ob uma chuva no melhor estilo amazônico, o presidente Lula da Silva participou da cerimônia de entrega de unidades habitacionais do programa “Minha Casa, Minha Vida” no Residencial Viver Outeiro, distrito que é um dos mais populosos da Região das Ilhas de Belém. Com a palavra por mais de uma hora, Lula falou para os beneficiários do programa depois de visitar as obras, em um caminho estrategicamente organizado para que, ao visitar o prédio, ele não tivesse a dimensão das dificuldades no entorno do empreendimento.
A começar pela própria obra física. Embora o ministro das Cidades, Jader Filho, tenha celebrado a retomada das obras iniciadas em 2014, as unidades carecem de acabamento por dentro e por fora, isto é, o condomínio está longe da urbanização mínima para evitar alagamentos como o que ocorreu durante a chuva de ontem, um clássico ‘toró’.
Faltando acabamento
Vídeos não faltam nas redes sociais mostrando as precárias condições do entorno da obra, um projeto habitacional enquadrado na Faixa 1 do programa que beneficia diretamente cerca de 5 mil pessoas.
Sem se importar com os ‘pormenores’, Lula também celebrou o momento como um marco para a política habitacional do País. “Eu já fiz muita coisa na minha vida: já viajei muito o mundo, já lancei muitos programas de governo, mas cada vez que participo de um ato e o que está em jogo é a entrega de uma casa, parece que foi a primeira vez. E eu, assim como vocês, sei o que é a emoção de entrar na nossa casa própria”, disse ele entre os muitos momentos em que citou trechos da própria vida.
Agenda no Norte
Para inaugurar o conjunto de prédios Lula chegou a Belém direto de uma agenda em Macapá, onde participou da cerimônia de celebração da doação da Área de Patrimônio da União Gleba Cumaú (Área J) ao governo do Estado do Amapá, e do anúncio da entrega de outra obra residencial, o Conjunto Habitacional Nelson dos Anjos.
A comitiva de Lula estava com grande parte da cúpula da Esplanada dos Ministérios. Os ministros Jader Filho (Cidades); Rui Costa (Casa Civil); Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos); Celso Sabino (Turismo), Camilo Santana (Educação), Esther Dweck (Gestão e Inovação); Waldez Góes (Integração e do Desenvolvimento Regional); Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar) estavam na comitiva inicial que logo foi engrossada por Marina Silva (Meio Ambiente) e Aniele Franco (Igualdade racial).
Comunicação para quem?
Outro nome chamou a atenção na comitiva do presidente Lula. O novo ministro da Comunicação da Presidência, Sidônio Palmeira, que substituiu Paulo Pimenta. E chamou a atenção porque a estratégia de colocar Lula no máximo possível de entrevistas com a imprensa pode estar dando certo, mas a forma de tratar essa mesma imprensa nos eventos da Presidência da República só tem piorado.
Nos bastidores, comenta-se que os profissionais são sempre recolhidos ao “cercadinho Stuckert”, que é o quadrado onde o fotógrafo oficial de Lula, Ricardo Stuckert, relega os profissionais, prejudicando sobretudo os de imagem, e isso inclui os novos formatos, registrados com uso de celular para as redes sociais.
Alheio a quase tudo
E assim, enquanto os profissionais de imprensa eram mantidos ao máximo de distância possível, Sidônio Palmeira andava de um lado para outro do palco aparentemente alheio ao movimento, inclusive de uma de suas coordenadoras, Tatiana Sottili, que constrangeu publicamente uma jornalista ameaçando tirá-la com o uso da força dos seguranças do local no qual ela ousou extrapolar as grades do cercado, como vários outros profissionais da imprensa fizeram depois.
A jornalista relatou à Coluna Olavo Dutra que embora a área destinada à imprensa fosse visualmente distante para pequenas gravações em vídeo para redes sociais, por exemplo, foi estranho o fato da proibição de impedir a permanência dos profissionais em outras áreas fora do que foi destinado às autoridades.
“Uma coisa é não permitir que jornalistas subissem ao palanque; outra é ameaçar e retirar um jornalista de uma área comum dentro do evento. Essa pessoa que se diz jornalista e estranhamente tem um cargo de ‘coordenadora de atendimento à imprensa’ parece não conhecer sequer os princípios básicos do direito constitucional de ir e vir. Ainda que eu não fosse uma jornalista credenciada pela Secom da Presidência, como cidadã, tinha o direito de estar ali onde estava, naquele espaço público, de onde a tal coordenadora me ameaçou de chamar alguém para que eu fosse convidada a me retirar do local. É no mínimo lamentável vindo da comunicação do presidente do País”, afirmou.
Fingindo costume
Na mesma semana, a mesma jornalista do Pará relatou que havia participado em Brasília do encontro dos novos prefeitos, onde a Secom da Presidência se comportou da mesma forma. “Os jornalistas ficaram em um cercado, distantes de qualquer possibilidade de entrevistar um prefeito que fosse, em uma cerimônia que durou mais de duas horas e em que não havia sequer uma água para os trabalhadores da imprensa. Um descaso que está virando rotina e ninguém diz nada, parece que estamos normalizando a humilhação no exercício das nossas atividades”, reforçou ela.
Viver Outeiro é assim
Entre secos e molhados pela chuva, o Residencial Viver Outeiro foi entregue quase acabado. Depois de quase dez anos de paralisação, as obras foram retomadas em 2023, sob a gestão do ministro Jader Filho. O residencial comporta 1.008 apartamentos de 43,85 metros quadrados. Cada unidade possui sala, dois quartos, banheiro, cozinha e área de serviço, projetados para atender famílias com renda bruta de até R$ 2.850. O residencial também oferta 31 unidades adaptadas para pessoas com deficiência, e outras 221 unidades adaptáveis no futuro.
Agenda extensa
A agenda de Lula em Belém segue hoje com visita às obras do Parque da Cidade, espaço que sediará a programação da COP30, seguida de uma cerimônia de divulgação dos investimentos do governo federal para a COP30 e seu legado, no Mercado São Brás. À tarde, o presidente viaja a Parauapebas, no sudeste do Pará, onde participa de um ato de anúncio de investimentos da Vale na região.
Papo Reto
·Quem não lembra da poderosa Amat Carajás, tradicional associação de municípios fundada em 1977, que chegou a deter a representatividade de nada menos do que 39 cidades do sul e sudeste do Pará?
·Pois é. Dizem que a desfiliação - a pedido - de Marabá, Canaã e Eldorado dos Carajás, Tucuruí, Brejo Grande do Araguaia, Curionópolis e Breu Branco foi a senha para a insolvência da associação.
·Segundo o Blog do Zé Dudu, se venderem a sede da associação, na avenida Gentil Bittencourt, não conseguirão pagar a dívida contraída pela gestão dos últimos quatro anos.
·Segundo o estatuto da associação, o dia 25 de março é a data limite para a eleição da nova diretoria, mas o imbróglio persiste.
·Diz uma graduada fonte do Palácio dos Despachos que o governador Helder Barbalho (foto) tem fugido de um certo ex-prefeito do sudeste do Pará como o diabo foge da cruz.
·As diretorias de Sport Recife, Náutico e Santa Cruz romperam com as ditas torcidas organizadas e comunicaram ao MP
·Elas estão proibidas de entrar em seus estádios e sedes e não receberão mais gratuidade. Seria bom isso se alastrar por todo o Brasil.
·Nícolas foi direto ao ponto ao criticar as condições do gramado do Estádio Diogão, em Bragança. O prefeito Mário Júnior esteve no campo e presenciou os protestos.
·Aliás, o alcaide deveria se inspirar no prefeito de Augusto Corrêa, que já entregou à cidade um estádio razoavelmente bem equipado.
·O que de fato terá rolado para que a plataforma de vídeos Rumble fosse reativada no Brasil, depois de mais de um ano fora do ar fugindo da censura?