Banpará pressiona por resultados em auditoria interna, mas provoca associação de servidores

Funcionários são submetidos a interrogatórios sem acompanhantes, prática que teria aval da presidência, aumentando as denúncias de assédio na Justiça do Trabalho.

07/03/2025, 09:00
Banpará pressiona por resultados em auditoria interna, mas provoca associação de servidores
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ma das expressões mais utilizadas atualmente, depois que “Ainda Estou Aqui” ganhou o Oscar de Melhor Filme Internacional, jamais foi tão atual. De fato, a repressão é a embalagem da prática do uso do medo como ferramenta para impor condições ou alinhar opiniões na história do mundo.

Denúncias apontam que presidência do banco não dá ouvidos às queixas sobre a pressão dos interrogatórios em busca de resultados/Fotos: Divulgação.
Ao que parece, essa também é a tática do Banpará, o banco estatal, na condução da auditoria interna que vem sendo realizada pela instituição. Denúncia encaminhada à Coluna Olavo Dutra relata que, além do trabalho diário, os servidores precisam se submeter a uma série de interrogatórios pelos auditores contratados pelo banco.

Relatos de servidores já submetidos aos interrogatórios apontam situações “inconvenientes -, quando não, humilhantes -, ante o comportamento ríspido e intimidador dos auditores, prática que, segundo as denúncias, teria respaldo da presidente da instituição, Ruth Mello, a quem não adiante recorrer para denunciar “arbitrariedades”. Também soa estranho a determinação de que todos os servidores intimados prestem depoimentos em uma sala fechada e desacompanhados, frente a frente com os auditores.

Associação reage

Esse modus operandi, porém, provocou a reação da Associação dos Funcionários do Banpará, a Afbepa.  Na sua página oficial, a Associação alerta que “nenhum funcionário é obrigado a comparecer sozinho à auditoria”. Os dirigentes alegam que não são contra a auditoria, e sim contra o procedimento que vem sendo conduzido pelo banco.

De acordo com um dos diretores, “é como se houvesse um grande esforço para direcionar o resultado”. A Associação garante que os servidores convocados para depor podem, inclusive, acionar um advogado para acompanhar as perguntas dos auditores, se assim acharem por bem.

Denúncias assédio

Não por acaso, o Banpará tem sido alvo de uma enxurrada de ações trabalhistas movidas por crimes de assédio moral nas mais diversas formas. Muitos desses servidores estão inclusive sem trabalhar alegando distúrbios psicológicos e debilidades físicas causados pela pressão abusiva de seus superiores.

A coluna encaminhou nota à assessoria de imprensa do banco pedindo manifestação sobre a denúncia recebida, mas até a publicação desta matéria nenhum posicionamento havia sido enviado à redação. O espaço segue aberto para possíveis esclarecimentos. Confira a Nota da Afbepa na íntegra:

Funcionário é obrigado à auditoria

A Afbepa reforça a importância de que nenhum funcionário é obrigado a comparecer sozinho à Auditoria do Banpará. Caso seja convidado a prestar esclarecimentos e, você que é associado à Afbepa, e queira ir, a nossa Associação pede que não vá sozinho: solicite imediatamente a presença de um advogado para acompanhá-lo.

A Afbepa não é contrária ao trabalho da Auditoria, porém, da forma desumana que o interrogatório é realizado, nossa Associação não concorda.

Você pode até colaborar com as investigações e prestar os esclarecimentos necessários quando sabedor da pauta e com agenda de dia e hora, e sempre dentro dos limites legais, sem gerar qualquer prejuízo para si.

A assistência jurídica é um direito dos trabalhadores e está disponível para garantir que todo o processo seja conduzido de forma justa e transparente. Se você quiser ir à Auditoria para qualquer ato, não vá sem antes pedir que a Afbepa o auxilie. 

Papo Reto

·O clima não é nada amigável na OAB, hoje, dia da audiência marcada pela diretoria para ouvir os advogados sobre as candidaturas ao desembargo pelo quinto constitucional.

·Pelo que se diz, a cizânia decorre, senão de antes, desde os bastidores do concorrido Camarote Arpoador, na Marquês de Sapucaí, durante o desfile da Grande Rio, onde pontificou a “embaixada” do governo do Estado.

·Os personagens estavam lá, por óbvio, todos convidados do governador Helder Barbalho, uns merecendo mais atenção que outros.

·Foi do “Arpoador” festivo e carnavalesco que emergiu a figura do escolhido para o desembargo, em respeito a um suposto compromisso do governador com o ex-presidente da Ordem Eduardo Imbiriba.

·Se ajudar na charada, entre os convidados estavam Anete Pena de Carvalho, que desistiu do quinto na eleição passada, e Luciana Gluck Paul (foto) , vice na chapa de Eduardo Imbiriba. Das duas, só uma.

·Especialistas e entidades representativas são unânimes: o retorno da cobrança de visto a turistas dos EUA, Austrália e Canadá, cuja isenção foi instituída no governo Bolsonaro, deve impactar negativamente o turismo no Brasil.

·A Argentina, dizem, foi quem vibrou com a decisão do presidente Lula.

·O Senado sinaliza avançar com o fim da reeleição e a unificação de datas eleitorais no Brasil.

·Vários senadores querem, inclusive, aprovar tais mudanças até outubro, para que já sejam aplicadas nas eleições do ano que vem.

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