Governo recua sobre monitoramento do PIX, mas levanta direita acuada desde 8 de janeiro

Tiro do PIX foi tiro no pé do governo Lula, com efeitos colaterais; está antecipado em quase dois anos o cenário para as eleições de 2026.

16/01/2025, 10:32

Instabilidades do governo federal causam desassossego no mercado e abrem flanco para a oposição, como no caso do deputado Nikolas Ferreira/Fotos: Divulgação.


Q

 

ue o vídeo do deputado Nikolas Ferreira destrinchando a fiscalização do PIX pela Receita Federal foi um baque no governo é fato, inclusive atestado pela caprichada decisão do ministro Fernando Haddad, na tarde de ontem, 15, do recuo do governo federal ao revogar a portaria que estabeleceu o monitoramento a partir de 1 de janeiro.

 

A decisão foi anunciada pouco mais de 24 horas após a publicação do vídeo de Nikolas, do PL de Minas Gerais, que nesse intervalo ultrapassou 120 milhões de visualizações somente da rede Instagram, em tese a mais difícil de viralizar. Somando todas as redes, como o Tik Tok, o vídeo de Nikolas ultrapassou 200 milhões de visualizações.

 

Tombo no governo

 

O bom resultado para o deputado foi péssimo para o governo do presidente Lula, que nos exatos dez dias de crise instalada publicou, na última sexta-feira, 10, um vídeo em seu perfil na mesma rede desmentindo a taxação futura das movimentações do PIX. No vídeo, o presidente faz uma doação para pagar o estádio do Corinthians, e mesmo assim até ontem o vídeo contava “apenas” 15 milhões de visualizações em cinco dias, um fiasco batido pelo vídeo de Nikolas em algumas horas.

 

Mais do que falar em números, esse resultado tem um efeito prático: levanta novamente a direita bolsonarista, com falas como a do vídeo do parlamentar do PL - não como propaganda de A ou B, mas para ilustrar o resultado de uma breve busca nas redes sociais, distribuídas em falas semelhantes.

 

O próprio deputado Nikolas, após a decisão, voltou ao Instagram e publicou outro vídeo falando da ‘vitória do povo contra o governo’ e que, em 12 horas após a publicação, já tinha 1,5 milhão de visualizações só na rede de origem.

 

Tiro certeiro no pé

 

Nessa hora todos os analistas do cenário político nacional se levantaram e, enquanto alguns tentam reforçar a narrativa do governo de questionar o vídeo do deputado como fake news, um consenso entre alguns desses analistas chama a atenção: o jogo das eleições é jogado antes, mas o presidente Lula conseguiu antecipar bastante, em quase dois anos, as eleições de 2026. Foi o famoso tiro no próprio pé. Tiro que ameaça abater a esquerda, mas que com certeza levanta a direita, acuada desde os atos do 8 de janeiro de 2024.

 

Agora, ferido de morte, o governo federal tem o grande desafio de mudar essa imagem de gastador - e de mandar o povo pagar a conta. Missão quase impossível que caiu na mão de um novo agente com nome e sobrenome: Sidônio Palmeira. É ele o ministro de Comunicação da Presidência da República que substituiu Paulo Pimenta, este, como se diria por aqui, que foi tão fraco na área quanto “caldo de gó”, com todo respeito à receita que, ao final das contas, tem lá seu valor.

 

Desconfiança geral

 

Observadores de plantão dão conta de que não foi do ministro Fernando Haddad, o “principal” de Lula, mas de Sidônio, a decisão do recuo do governo, levando Haddad a arcar com o custo disso. Para não ficar ainda mais feio, ele não foi o porta-voz.

 

Diante da desconfiança geral dos brasileiros, que foi dos grandes empresários até o vendedor de picolé da praia, a notícia da revogação da fiscalização do PIX foi dada pelo secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, que teve Haddad ao seu lado para fazer aquela parte do “sorria e acene”.

 

Derrota política

 

O ministro da Fazenda, claro, não sorriu, nem acenou diante da decisão que é tida pelos analistas, de forma quase unânime, como uma grande derrota política para Fernando Haddad.

 

Para ter o que dizer ao lado do chefe da Receita, o ministro anunciou uma medida provisória a ser enviada pelo governo para equiparar os pagamentos em PIX e em dinheiro, mas já adiantando que é apenas para reforçar os princípios tanto da não oneração e da gratuidade do uso do PIX, mas garantindo todas as cláusulas de sigilo bancário em torno dessa modalidade de pagamento.

Que seja, pois.

 

Papo Reto

 

·Pegou feio - muito feio - para o vice-prefeito de Belém e atual Secretário de Esporte e Lazer do Pará, Cássio Andrade (foto), comemorar efusivamente a conquista da Taça Grão-Pará pelo Paysandu, após vitória sobre a Tuna Luso, no último domingo, no Mangueirão.

 

· Cássio não só pulou muito com o elenco como ainda entregou o troféu ao vencedor usando uma camisa do Paysandu, seu time de coração, todos sabem.

 

· Acontece que, na condição de gestor e consequente incentivador do esporte no Estado, não cabe ao secretário escolher cor ou bandeira. Caso contrário, como fica o Remo, que este ano também está na Série B? Ou a própria Tuna, derrotada no domingo?

 

·  Seria interessante a Cássio pegar umas aulas com o chefe, o governador Helder Barbalho, assumidamente remista, mas que, quando o assunto envolve Leão e Papão, usa a camisa do ‘Sobrenatural Futebol Clube’ para ir ao Mangueirão.

 

· Os espertinhos não perdem tempo. Durante a ocupação da sede da Seduc por indígenas e professores, surgiu um pedido de ajuda “para colaborar com alimentação e água” para os manifestantes.

 

· A rede social do Some desmentiu a informação, informando que a postagem não tinha nada a ver com o movimento, sendo um golpe. O verdadeiro PIX para doações é o CNPJ do Conselho Indígena Tapajós Arapiuns. 

 

· Perguntar não ofende: o governo do Estado continua financiando o programa Asfalto por todo o Pará?

 

· É que, em Marituba, até os postes estão sendo “informados” sobre a suposta retomada do asfaltamento de ruas pela prefeitura da cidade, o que remete a outra pergunta:

 

·  Será a retomada do programa ou a reparação do serviço de R$ 1,99, que se desmilinguiu em vários trechos antes da chegada das chuvas?

 

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