Toda denúncia sobre assédio moral não será castigada na Escola de Governança do Estado

Prática recorrente ganha corpo, não solução, sob a infame alegação de que o nível do DAS do assessor contratado determina e garante o que pode ou não fazer contra servidor comum.

07/11/2024 08:00
Toda denúncia sobre assédio moral não será castigada na Escola de Governança do Estado
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a Escola de Governança do Estado, a regra é simples: manda quem pode, obedece quem tem juízo. Oprimidos em meio a um festival de assédio moral, servidores não medem palavras para se manifestar. À Coluna Olavo Dutra, por exemplo, um deles informa secamente, pedindo para não ser identificado: “A Escola de Governança está ‘desgovernada’”. Faz sentido.


Denúncias encaminhadas à direção-geral e à Corregedoria da Escola esbarram em indicação política e são engavetadas/Fotos; Divulgação.

Os assédios vêm em 'charões' bem servidos e não têm arruda que os espante. Recentemente, uma servidora da Escola foi informada de que seria exonerada por não se submeter a ordens superiores consideradas “descabidas e ofensivas” e que por isso lhe soaram, por assim dizer, “inferiores”. A denúncia aponta que a autora do assédio atende pelo nome de Helane Meireles, coordenadora da área de Suporte Operacional da Escola, que não por acaso vem a ser prima de uma deputada estadual ligada ao partido do governador, o MDB.

 

Ficha de apresentação

 

Ocupando o cargo há menos de cinco meses, dizem que Helane, a Breve, “parece mais real que o rei” e assina embaixo, sem o menor constrangimento, pelos seus atos nada republicanos, a título de advertência: “Vocês sabem de quem eu sou prima?”  Os servidores sabem - e como sabem.

 

Assim, a “prima da deputada” segue angariando antipatias entre os servidores, a quem chama de “subalternos”, diz que “não prestam para nada” e que devem ser “substituídos”, por isso mantém um rígido controle de “ponto” de entrada e saída, de segunda a quinta-feira, pois costuma se ausentar de Belém na sexta.

 

Outro detalhe chamou a atenção no comportamento da coordenadora: “Ela não prestigiou a visita da Imagem peregrina da Virgem de Nazaré à Escola”, relata a fonte - mas isso são outros quinhentos. Vá ver que a coordenadora professa credo diferente.

 

Cientes e cautelosos quanto ao risco de perda do emprego, a maioria dos servidores suporta os assédios silenciosamente, mas ocorre que aqui e acolá alguém se rebela tentando escapar da pressão e consegue levar suas queixas à Corregedoria da Escola, quando não a um ou dois diretores, isoladamente.

 

“Todo ouvidos, mas...”

 

Herivaldo Arruda, o diretor-geral da Escola, faz o tipo ‘todo ouvidos’ aos denunciantes, mas as queixas que recebe permanecem com ele. Tanto a Corregedoria, quanto o gabinete do diretor-geral não cabem de tantas denúncias, mas a prática de assédio prossegue sem solução, culminando com avisos de demissão, como no caso de um dos denunciantes.  

 

Halane Meireles foi nomeada coordenadora de Suporte Operacional da Escola de Governança sob o invólucro de um DAS 4. Seus denunciantes dizem que chega ao trabalho por volta das 9 horas e sai às 16 horas. Não tem boas relações com os motoristas, nem com o pessoal da área de limpeza da casa e com outros servidores, que se dizem habitualmente “humilhados” por ela. Todos temem perder o emprego e quase todos se submetem ao que consideram “desmandos”, principalmente porque, quando oferecem as denúncias, recebem a informação clássica de um ou mais diretores: “Ela é DAS 4; os servidores têm que aceitar”.

 

Fora de ordem

 

A título de esclarecimento, escola de governança é um mecanismo que envolve liderança, estratégia e práticas de avaliação e direcionamento da gestão pública e prevê essencialmente, a condução de políticas públicas de interesse social, o que remete à noção, no caso da Escola de Governança do Estado, que alguma coisa está fora de ordem.

 

Nota do redator: a coluna não recebeu qualquer denúncia envolvendo assessores do nível DAS 5, felizmente. Já pensou se a moda pega pelo nível?

 

Papo Reto

 

· Diz a lenda que “formiga quando quer se perder cria asas”. O senador Beto Faro (foto), que anda sumido dos palanques do governador Helder Barbalho, só está alimentando a boataria segundo a qual planeja voos mais altos em 2026 com relação à sucessão estadual.

 

· O faro do senador do PT aponta chances de forçar uma composição da chapa para o Senado com mais um candidato do partido, ao mesmo tempo em que não desgruda o olho do crescimento e do fortalecimento político do PP dos Ogawa, de Barcarena. 

 

· Observadores avaliam que as obras do BRT Metropolitano devem ser entregues em outubro de 2025, véspera da COP30, o bilhete premiado para Belém.

 

· Explica-se: de tão generoso, o evento deve aportar recursos extras ao projeto de conclusão, porque, a julgar pelas informações sobre os valores da obra, o saldo financeiro é bem menor do que os custos remanescentes. 

 

· Agora é oficial: cansados de serem tratados como ‘monstros’, produtores da Amazônia estão organizados para exigir voz e assento na COP30, ano que vem, em Belém.

 

· A Sociedade Brasileira de Urologia alerta para o aumento de casos de câncer de próstata, que matou 17 mil brasileiros no Brasil em 2023

 

· Acredite: a possibilidade de o presidente Lula não disputar a reeleição em 2026 começa a ser cogitada nos bastidores do PT.

 

· Entidades ligadas às Polícias Civis do País estão reagindo à proposta do Ministério da Justiça de criação da PEC da Segurança Pública.


· Em nota, consideram a medida a ser levada para discussão no Congresso Nacional “inadequada e desnecessária”. É como quem diz “deixa que a gente sabe o que está fazendo” com a segurança pública.

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