Por abrigar animais silvestres como jabutis, a Residência Oficial da Granja do Torto é classificada como um criadouro conservacionista. Dessa forma, o espelho d’água da Residência, que estava desativado, faz parte do complexo espelho d’água/recinto dos jabutis. Assim, a reativação do espelho d’água foi realizada no mesmo conjunto da revitalização do recinto dos jabutis, uma vez que o recinto desses animais necessita de tanque ou lago.”


“[A] revitalização do espelho d’água remontou ao seu contexto original que é a presença de peixes em seu corpo hídrico e a queda d’água promove agitação e movimentação do leito, com ampliação da superfície de contato água/ar, e, por consequente, oxigenação da água como fundamental para a função vital para os peixes e o microssistema espelho d’água/recinto dos jabutis.”


Apesar da justificativa, a pasta não disse quanto a obra custou aos cofres públicos.


A reforma da Janja

Com 37 hectares, a Granja do Torto serviu como residência oficial do ex-ministro da Economia Paulo Guedes entre 2019 e 2022, período correspondente ao governo Bolsonaro. Desde 2023, a casa de veraneio da Presidência da República tem passado por uma reforma.


Em março de 2024, o governo Lula abriu uma licitação de R$ 20 milhões para a realização de reparos nos imóveis oficiais da Presidência da República.
Além do Palácio do Planalto, as obras incluem o Palácio da Alvorada, a Granja do Torto, o Palácio Jaburu e 80 imóveis funcionais.


A exuberância que une
Collor a Janja. Com
nossa grana, claro

Por Ricardo Kertzman | O Antagonista

Aguardo sentado, pois de pé irei cansar, o cumprimento da sentença do ex-presidente Fernando Collor de Mello, condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a oito anos e 10 meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro em um esquema criminoso envolvendo a antiga BR Distribuidora, hoje privatizada (Vibra Energia).


Eleito presidente da República em 1990, Collor renunciou ao cargo em meio a um processo de impeachment dois anos depois. Dentre tantos enroscos judiciais e polêmicas políticas, ficou famosa, à época, a Casa da Dinda, mansão em que vivia o “caçador de marajás” cujos jardins foram supostamente reformados com dinheiro ilegal.


A suspeita era de que havia superfaturamento nas obras faraônicas, que custaram aproximadamente US$ 2,5 milhões - algo como mais de US$ 5 milhões atualmente - possivelmente custeadas por um esquema de empresas fantasmas do então ex-tesoureiro de campanha Paulo Cesar Farias (PC Farias).


Tudo sempre igual

Gosto muito de citar o filme Groundhog Day (“O feitiço do Tempo”), de 1993, com os excelentes Bill Murray e Andie MacDowell, quando falo da espécie de looping atemporal em que o Brasil se mantém aprisionado. No filme, o protagonista (Murray) adormece e acorda sempre no mesmo dia - o tempo, para ele, nunca passa.


Observando a história recente do País - após a redemocratização, para não ir muito longe -, a impressão que tenho é a mesma: estamos aprisionados no mesmo modus operandi de décadas atrás, mantendo-nos em constante estado de subdesenvolvimento social e econômico, e completas miséria política e institucional.


Se Collor acaba de ser condenado, o que não foi anteriormente - sim, a impunidade dos poderosos faz parte deste looping atemporal -, lembrando-nos do fim do Século XX, a atual primeira-dama, ela mesma esposa de um ex-presidiário também condenado por corrupção e lavagem de dinheiro, nos remete igualmente ao passado.


Com o bolso alheio

Circularam ontem, segunda-feira, 25, imagens da nova cascata da Granja do Torto, “residência de campo” da Presidência da República. Na boa, não sei o que é mais ultrajante: se a cascata paradisíaca ou a existência de uma “casa de campo” em Brasília, como se ainda vivêssemos sob o Império Português e seus palácios.


Não é apenas ultrajante e desnecessário a um País com IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) tão baixo - 0,760, que nos coloca na vexatória 89º posição entre 193 nações - este tipo de “mimo”. É brega! Coisa de “novo rico” deslumbrado. E aqui, note-se, a culpa não é de Lula e de Janja apenas. É da “corte” ainda instalada na ilha da fantasia federal.


O Ministério da Casa Civil não informou o valor gasto na já apelidada “cascata da Janja”. Mas a primeira-dama não costuma economizar o dinheiro dos pobres - que o maridão jura amar e defender. Que digam as reformas palacianas e as viagens internacionais da todo-poderosa “boca suja”, que mandou Elon Musk “se foder”. Mas dos jardins da Dinda à cascata de Lula e Janja, quem se fuck mesmo, como já escrevi aqui, é o Brasil.


Papo Reto

·A imprensa de Belém que conhece o “caminho das pedras” esteve lá, lépida e fagueira, na coletiva e no show de Alok (foto), com direito a camarote, ainda que apertado. Outros, menos favorecidos, ficaram de fora.


·Na coletiva, foi tudo bem, mas, depois, os coleguinhas foram  embarcados em uma van, só com o motorista, para o Mangueirão, pela Augusto Montenegro, onde desembarcaram no meio da multidão.


· A van sumiu e os jornalistas tiveram que seguir a pé, carregados de equipamentos. Que show de Alok foi esse?!


·Até dia 9 de janeiro, a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico quer ouvir a população sobre as mudanças que o governo pretende fazer na política que define os procedimentos de cobrança pela captação direta de água nos mananciais do País, lançamento de efluentes e transposição de bacia.


· Os candidatos reintegrados por decisão judicial no Concurso Nacional Unificado podem acessar as notas das provas desde segunda-feira.


·   Detalhe: o resultado preliminar da avaliação de títulos será divulgado em 15 de janeiro e, por fim, no dia 11 de fevereiro de 2025, será apresentado o resultado dos pedidos de revisão das notas da avaliação de títulos.


· Da série se a inveja matasse: Santa Catarina ingressou na condição de pleno emprego ao registrar a menor taxa de desemprego em dez anos, 2,8%.


· Não é à toa que tantos paraenses, tidos como os brasileiros que menos migram no País, pegaram o rumo de lá para trabalhar.


·Os custos da ingestão de ultraprocessados e álcool ao SUS atingem a inimaginável cifra de R$ 28 bilhões por ano.


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