oradores da capital paraense podem até não ter a devida noção, mas Belém, desenhada por rios, igarapés e canais possui uma área insular com 329,9361 km² composta de 42 ilhas, que formam 65% de todo o território do município, sendo as mais conhecidas as Ilhas de Mosqueiro, Caratateua – Outeiro -, Cotijuba, Combu, das Onças e a de Jutuba.
Em frente a Outeiro e a uma hora de
barco, partindo do Porto de Icoaraci, fica a Ilha de Jutuba, onde
moram 46 famílias que dependem do único trapiche que serve à comunidade,
mas está em situação precária, prestes a cair, segundo denúncias dos
moradores.
A denúncia dá conta de que o
trapiche, que antes era de madeira, foi reconstruído em concreto e cimento no
governo de Ana Júlia Carepa, do PT, entre 2007 e 2010. Quatorze anos
depois, o trapiche, que nunca recebeu manutenção, mostra problemas de desgaste,
peças de concreto que foram perdidas e problemas com a erosão natural
provocada pelo tempo.
“Esse trapiche foi construído
no mandato de Ana Júlia, a quem só temos a agradecer, porque
quando ela estava no governo olhava pelos moradores das ilhas. Esse
trapiche é de suma importância para a ilha, pois aqui desembarcam as
crianças que vêm das escolas. Podemos ver que ninguém faz nada para
melhorar a situação do trapiche e a tendência é piorar”, conta um
morador.
A ilha esquecida
Jutuba é uma ilha que pertence a
Belém, exatamente ao Distrito de Outeiro. É uma comunidade que tem
apenas 46 famílias e cerca de 120 habitantes, que vivem da pesca e do
açaí. “Usamos esta denúncia para chamar a atenção das
autoridades para que venham nos ajudar de alguma forma”, continuou o
morador.
Os moradores contam que a situação do
trapiche piorou devido às marés muito altas, ventos fortes
e constantes maresias dos últimos meses, causando mais
rachaduras no concreto. Os bancos de madeira no local estão
deteriorados; os corrimões apresentam rachaduras e foram amarrados
com pedaços de câmeras de pneus para não caírem, mas, ainda assim, partes dele
não existem mais; na parte de atracação do trapiche faltam placas de
concreto, o que deixou buracos grandes; e o vento já derrubou muitas
telhas da cobertura do trapiche.
Ou a ilha perdida?
A Ilha de Jutuba faz parte da
administração do Distrito de Outeiro. Mas uma moradora é enfática em
dizer: “Se o agente distrital não faz nada por Outeiro, imagina se vai
olhar pro Jutuba”. A ilha, pelo menos uma vez ao ano, é
lembrada pelo poder público, quando há uma ação da Fundação Centro de
Referência em Educação Ambiental Escola Bosque - Funbosque -, junto
com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente do Estado, que leva à
ilha estudantes da Escola Bosque para que façam a soltura de
quelônios que são devolvidos ao habitat natural na praia
da ilha. Houve essa ação em 2022 e 2023, com a participação do então
prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, do Psol.
Entre janeiro de 2021 e 2023, houve
quatro solturas na mesma praia de Jutuba. Em 2021, ocorreu a
primeira, no mês de janeiro, quando foram soltos 61 animais,
entre tartarugas da Amazônia, peremas e tracajás. Na segunda oportunidade, em
julho do mesmo ano, andaram em direção ao rio Pará, habitat natural deles,
61 tracajás. Mas, nem o apelo ecológico parece ter feito algum
efeito no ano de 2024, porque o abandono do trapiche é visível e os
moradores pedem providências.