Provavelmente uma parte considerável do primeiro muro de arrimo da chamada Rua da Praia, supostamente datado do Século XVIII, que seguia a calçada na extensão da hoje avenida Boulevard Castilho França, foi descoberta semana passada pela equipe da Amazônia Arqueologia, empresa que atua nas escavações relacionadas às obras de construção do Boulevard da Gastronomia, na Praça dos Estivadores.
A hipotética descoberta foi confirmada pela empresa, que tem respaldo de atuação junto ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), órgão qual faz a gestão do patrimônio cultural brasileiro. Segundo João Aires e Kelton Mendes, sócios-diretores da empresa, o muro contém rochas vermelhas e iniciava na avenida Presidente Vargas, seguindo até o antigo Convento dos Mercedários, atual prédio da Alfândega.
“Se não for do Século XVIII é do século XIX. Ele (muro) é de rocha com argamassa com fragmentos de conchas”, disse João Aires sobre o achado. O trabalho de pesquisa ainda será aprofundado e acompanhado pela equipe da Amazônia Arqueologia.
Embargo temporário
Inicialmente, um relatório será encaminhado ao Iphan, a fim de que sejam protocoladas as informações coletadas no trabalho de escavação e, assim, seguir o rito e todas as etapas do processo de liberação de parte das obras, embargadas tecnicamente a partir de então.
“Acho que na próxima semana eles retomam as obras. Estão fazendo outras obras leves por lá, já liberadas pelo Iphan”, garantiu Aires.
Análise de material
Para analisar o material achado, os arqueólogos trabalham com o recurso técnico conhecido como estratigrafia arqueológica, que permite determinar a cronologia dos artefatos e associá-los ao espaço onde foram encontrados. Para isso reúnem dados da pavimentação atual, da pavimentação em blocos de rocha - do final do Século XIX -, além de camadas de areia da Praia da Baía do Guajará e do provável muro de arrimo. Todas essas informações técnicas estão sendo catalogadas e organizadas em 3D.
Dimensões e exposição
“Fica um metro abaixo da rua atual e provavelmente tem base com 2 metros ou 1,5 metro. Ele não é muito grande”, observou o arqueólogo. “São notícias superficiais; mais para a frente vai haver uma exposição, realidade virtual e aumentada”, revela João Aires.