mandato do Psol à frente da Prefeitura de Belém chegou ao fim de maneira melancólica, culminando em uma derrota estrondosa nas urnas. O prefeito Edmilson Rodrigues, tentando a reeleição, obteve cerca de 9% dos votos, mesmo com o uso ostensivo da máquina pública em sua campanha. A baixa aprovação de sua gestão já era um indicativo claro da insatisfação popular com o modo Psol de governar, que, apesar das promessas, não conseguiu atender às expectativas.
No
entanto, o que ocorreu na calada da noite do último dia do ano, 31 de dezembro,
trouxe à tona uma questão ainda mais preocupante: a transformação de uma
agência reguladora independente em um mero apêndice partidário do Psol, uma das
maiores práticas de sinecura já vistas no serviço público brasileiro: antes de
sair, Edmilson cuidou de acomodar seus apadrinhados em quase- senão todos - os
cargos da Agência.
Leia
logo mais:
O
angu de caroço que Edmilson
Rodrigues deixou para
Igor Normando; jeito Psol de ser.
Naquele dia, o diário oficial do município registrou a nomeação de diversas pessoas para cargos importantes, entre elas, o ex-chefe de Gabinete do prefeito Edmilson Rodrigues, o jornalista Aldenor Júnior, que foi nomeado como Ouvidor da Arbel. Todas elas filiadas ao Psol e pertencentes ao grupo interno de Edmilson, a Primavera Socialista. Essa nomeação causou um grande alvoroço nas redes sociais, gerando especulações de que teria sido uma ordem do novo prefeito, Igor Normando, do MDB. Contudo, a suposição se revelou falsa, o que torna a situação ainda mais grave e preocupante.
Primeiro eu, segundo eu...
Aldenor
Júnior, em uma tentativa de justificar sua nomeação, começou a divulgar releases informando
que a Arbel “é uma agência reguladora municipal independente”, responsável pela
regulação do saneamento na cidade e que não deve responder ao comando da gestão
e sim “da sociedade” (sic). A nota enfatiza que a portaria de
nomeação, publicada no Diário Oficial do Município em 31 de dezembro, ainda sob
a gestão de Edmilson Rodrigues, foi assinada pelo presidente da Arbel, Ricardo
Coelho, e nada tem a ver com a atual gestão da prefeitura e nem a ela deve
responder.
Os diretores atuais da Agência são todos filiados ao Psol e foram indicados por
Edmilson Rodrigues para um mandato de quatro anos, recebendo salários médios em
torno de R$ 15 mil, o que torna a tal “independência” da agência pura ficção e
a sinecura evidente.
Papel jogado no lixo
Mas, afinal, qual deveria ser o papel de um ouvidor da Agência Reguladora de
Belém? O ouvidor é responsável por representar os cidadãos e usuários dos
serviços públicos regulados pela Agência, promovendo o diálogo entre a população
e a gestão. Ele deve receber reclamações sobre os serviços públicos,
encaminhá-las ao setor responsável para que sejam solucionadas e, assim,
favorecer a melhoria dos serviços prestados. Então, como garantir tal
independência quando o que vem antes é o compromisso partidário?
A ouvidoria da Arbel, por ser um canal direto para os consumidores que não
conseguem ter suas solicitações atendidas de maneira satisfatória, jamais
deveria ter um viés partidário, e muito menos ser dominada por um único
partido, especialmente quando esse partido foi reprovado pela população por sua
gestão da cidade. A transformação da Arbel em um instrumento de controle
político do Psol é uma afronta à independência que uma agência reguladora deve
ter. As atribuições do ouvidor da Arbel devem ser pautadas pela Lei Federal nº
12.527 de 2011 e pela Lei Municipal nº 8.493 de 2005, que estabelecem
diretrizes claras para a atuação de ouvidorias públicas.
Despolitizar é preciso
A nomeação de Aldenor Júnior e a continuidade de diretores indicados por
Edmilson Rodrigues revela uma tentativa de perpetuar a influência de um partido
sem votos e sem força social na administração pública, mesmo após a derrota nas
urnas. Isso não apenas compromete a integridade da Agência, mas também mina a confiança
da população nas instituições que deveriam atuar em prol do bem-estar coletivo.
A nova administração, sob a liderança de Igor Normando, pode tomar medidas para
despolitizar a Agência e garantir que sua atuação seja verdadeiramente
independente e voltada para o interesse público. Já existe uma forte
movimentação entre os vereadores com esse objetivo. “A população de Belém
merece uma agência reguladora que atue com transparência, responsabilidade e
compromisso, sem as amarras de uma agenda partidária que já se mostrou incapaz
de atender às demandas da sociedade”, disse um dos membros da mesa diretora da
Câmara de Belém.
A situação atual da Arbel é um reflexo de um problema maior que afeta diversas
instituições públicas no Brasil: a partidarização excessiva e a transformação
de órgãos que deveriam ser técnicos e independentes em meros instrumentos de
controle político. Isso não apenas prejudica a qualidade dos serviços
prestados, mas também gera desconfiança e descontentamento entre os cidadãos,
que se sentem desamparados e sem voz.
Câmara indica mudanças
A movimentação nos corredores da Câmara indica que haverá pressão sobre a nova
administração para que haja uma reestruturação da Arbel, promovendo a escolha
de profissionais qualificados e comprometidos com a causa pública, e não com
interesses partidários. A nomeação de Aldenor Júnior e a manutenção de
diretores indicados pelo Psol são um sinal claro de que a luta pela
independência das agências reguladoras ainda está longe de ser vencida.
“A transformação da Arbel em um aparelho partidário do Psol é uma questão que
deve ser debatida amplamente, pois envolve a defesa da democracia e da
transparência na gestão pública”, disse uma ex-vereadora que exerce forte
influência sindical na capital. “A população de Belém não pode aceitar que uma
agência que deveria ser um canal de comunicação e resolução de problemas se
torne um espaço de perpetuação de interesses de um único grupo político. A
responsabilidade de garantir que isso não aconteça recai sobre todos nós,
cidadãos, que devemos exigir uma gestão pública ética, transparente e
comprometida com o bem-estar da população”, enfatizou a dirigente sindical.
A percepção geral é de que a nomeação de Aldenor Júnior como Ouvidor da Arbel,
assim como a manutenção de diretores indicados pelo ex-prefeito Edmilson
Rodrigues, representa uma grave ameaça à independência e à eficácia da agência
reguladora. “É um alerta para todos nós sobre a importância de lutarmos contra
a partidarização das instituições públicas e pela construção de um sistema que
realmente atenda às necessidades da população”, disse uma vereadora que
exercerá seu primeiro mandato. “A Arbel deve ser um espaço de diálogo e de
melhoria dos serviços públicos, e não um instrumento de controle político de um
partido que já foi reprovado nas urnas”.
Diga o que disser o release do Psol, a defesa da autonomia das
agências reguladoras é uma questão de interesse público e deve ser uma
prioridade para todos que se preocupam com o futuro da gestão pública em Belém
e no Brasil.
Papo Reto
· Sobre o diretor-presidente da Agência Reguladora de Belém, a
repentinamente famosa Arbel, Ricardo Brandão Coelho (foto), que assumiu a
gestão da Agência em julho de 2024, indicado por Edmilson Rodrigues, do Psol, e
aprovado pelos vereadores da Câmara de Belém.
· Dele se sabe quase tudo, inclusive que recebeu auxílio
emergencial do governo Federal, durante o período da pandemia de covid 19.
· O valor total recebido é de R$ 4.125,00, pagos em cinco
parcelas de R$ 600; quatro de R$ 300 e mais uma de R$ 150, entre abril de 2020
e setembro de 2021.
· Informações encaminhadas à coluna apontam que é falsa a
anunciada venda do Hotel Princesa Louçã, no Centro de Belém, que circula nas
redes sociais nos últimos dias.
· Pode-se dizer, aliás, que tentativas de golpes
envolvendo membros da família Carneiro, proprietária do hotel, são recorrentes,
inclusive com uso de telefone celular.
· A suposta venda, informação que nem os proprietários
sabem de onde saiu, continua circulando, com dados sobre o empreendimento,
preço do negócio - R$ 250 milhões -, nome e contato para eventuais interessados
- um tal Araújo Consultoria de Imóveis.
· Ao se exibir comendo uvas sob a mesa na virada do ano, a
prefeita Patrícia Alencar não chamou mais a mesma atenção dos seus distintos
seguidores como antes.
· Não que eles desacreditem no gesto como capaz de trazer
bons fluidos no Ano Novo. É que muitos desses seguidores perderam o DAS com que
eram embalados nas caminhadas e festas promovidas pela prefeita.
· A tesourada não poupou nem mesmo vereadores que lhe
emprestaram apoio para a reeleição, que também foram privados de muitos
assessores e cabos eleitorais na nova administração.