Jutuba, a ilha esquecida, em Outeiro, pede socorro para fugir do isolamento iminente

A apenas uma hora de barco a partir do Porto de Icoaraci, ilha perde para o tempo e para as águas único equipamento capaz de atender a comunidade no transporte diário.

01/01/2025, 12:00
Jutuba, a ilha esquecida, em Outeiro, pede socorro para fugir do isolamento iminente
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oradores da capital paraense podem até não ter a devida noção, mas Belém, desenhada por rios, igarapés e canais possui uma área insular com 329,9361 km² composta de 42 ilhas, que formam 65% de todo o território do município, sendo as mais conhecidas as Ilhas de Mosqueiro, Caratateua – Outeiro -, Cotijuba, Combu, das Onças e a de Jutuba. 


Instalações portuárias são consumidas pelo desgaste e exigem manutenção, sob pena de isolar os moradores em uma das cinco ilhas do entorno de Belém/Fotos: Divulgação.
 

Em frente a Outeiro e a uma hora de barco, partindo do Porto de Icoaraci, fica a Ilha de Jutuba, onde moram 46 famílias que dependem do único trapiche que serve à comunidade, mas está em situação precária, prestes a cair, segundo denúncias dos moradores. 

 

A denúncia dá conta de que o trapiche, que antes era de madeira, foi reconstruído em concreto e cimento no governo de Ana Júlia Carepa, do PT, entre 2007 e 2010. Quatorze anos depois, o trapiche, que nunca recebeu manutenção, mostra problemas de desgaste, peças de concreto que foram perdidas e problemas com a erosão natural provocada pelo tempo.

 

 “Esse trapiche foi construído no mandato de Ana Júlia, a quem só temos a agradecer, porque quando ela estava no governo olhava pelos moradores das ilhas. Esse trapiche é de suma importância para a ilha, pois aqui desembarcam as crianças que vêm das escolas. Podemos ver que ninguém faz nada para melhorar a situação do trapiche e a tendência é piorar”, conta um morador. 

 

A ilha esquecida

 

Jutuba é uma ilha que pertence a Belém, exatamente ao Distrito de Outeiro. É uma comunidade que tem apenas 46 famílias e cerca de 120 habitantes, que vivem da pesca e do açaí.  “Usamos esta denúncia para chamar a atenção das autoridades para que venham nos ajudar de alguma forma”, continuou o morador.  

 

Os moradores contam que a situação do trapiche piorou devido às marés muito altas, ventos fortes e constantes maresias dos últimos meses, causando mais rachaduras no concreto. Os bancos de madeira no local estão deteriorados; os corrimões apresentam rachaduras e foram amarrados com pedaços de câmeras de pneus para não caírem, mas, ainda assim, partes dele não existem mais; na parte de atracação do trapiche faltam placas de concreto, o que deixou buracos grandes; e o vento já derrubou muitas telhas da cobertura do trapiche.  

 

Ou a ilha perdida?

 

A Ilha de Jutuba faz parte da administração do Distrito de Outeiro. Mas uma moradora é enfática em dizer: “Se o agente distrital não faz nada por Outeiro, imagina se vai olhar pro Jutuba”.  A ilha, pelo menos uma vez ao ano, é lembrada pelo poder público, quando há uma ação da Fundação Centro de Referência em Educação Ambiental Escola Bosque - Funbosque -, junto com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente do Estado, que leva à ilha estudantes da Escola Bosque para que façam a soltura de quelônios que são devolvidos ao habitat natural na praia da ilha. Houve essa ação em 2022 e 2023, com a participação do então prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, do Psol.  


Entre janeiro de 2021 e 2023, houve quatro solturas na mesma praia de Jutuba. Em 2021, ocorreu a primeira, no mês de janeiro, quando foram soltos 61 animais, entre tartarugas da Amazônia, peremas e tracajás. Na segunda oportunidade, em julho do mesmo ano, andaram em direção ao rio Pará, habitat natural deles, 61 tracajás. Mas, nem o apelo ecológico parece ter feito algum efeito no ano de 2024, porque o abandono do trapiche é visível e os moradores pedem providências.  

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