s reformas administrativas implementadas pelo novo prefeito de Belém, Igor Normando, do MDB, não devem ser consideradas, por assim dizer, inéditas. Na verdade, em se tratando da Secretaria de Educação, parecem a imagem esculpida encarnada do que ocorre no âmbito da Secretaria de Educação do Estado, a Seduc - e nem poderia ser diferente.

Parece que “achando” que a confusão na Seduc é pouco, o secretário Patrick Trajan vem se comportando como um “clone”, revirando as estruturas da Secretaria de Educação de Belém e abrindo um leque de problemas para este começo de ano letivo. Para se ter ideia, por memorando enviado às escolas e centros especializados, o secretário informa a retirada de profissionais com mais de 20 anos de experiência em suas áreas, a maioria, inclusive, com doutorado.
No olho da rua
Exemplo disso ocorreu no último dia 30 no Centro de Formação de Professores Paulo Freire, iniciado há quase 20 anos e referência no Estado em formação continuada de professores, algo que poucos municípios têm. Nesse barco afundado, cerca de 30 professores e técnicos, doutores e mestres foram mandados para o olho da rua.
Coisa parecida aconteceu no Centro de Referência em Inclusão Educacional Gabriel Lima Mendes, organismo ligado à Secretaria de Educação, que atua na formação de professores para atendimento a crianças com deficiência, alcançando cerca de 3,5 mil alunos surdos, cegos, surdocegos, portadores de TEA, com síndrome de Down e altas habilidades-superdotação.
Sob nova direção
Pelo visto, a educação inclusiva da Secretaria ficará sob o comando de Nayara Barbalho, vereadora eleita e agora Secretária de Inclusão e Acessibilidade de Belém. O currículo cumpre os requisitos necessários para assumir cargos no governo: prima do governador, mãe atípica e advogada, mas de formação acadêmica considerada modesta. Nay Barbalho visitou e postou sua visita ao Centro eu suas redes sociais garantindo que nada aconteceria para interromper o ‘trabalho brilhante’ dos professores e técnicos - mas não combinou com o chefe: no dia seguinte, os contracheques vieram com a surpresa de perda de todas as gratificações dos professores.
Por memorandos
O procedimento do secretário Patrick Trajan foi de garantir no discurso, por meio de memorando de 28 de janeiro, que o Centro de Referência em Inclusão Educacional Gabriel Lima Mendes não seria desmontado e que todas as ações continuariam. No entanto, dias antes, em 24 de janeiro, por meio do Memorando Circular 06/2025, o secretário informa que as gratificações que o professor recebe - regência de classe, hora atividade e hora pedagógica - estariam suspensas, a menos que se apresentassem às escolas para a lotação.
Em outras palavras, se o professor quiser continuar nos Centros de Atendimento, pode ficar; mas com cerca de R$ 3 mil a menos em seus já magros salários.
Quem se habilita?
Outra barbaridade foi cometida nas escolas de educação infantil, nas quais foi facultado - Portaria nº 263/2025-GAB/Semec, art 31 - lotar mais de um professor nas turmas de Jardim I - 3 e 4 anos. Imagine deixar um filho de 4 anos em uma sala com um pedagogo que tomará conta de 20 crianças, podendo, quase com certeza, ter entre elas crianças autistas, que exigem mais atenção e cuidado. Detalhe: esses educadores da infância, além de ensinar o que exigem os documentos oficiais, ainda alimentam, limpam, trocam fraldas, dão banho e acompanham o sono das 20 crianças. Quem se habilita ao emprego? Nem se deveria cogitar deixar um profissional sozinho com tantas responsabilidades com vidas infantis.
Estado de ebulição
Por essas e outras a comunidade de trabalhadores da educação municipal está em ebulição. Já estão em greve os professores do Estado, movimento adensado pelo movimento dos indígenas por educação, e agora podem ter a adesão de mais um grupo: os professores do município.
No ano da COP, os secretários aquecem o clima,
Papo Reto
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