enos de 24 horas depois que o filme “Ainda Estou Aqui”, dirigido por Walter Salles, deu ao Brasil o primeiro Oscar de sua história, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, anunciou a decisão de desapropriar a casa situada no bairro da Urca, na Zona Sul da cidade, que foi cenário da história, para ser sede da Rio Filme e um museu aberto à visitação pública, a cultura em Belém, sede da COP30, em novembro deste ano, continua de “pires na mão” e descendo ladeira abaixo.
Depois de verem praticamente dizimado o tradicional Festival de Ópera do Theatro da Paz, ano passado, quem pede socorro ao governo do Pará agora são os músicos da orquestra sinfônica do teatro a OSTP, que têm, entre outras atividades, acompanham as récitas das óperas encenadas no famoso festival.
No calor da vitória
A segunda-feira pós-Oscar nem havia raiado quando o prefeito Eduardo Paes já estava a mil. Deixou o Sambódromo e já foi despachar com assessores e decidir o que a “Cidade Maravilhosa” poderia fazer em reconhecimento à vitória do Brasil no Oscar 2025 como melhor filme estrangeiro.
No X, antigo Twitter, Paes escreveu: “Hoje (dia 3), sairá publicado no Diário Oficial Extra da Prefeitura do Rio que decidimos comprar-desapropriar e transformar o imóvel do filme ‘Ainda Estou Aqui’ na Casa do Cinema Brasileiro. Faremos da casa onde foi gravado o filme um lugar de memória permanente da história de Eunice Paiva e sua família, da democracia e ainda uma homenagem às duas grandes mulheres que orgulham o Brasil e deram vida a ela - Fernanda Torres e Fernanda Montenegro”, escreveu o prefeito.
Crise braba em Belém
Em postagem no perfil no Instagram, no domingo, 2, está a denúncia. “Crise na Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz: descaso e precarização”.
Os músicos da orquestra sinfônica denunciam uma crise sem precedentes, colocando em risco a existência de um dos maiores patrimônios culturais do Pará, por conta de salários defasados há três anos, sem reajuste e abaixo da média nacional. Há também falta de pagamento regular, deixando músicos em vulnerabilidade financeira. O vale alimentação também não recebe reajuste há bastante tempo.
Os músicos denunciam o deslocamento arbitrário dos ensaios para espaços inadequados e insalubres, motivado pelo fato de que o Theatro da Paz tem sido alugado continuamente para eventos privados, impedindo os músicos de ensaiar.
Os músicos comumente ensaiam pela manhã no palco do próprio Theatro da Paz. Mas, quando há evento nesse mesmo palco à noite, o que está ficando muito comum ultimamente, não há como ensaiar, porque o palco precisa ser preparado para esse evento, que é alugado por alta soma.
Os músicos se ressentem de uma constante ameaça de demissão em massa, com possível substituição dos músicos por novos contratados; reclamam que falta uma agenda de concertos - antigamente, no início no ano, a agenda já estava toda fechada - e que repertórios são definidos de última hora, afetando assim a qualidade artística. Agora, não há agenda definida, muito menos, repertório.
Por outro lado, as denúncias já foram externalizadas e o Ministério Público do Trabalho abriu investigação sobre as condições precárias e insalubres dos ensaios.
O começo do fim
Os músicos paraenses repetem que a orquestra não pode morrer. “Esse desmonte é um ataque à cultura paraense. Precisamos que todos apoiem essa luta”, disse uma fonte.
Os músicos são servidores públicos do governo do Pará, mas, desde o ano passado, com o pacote de cortes promovido por Helder Barbalho na tentativa de cortar gastos na máquina pública, muitos setores foram atingidos e a cultura, mais fortemente. Tanto que o Festival de Ópera do Theatro da Paz em 2024 foi um dos simplórios que já se viu.
Mas é aí que os músicos da orquestra e os comentários nas redes sociais questionam. Não há dinheiro para a cultura local, mas para fora do Estado, sim. “Enquanto isso, R$ 15 milhões do dinheiro público paraense para o riquíssimo Carnaval do Rio de Janeiro”, disse um. “Helder Barbalho quer aparecer lá fora; a mídia esconde nossa realidade, infelizmente”. “Vamos divulgar esses vídeos em nossas páginas no Facebook e Instagram e marcar jornais, páginas, principalmente de fora do Estado. Só assim irão saber a realidade do Pará”.
Modo silencioso
A Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz foi criada pela Secretaria de Cultura, na gestão do arquiteto Paulo Chaves, governo Almir Gabriel, em 1996, e vai completar 30 anos no ano que vem. Os maestros Andi Pereira (gaúcho), o americano Barry Ford, o carioca Mateus Araujo e o paraense formado nos EUA Enaldo Oliveira já foram titulares da orquestra, que desde janeiro de 2011 é conduzida pelo maestro paraense, também formado nos EUA, Miguel Campos Neto.
A orquestra começou com músicos de bandas militares, como dos Bombeiros e da Polícia Militar e alguns músicos que vieram da Rússia. Aos poucos, acabou absorvendo músicos paraenses formados no Instituto Carlos e na Orquestra Jovem Vale Música. Atualmente, os músicos são 100% formados no Pará, mas alguns deles saíram para integrar orquestras mundo afora.
Papo Reto
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·É um caso emblemático da Justiça paraense e o fiscal da lei, o Ministério Público, não parece estar deferindo a prioridade necessária.
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