Obras da COP30 devem sair, mas em número e estruturas menores que a previsão do governo

Filtro natural da administração pública foca obras essenciais, abandonando devaneios da extensa e festiva lista inicial.

26/01/2025, 08:30
Obras da COP30 devem sair, mas em número e estruturas menores que a previsão do governo
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COP30, marcada para os dias 10 a 20 de novembro, em Belém, foi chamada e tratada pelo pomposo nome de “COP30 Amazônia” durante a visita da comitiva da Secretaria das Nações Unidas para a Mudança do Clima - UNFCCC da sigla em inglês -, que passou a semana em Belém acompanhando o andamento das ações de preparação para o evento. O relatório técnico da missão será divulgado nos próximos dias, mas, no encerramento da visita, sexta-feira, 24, os representantes fizeram uma avaliação prévia positiva do que viram.

Obras do centro de Belém são essenciais; fica mantida a ampliação da rua da Marinha, mas obra da avenida Liberdade, mais complicada, dificilmente será retomada/Fotos: Divulgação.
Porém, o que poderia ser motivo de celebração para o governo do Estado mereceu registros tímidos diante do impasse que ainda vinha sendo mantido com a ocupação, há mais de dez dias, do prédio da Secretaria de Educação por lideranças indígenas que protestam contra a Lei nº 10.820, que traz insegurança jurídica à educação indígena.

Ofuscado pela crise

Com um resultado pífio da reunião realizada com poucas lideranças indígenas na noite de quinta-feira, 23, o próprio governo não mencionou o nome do governador Helder Barbalho no anúncio da entrevista coletiva chamada para sexta-feira, 24. Para evitar manifestações contra a COP, a participação do governador foi feita de “surpresa” ao lado da vice-governadora e presidente do Comitê Estadual da COP 30, Hana Ghassan.

Do lado do governo federal participaram o embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30; a secretária executiva da Casa Civil da Presidência da República, Miriam Belchior; e o secretário extraordinário para a COP30, Valter Correia. Pela UNFCCC, participaram a secretária executiva adjunta Noura Hamladji, presencialmente e, remotamente, o secretário executivo do órgão, Simon Stiell.

Governo confiante

Maior entusiasta da comitiva, a secretária executiva da Casa Civil, Miriam Belchior, considerou ágil a execução dos projetos voltados para a COP em Belém. “Considero que o planejamento para o evento foi entregue com bastante antecedência e estamos confiantes”, disse ela ao responder a um dos questionamentos.

A partir de agora, toda a execução será acompanhada mais de perto pela UNFCCC, que fará ainda outras três missões a Belém antes da COP30, marcada para os dias 10 a 20 de novembro. Por vídeo, o secretário Simon Stiell lembrou que a logística de um evento do tamanho da COP é complexa em qualquer lugar do mundo, mas se disse satisfeito com as informações sobre os preparativos que recebeu de sua adjunta Noura Hamladji, integrante da comitiva.

Um nome pomposo

Na coletiva, o nome “COP30 Amazônia” estava em todos os materiais impressos, inclusive no banner preparado para a foto oficial. O embaixador André Corrêa do Lago, recém empossado pelo presidente Lula como presidente da COP30, declarou inicialmente que Belém não tem a estrutura necessária para acomodar o evento da mesma forma que muitos outros lugares não teriam, pelo próprio tamanho do evento, mas garantiu que acredita na união de esforços. “Estamos vendo uma união muito boa entre o Pará e o governo brasileiro para abraçar esta COP, e vamos fazer com que o evento realmente tenha a importância que merece neste contexto mundial bastante desafiador”, disse ele.

Na prática, fonte da Coluna Olavo Dutra afirma que muitos tópicos da imensa lista de obras divulgadas internamente, em Belém, como sendo da COP30, logo que o evento foi anunciado na capital paraense, não sairão da promessa. Ainda é cedo para dizer quantas ficarão para trás, mas, no frigir dos ovos, a apenas dez meses do evento, já é possível ver mudanças drásticas no cenário planejado.

O que sobra do filtro

Certo mesmo, além dos dois grandes hotéis que são da iniciativa privada e certamente ficarão prontos, até porque já estão com as futuras acomodações todas reservadas, devem sair a obra do Porto Futuro II, no complexo da Estação das Docas, e o Parque de Belém, onde será montada toda a estrutura do evento, com a construção da Vila COP30, que já está com a ordem de serviço da construção assinada pelo governador Helder Barbalho. A Vila, depois dos dez dias de COP, ficará para o Estado, servindo como centro administrativo do governo.

Na área de mobilidade, foi mantida a ampliação da rua da Marinha, mas a polêmica obra da avenida Liberdade, cortando e colocando em risco parte da biodiversidade da Área de Preservação Ambiental de Belém, foi colocada de molho, e dificilmente haverá tempo hábil para uma retomada.

No quesito hospedagem, o secretário Valter Correia já admitiu que em lugar de navios de cruzeiros na orla de Belém, o que há de fato é a contratação das obras no Porto da Sotave, na Ilha de Outeiro, com capacidade para comportar dois navios transatlânticos de cruzeiro que, juntos, somarão entre 4 e 5 mil leitos. A adaptação para o Porto da Sotave reduz para a metade o planejado para a orla de Belém, que seriam quatro navios.

Fé nas estratégias

Correia disse que há várias estratégias desenvolvidas pelos governos do Pará e federal para conseguir ofertar leitos para vários públicos diferentes. “Temos aluguel por temporada, áreas militares e escolas que estão sendo reformadas. Nós estamos com a tranquilidade de que vamos conseguir atender a demanda de leitos para os vários públicos da COP30”, garante ele, usando como base os números das últimas edições do evento.

De acordo com a ONU, a conferência climática do ano passado, na cidade de Baku, no Azerbaijão, teve como pico de participantes 28 mil pessoas em um único dia.

Papo Reto

·Do ex-prefeito Zenaldo Coutinho (foto) sobre as explicações da Prefeitura de Belém para as nomeações de última hora na Arbel:

·“Li a matéria sobre a ‘postura republicana’ de Edmilson Rodrigues em relação às nomeações feitas para a Arbel em minha gestão.

·Há enorme diferença entre as escolhas feitas e o arranjo político de última hora para extensão de mandato produzido atabalhoadamente pelo ex-prefeito de Belém.  Tive todo tipo de pressão para fazer o mesmo ao fim de meu governo, mas não cedi.

·A nomeação do ‘prefeito de fato’, Aldenor Júnior, de militantes partidários sem nenhuma formação técnica, da transferência da irmã Edilene para o órgão formaram o caldeirão fervente da indignação”. 

·Mais perdido do que cego em tiroteio, o governo promete reduzir tarifas de importação para "baratear alimentos e estimular a produção agrícola".

·Torcendo o nariz para a medida, lideranças do agro reafirmam: tudo não passa de "nova tentativa de enfraquecer o setor que o PT tanto odeia", mas que "tem segurado a onda da desidratada economia brasileira."

·Desde sexta-feira, a Defesa Civil de São Paulo envia mensagens via celular alertando a população para iminência de temporais.

·Com a fuga acelerada de capitais e a não captação de novos investimentos, fruto da instabilidade política da gestão Lula3, as contas externas brasileiras tiveram saldo negativo de US$ 56 bilhões em 2024, diz o Banco Central.

·O STF fixa prazo de cinco dias para a Loterj proibir credenciamento de bets fora do Rio de Janeiro. 

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