Brasília, 27 - O Gabinete de Segurança Institucional (GSI) implementou
uma série de medidas para reforçar a segurança do Palácio do Planalto nos
últimos dois anos. A motivação são os ataques à Praça dos Três Poderes, em 8 de
janeiro de 2023, episódio que mudou o patamar da preocupação com a segurança do
local.
Responsável pela segurança do presidente da República e do vice, seus
familiares e os palácios presidenciais, o GSI aumentou em 60% seu efetivo desde
o ataque e ampliou de 68 para 534 câmeras de vigilância nesses locais - outras
174 devem ser colocadas, totalizando 708. O órgão aguarda recursos para blindar
os vidros do prédio onde o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) trabalha.
No Palácio do Planalto, o número de câmeras de vigilância deve aumentar de 44
para 348. Dos 40 equipamentos com capacidade para reconhecimento facial, 23
ficarão no prédio. Um banco de dados com as imagens dos visitantes já está
sendo abastecido há cerca de 15 dias.
O GSI deve nos próximos meses firmar convênios com os Estados para cruzar
informações de bancos de dados de pessoas procuradas pela Justiça com as
imagens captadas nas câmeras do Palácio do Planalto. Os palácios da Alvorada,
do Jaburu, a Granja do Torto e os anexos presidenciais fazem parte do sistema
de monitoramento.
A licitação para a instalação dos vidros blindados ainda não foi feita, mas os
recursos federais já estão separados para a obra, segundo o ministro do GSI,
Marco Antonio Amaro. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
(Iphan), de acordo com ele, autorizou a reforma.
"O que nos auxilia é uma ação orçamentária que nos possibilita recursos
para melhorar as instalações, como, por exemplo, câmeras, blindagem de vidros,
melhoria das guaritas, tirando de dentro do palácio a primeira inspeção feita
aos visitantes, dando maior segurança. Além disso, aquisição de equipamentos
antidrones. São medidas que se somam e melhoram a estrutura de segurança",
declarou Amaro a jornalistas durante uma visita às instalações do GSI.
Questionado sobre por que a Praça dos Três Poderes têm vivido ataques como os
do 8 de Janeiro e, mais recentemente, de explosões a bomba, Amaro atribuiu à
arquitetura de Brasília a falta de segurança dos prédios públicos. Ele disse
que a Esplanada não tem muros que impeçam pessoas de se aproximarem das
autoridades.
"Vocês percebem que o Palácio do Planalto e outras sedes de Poderes foram
construídos sem uma preocupação maior com segurança. A Praça dos Três Poderes
(foi idealizada) como um espaço de manifestações democráticas. Às vezes essas
grandes manifestações descambam para essa invasão das sedes dos Três
Poderes", afirmou.
Além da falta de barreiras físicas para manter ameaças afastadas da Presidência
da República, Amaro se queixa da proximidade com que carros trafegam na Via N1,
no Eixo Monumental, avenida que separada o Palácio do Planalto da Praça dos
Três Poderes.
Em 8 de janeiro de 2023, manifestantes bolsonaristas invadiram os prédios do
Congresso Nacional, do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Palácio do Planalto,
causando estragos sobretudo nos dois últimos. A facilidade com que os invasores
conseguiram destruir o patrimônio público levantou críticas aos órgãos de
segurança, como o GSI.
O ministro foi perguntado se o GSI concluiu o processo de "desbolsonarização"
de seus quadros - uma vez que a existência de militantes radicalizados no órgão
foi motivo de desconfiança da Presidência da República no começo do atual
mandato -, e afirmou que o GSI não tem mais tido problema com a partidarização
de seus membros.
Fonte: Estadão conteúdo
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil