Farra de sinecuras do Psol ocupa quase todos os cargos da Agência Reguladora de Belém

Edmilson Rodrigues encerra mandato de maneira melancólica, manda os escrúpulos às favas ao acomodar apadrinhados em uma Agência e acende sinal vermelho na Câmara de Belém.

04/01/2025, 07:45
Farra de sinecuras do Psol ocupa quase todos os cargos da Agência Reguladora de Belém
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mandato do Psol à frente da Prefeitura de Belém chegou ao fim de maneira melancólica, culminando em uma derrota estrondosa nas urnas. O prefeito Edmilson Rodrigues, tentando a reeleição, obteve cerca de 9% dos votos, mesmo com o uso ostensivo da máquina pública em sua campanha. A baixa aprovação de sua gestão já era um indicativo claro da insatisfação popular com o modo Psol de governar, que, apesar das promessas, não conseguiu atender às expectativas.


Câmara de Belém sinaliza disposição de despolitizar a Arbel deixada pelo ex-prefeito, iniciativa que deverá partir do prefeito Igor Normando/Fotos: Divulgação.

No entanto, o que ocorreu na calada da noite do último dia do ano, 31 de dezembro, trouxe à tona uma questão ainda mais preocupante: a transformação de uma agência reguladora independente em um mero apêndice partidário do Psol, uma das maiores práticas de sinecura já vistas no serviço público brasileiro: antes de sair, Edmilson cuidou de acomodar seus apadrinhados em quase- senão todos - os cargos da Agência.

 

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 Naquele dia, o diário oficial do município registrou a nomeação de diversas pessoas para cargos importantes, entre elas, o ex-chefe de Gabinete do prefeito Edmilson Rodrigues, o jornalista Aldenor Júnior, que foi nomeado como Ouvidor da Arbel. Todas elas filiadas ao Psol e pertencentes ao grupo interno de Edmilson, a Primavera Socialista. Essa nomeação causou um grande alvoroço nas redes sociais, gerando especulações de que teria sido uma ordem do novo prefeito, Igor Normando, do MDB. Contudo, a suposição se revelou falsa, o que torna a situação ainda mais grave e preocupante.


Primeiro eu, segundo eu...

Aldenor Júnior, em uma tentativa de justificar sua nomeação, começou a divulgar releases informando que a Arbel “é uma agência reguladora municipal independente”, responsável pela regulação do saneamento na cidade e que não deve responder ao comando da gestão e sim “da sociedade” (sic). A nota enfatiza que a portaria de nomeação, publicada no Diário Oficial do Município em 31 de dezembro, ainda sob a gestão de Edmilson Rodrigues, foi assinada pelo presidente da Arbel, Ricardo Coelho, e nada tem a ver com a atual gestão da prefeitura e nem a ela deve responder.


Os diretores atuais da Agência são todos filiados ao Psol e foram indicados por Edmilson Rodrigues para um mandato de quatro anos, recebendo salários médios em torno de R$ 15 mil, o que torna a tal “independência” da agência pura ficção e a sinecura evidente.

 

Papel jogado no lixo


Mas, afinal, qual deveria ser o papel de um ouvidor da Agência Reguladora de Belém? O ouvidor é responsável por representar os cidadãos e usuários dos serviços públicos regulados pela Agência, promovendo o diálogo entre a população e a gestão. Ele deve receber reclamações sobre os serviços públicos, encaminhá-las ao setor responsável para que sejam solucionadas e, assim, favorecer a melhoria dos serviços prestados. Então, como garantir tal independência quando o que vem antes é o compromisso partidário?


A ouvidoria da Arbel, por ser um canal direto para os consumidores que não conseguem ter suas solicitações atendidas de maneira satisfatória, jamais deveria ter um viés partidário, e muito menos ser dominada por um único partido, especialmente quando esse partido foi reprovado pela população por sua gestão da cidade. A transformação da Arbel em um instrumento de controle político do Psol é uma afronta à independência que uma agência reguladora deve ter. As atribuições do ouvidor da Arbel devem ser pautadas pela Lei Federal nº 12.527 de 2011 e pela Lei Municipal nº 8.493 de 2005, que estabelecem diretrizes claras para a atuação de ouvidorias públicas.

 

Despolitizar é preciso


A nomeação de Aldenor Júnior e a continuidade de diretores indicados por Edmilson Rodrigues revela uma tentativa de perpetuar a influência de um partido sem votos e sem força social na administração pública, mesmo após a derrota nas urnas. Isso não apenas compromete a integridade da Agência, mas também mina a confiança da população nas instituições que deveriam atuar em prol do bem-estar coletivo.


A nova administração, sob a liderança de Igor Normando, pode tomar medidas para despolitizar a Agência e garantir que sua atuação seja verdadeiramente independente e voltada para o interesse público. Já existe uma forte movimentação entre os vereadores com esse objetivo. “A população de Belém merece uma agência reguladora que atue com transparência, responsabilidade e compromisso, sem as amarras de uma agenda partidária que já se mostrou incapaz de atender às demandas da sociedade”, disse um dos membros da mesa diretora da Câmara de Belém.


A situação atual da Arbel é um reflexo de um problema maior que afeta diversas instituições públicas no Brasil: a partidarização excessiva e a transformação de órgãos que deveriam ser técnicos e independentes em meros instrumentos de controle político. Isso não apenas prejudica a qualidade dos serviços prestados, mas também gera desconfiança e descontentamento entre os cidadãos, que se sentem desamparados e sem voz.

 

Câmara indica mudanças


A movimentação nos corredores da Câmara indica que haverá pressão sobre a nova administração para que haja uma reestruturação da Arbel, promovendo a escolha de profissionais qualificados e comprometidos com a causa pública, e não com interesses partidários. A nomeação de Aldenor Júnior e a manutenção de diretores indicados pelo Psol são um sinal claro de que a luta pela independência das agências reguladoras ainda está longe de ser vencida.


“A transformação da Arbel em um aparelho partidário do Psol é uma questão que deve ser debatida amplamente, pois envolve a defesa da democracia e da transparência na gestão pública”, disse uma ex-vereadora que exerce forte influência sindical na capital. “A população de Belém não pode aceitar que uma agência que deveria ser um canal de comunicação e resolução de problemas se torne um espaço de perpetuação de interesses de um único grupo político. A responsabilidade de garantir que isso não aconteça recai sobre todos nós, cidadãos, que devemos exigir uma gestão pública ética, transparente e comprometida com o bem-estar da população”, enfatizou a dirigente sindical.


A percepção geral é de que a nomeação de Aldenor Júnior como Ouvidor da Arbel, assim como a manutenção de diretores indicados pelo ex-prefeito Edmilson Rodrigues, representa uma grave ameaça à independência e à eficácia da agência reguladora. “É um alerta para todos nós sobre a importância de lutarmos contra a partidarização das instituições públicas e pela construção de um sistema que realmente atenda às necessidades da população”, disse uma vereadora que exercerá seu primeiro mandato. “A Arbel deve ser um espaço de diálogo e de melhoria dos serviços públicos, e não um instrumento de controle político de um partido que já foi reprovado nas urnas”.


Diga o que disser o release do Psol, a defesa da autonomia das agências reguladoras é uma questão de interesse público e deve ser uma prioridade para todos que se preocupam com o futuro da gestão pública em Belém e no Brasil. 

 

Papo Reto

 

· Sobre o diretor-presidente da Agência Reguladora de Belém, a repentinamente famosa Arbel, Ricardo Brandão Coelho (foto), que assumiu a gestão da Agência em julho de 2024, indicado por Edmilson Rodrigues, do Psol, e aprovado pelos vereadores da Câmara de Belém.

 

·  Dele se sabe quase tudo, inclusive que recebeu auxílio emergencial do governo Federal, durante o período da pandemia de covid 19.

 

· O valor total recebido é de R$ 4.125,00, pagos em cinco parcelas de R$ 600; quatro de R$ 300 e mais uma de R$ 150, entre abril de 2020 e setembro de 2021. 

 

· Informações encaminhadas à coluna apontam que é falsa a anunciada venda do Hotel Princesa Louçã, no Centro de Belém, que circula nas redes sociais nos últimos dias.

 

· Pode-se dizer, aliás, que tentativas de golpes envolvendo membros da família Carneiro, proprietária do hotel, são recorrentes, inclusive com uso de telefone celular.

 

· A suposta venda, informação que nem os proprietários sabem de onde saiu, continua circulando, com dados sobre o empreendimento, preço do negócio - R$ 250 milhões -, nome e contato para eventuais interessados - um tal Araújo Consultoria de Imóveis.

 

· Ao se exibir comendo uvas sob a mesa na virada do ano, a prefeita Patrícia Alencar não chamou mais a mesma atenção dos seus distintos seguidores como antes.

 

· Não que eles desacreditem no gesto como capaz de trazer bons fluidos no Ano Novo. É que muitos desses seguidores perderam o DAS com que eram embalados nas caminhadas e festas promovidas pela prefeita.


· A tesourada não poupou nem mesmo vereadores que lhe emprestaram apoio para a reeleição, que também foram privados de muitos assessores e cabos eleitorais na nova administração.

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