ecididamente, o Brasil se tornou um País dividido - pelo menos no que se refere a privilégios. O pobre mortal trabalhador, por exemplo, quando bate às portas da Justiça do Trabalho, tem um prazo prescricional de cinco anos após o término do contrato de trabalho para reclamar verbas devidas da empresa, a chamada prescrição quinquenal. Explica-se: a partir desse período, o direito perece, valendo o mesmo para muitos outros brasileiros - menos para alguns privilegiados, como os conselheiros do Tribunal de Contas do Pará, o TCE, que conseguiram a proeza de dar ‘elasticidade’ ao direito milionário de buscar o dobro do tempo dados aos mortais comuns, os trabalhadores: dez anos retroativos, aproveitando o gordo repasse do Executivo estadual por obrigação constitucional.
Dinheiro na mão
O Siafem, sistema integrado de
administração desenvolvido pelo governo federal para controlar e processar a
execução financeira, orçamentária, contábil e patrimonial dos Estados e
municípios aponta que o TCE tem disponíveis para gastar no que bem entender,
como e quando quiser a bagatela de R$ 111.373.578,90 - cento e onze milhões,
trezentos e setenta e três mil, quinhentos e setenta e oito reais e noventa
centavos -, valor contabilizado até o mês de outubro deste ano, faltando entrar
nos cofres do Tribunal os repasses correspondentes a novembro e dezembro.
“Primeiro os meus”
Fazendo jus ao infame ditado “Mateus,
primeiro os meus”, a prioridade da corte de contas, sob a gestão Rosa Egídia, é
pagar os conselheiros e auditores na ativa, auditores e conselheiros
aposentados e - pasme: acredite se quiser - as viúvas e os filhos dos falecidos
conselheiros e auditores, sem qualquer processo de inventário, as primeiras,
porque estão na condição de pensionistas e os filhos, porque fustigam
diariamente para saber a quantas anda o benefício da viúva e mãe de cujo
quinhão participam.
Cesta de Natal
O “Papai Noel”, por assim dizer,
atende pelos apelidos de Projeto de Lei 514/2024 e Projeto de Lei 515/2024,
ambos de interesse do TCE, aprovados pelos nobres deputados estaduais - e se
ainda não foi, será. A pomposa e gorda proposta visa
conceder aos conselheiros titulares e substitutos uma gratificação de acúmulo
de acervo que corresponderá a 1/3 de seus subsídios e poderá ‘retroagir 10
anos’. A cesta de Natal deixará cada conselheiro R$ 1,5 milhão mais rico
antes do Ano Novo.
Fazer o quê?
Certamente, como manda a regra, os
aquinhoados devem se apressar a alegar que a decisão vem do Supremo Tribunal
Federal para a magistratura e coisa e tal, sem discutir o mérito, e sim, os
privilégios de uns em detrimento da maioria.
Moral da história
Caso clássico: não é ilegal, mas é
imoral e...engorda.
Papo Reto
· O Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia do Pará, Campus Belém, participa do encontro
Engenheiros Brasil 2024, que acontece no Rio Grande do Norte.
· O diretor-geral do Instituto,
professor Hélio Almeida, já trabalha para promover a versão 2025 do evento em
Belém, no embalo da COP30.
· Ausente da capital, Hélio
Almeida não pode recepcionar a visita do ministro do Turismo, Celso
Sabino (foto), às instalações do Instituto, no último sábado,
Sabino foi recebido pelo vice-diretor, professor Laércio Gomes.
· Operação da Polícia Federal
retirou mais um grupo de ocupantes da Terra Indígena Munduruku, nos municípios
de Jacareacanga e Itaituba, no Pará.
· Desde ontem, passageiros da
Gol e da Latam precisam se adaptar aos novos limites de peso e tarifas
diferenciadas de bagagens em voos nacionais e internacionais.
· Parece que as "queimadas
em conta-gotas" se consolidaram de vez como ferramenta implacável para
substituir a cobertura vegetal nativa por gigantescos plantios de palma e grãos
no estirão da PA-150.
· Isso faz sentido na medida em
que a fumaça toma conta de Moju, Tailândia e Goianésia, região onde, como a lei
virou potoca, estão queimando tudo e adoecendo a população.
· Com o vigor do agro, o Brasil
está prestes a superar os Estados Unidos e se tornar líder mundial em
exportações agropecuárias.
· Com a safra recorde prevista
para 2025, o Ministério da Agricultura projeta exportações na casa dos US$ 180
bilhões contra US$ 169,5 bilhões dos americanos. Imagina se o governo tivesse
boa vontade com o setor.