Justiça

Moraes homologa delação premiada e manda soltar Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro

Militar está preso desde maio e terá que usar tornolezeira eletrônica

09/09/2023 13:00
Moraes homologa delação premiada e manda soltar Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro

Um dos principais auxiliares do ex-presidente Jair Bolsonaro nos quatro anos de governo, o ex-ajudante de ordens Mauro Cid teve seu acordo de delação premiada com a Polícia Federal homologado neste sábado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Moraes também concedeu liberdade ao tenente-coronel, mas com algumas condições, como utilizar tornozeleira eletrônica, a proibição de sair de casa à noite e se comunicar com outros investigados nos casos dos quais é alvo. Além disso, a decisão do ministro determina que ele fique afastado de suas funções no Exército. A expectativa é que ele seja solto ainda neste sábado.

Na prática, a decisão representa o aval da Justiça para que o tenente-coronel colabore com investigações que envolvem ele e o ex-titular do Palácio do Planalto em troca de benefícios, como redução ou perdão judicial em caso de condenação.

Cid, que é tenente-coronel da ativa do Exército, está preso desde o dia 3 de maio e é alvo de suspeitas que envolvem fraude em cartões de vacinação, venda irregular de presentes dados ao governo brasileiro e tramas para um possível golpe de estado no país. Como revelou o blog da jornalista Andréia Sadi, do g1, a proposta de delação apresentada pela defesa do militar envolve os três temas.

A homologação do acordo é considerada uma das fases mais importantes das tratativas de colaboração premiada, uma vez que confirma a validade dos termos apresentados pelo colaborador, assim como a sua intenção de colaborar "de livre e espontânea vontade". Agora, ele deverá entregar aos investigadores elementos que ajudem a comprovar o que ele vai dizer aos investigadores.

Segundo a colunista Bela Megale, do GLOBO, a delação deverá implicar diretamente Bolsonaro. Em posse do celular do ex-ajudante de ordens, a PF só aceitou seguir com a negociação de um acordo se Cid relatar todos os fatos que pesam sobre o ex-presidente, indicando a participação de outros envolvidos. Ou seja, o acordo não se limita a apenas confessar seus crimes, mas a apontar o papel de todos os envolvidos, entre eles, o ex-presidente.

(Com O Globo)

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