Justiça Federal impõe censura à UFPA em defesa de professora emérita alvo de protesto

Jane Beltrão afirma que ação contra supostas irregularidades cometidas na condução do curso de Antropologia atropelou os procedimentos internos de apuração de denúncias.

06/03/2025, 08:15

Jane Beltrão recorreu à Justiça Federal contra a Universidade que lhe conferiu, na gestão anterior, o título de professora emérita/Fotos: Divulgação-Redes Sociais.


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m uma quinta-feira do final de fevereiro, duas manifestações de estudantes - uma no hall da Reitoria e outra na sede do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas -, reacenderam os protestos contra a professora Jane Beltrão, do curso de Antropologia da UFPA, em Belém.

Os protestos começaram com denúncias publicadas em nota de repúdio no perfil do Instagram do Programa de Pós-graduação em Antropologia, datada de 14 de janeiro deste ano, atribuindo práticas supostamente irregulares à professora na condução do curso. O documento foi assinado pela Associação dos Povos Indígenas Estudantes, Grupo de Discentes do Programa de Pós-graduação em Antropologia, Associação dos Discentes Quilombolas e Coletivo de Mulheres Indígenas Caruanas.

Censura federal

A professora reagiu à nota e às manifestações de protesto. Ato contínuo, apesar de se autodeclarar “democrata”, Jane Beltrão ingressou na Justiça Federal com uma ação ordinária contra a Universidade, obtendo um agravo de instrumento em razão da publicação da nota de repúdio contra sua atuação acadêmica: acusação de práticas discriminatórias e racistas na disciplina "Métodos e Técnicas de Investigação Antropológica", ministrada no segundo semestre de 2024. O processo tem o número 1006562-66.2025.4.01.0000.


O desembargador federal Alexandre Jorge Fontes Laranjeira, da 12ª Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, concedeu a tutela antecipada no dia 25 de fevereiro determinando a remoção da publicação em 24 horas dos conteúdos relacionados à professora veiculados em canais oficiais de comunicação, site institucional do programa, redes sociais oficiais e demais plataformas digitais.

Multa de até R$ 20 mil 

O desembargador determinou ainda que a UFPA procedesse à imediata remoção da nota de repúdio dos canais oficiais da instituição, incluindo site institucional e redes sociais, bem como se abstenha de realizar novas publicações referentes a Jane Beltrão, sob pena de multa diária de R$ 2 mil, limitada ao montante total de R$ 20 mil - e mandou comunicar a prioridade da medida e a adoção das providências necessárias ao cumprimento da decisão de imediato.

Ataque e defesa 

A professora Jane Beltrão alega que ajuizou a ação contra a UFPA porque estava em uma reunião do colegiado do programa quando foi surpreendida com a leitura da nota de repúdio e a votação para a publicação nas redes sociais oficiais sem ser ouvida previamente ou notificada. Segundo ela, o programa tomou como verdadeiras as acusações dos estudantes, sem instaurar nenhum procedimento interno de investigação. 

A ação, portanto, visava a remoção imediata da nota dos canais oficiais da Universidade e impedir novas manifestações públicas sem o devido processo legal. Na ação, a professora emérita também requereu a publicação de nota de esclarecimento para reconhecer o direito ao devido processo legal. Além disso, acentua que a nota foi publicada sem observar o contraditório e a ampla defesa, além de ter comprometido sua integridade acadêmica e profissional.

Democracia de cada um

Para uma fonte ouvida pela Coluna Olavo Dutra sobre a ação movida por uma professora emérita contra a Universidade, a questão se resume ao seguinte fato: Trata-se, de fato, de “uma decisão em que a Justiça censura a UFPA” em defesa da professora Jane Beltrão, “uma ‘democrata’ que adora uma censura’”. 

Papo Reto

·À imprensa do Rio de Janeiro, o governador Helder Barbalho (foto) negou informação divulgada pelo colunista Ancelmo Góis, de “O Globo”, dando conta de que o Estado teria repassado R$ 15 milhões a título de patrocínio para a Grande Rio.

·Helder não disse, mas o que se sabe é que apenas fez a “ponte” entre a escola e a iniciativa privada, incluindo a Hydro, para garantir o patrocínio.

·A informação tem duas vantagens: uma, a de que, ao contrário do que se diz no Pará, não houve investimento público; outra, a que consolida a noção de que o governo do Pará tem uma comunicação, digamos, indigente.

·Explica-se: é um serviço que não consegue dizer que o governo não deu R$ 15 milhões, R$ 1 milhão, R$ 2 milhões ou 10 centavos para a escola.

·Sobre o carnaval carioca e a homenagem da Grande Rio ao Pará - a escola acabou em segundo lugar, atrás da Beija-flor -, chamou atenção a ausência de um dos maiores ícones da cultura paraense: Pinduca.   

·Entre os famosos da música paraense convidados a participar do desfile consta a cantora Joelma, que declinou do convite, provavelmente por questões religiosas. Joelma é evangélica.

·Em 1998, quando a Beija-flor levou o Pará à Marquês de Sapucaí e conquistou o título, a cantora Fafá de Belém também foi convidada e se encheu de vontades. Alegou que não estaria no Brasil de sumiu.

·Entreouvido em um movimentado bar de Belém após o resultado do desfile no Rio de Janeiro: “o Helder não conseguiu carimbar a faixa do Almir Gabriel na Sapucaí”. 

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