IBGE aponta bairro do Guamá, com mais de 81 mil habitantes, como o mais populoso de Belém

Entre os quatro maiores bairros da capital, a maioria perdeu moradores, fenômeno que não ocorreu nos bairros do Coqueiro, Parque Verde e Sacramenta, segundo o levantamento.

29/11/2024 11:00
IBGE aponta bairro do Guamá, com mais de 81 mil habitantes, como o mais populoso de Belém
S

 

emana passada, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística publicou, com base no Censo 2022, que o bairro do Guamá, com 81. 227 moradores, é o mais populoso de Belém. No Brasil, o mais populoso é Campo Grande, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, com cerca de 352 mil moradores, número muito maior do que vários municípios do País.  


Bairro mais populoso de Belém avança sobre o rio que lhe empresta nome e tem problemas de habitação, mobilidade e segurança/Fotos: Divulgação.

Na publicação é possível acessar informações sobre a população por bairro no Portal do IBGE e no Panorama do Censo. Nesses sites também estão disponíveis mapas interativos que permitem buscas por locais específicos e selecionar distritos, subdistritos ou setores censitários.

 

Os dez mais no Brasil

 

A cidade do Rio de Janeiro tem seis dos dez bairros mais populosos do País, com destaque para o crescimento da Zona Oeste. São Paulo contribui com quatro, mas o que chama atenção é que na posição 11º está o bairro de Cidade Industrial, na Grande Curitiba, no Paraná.

 

Os outros bairros mais populosos do Rio de Janeiro são Santa Cruz, Jacarepaguá, Bangu, Copacabana e Barra da Tijuca. A população da Zona Oeste do Rio de Janeiro representa 41,36% do total do município, com 2.614.728 habitantes.  

 

Os quatro mais de Belém 

 

De acordo com o IBGE, a população estimada de Belém para 2024 é de 1.398.531 pessoas, e os bairros mais populosos, além do Guamá, em primeiro, e pela ordem, são: Tapanã, com 69 mil habitantes; Pedreira, com 64 mil habitantes; Marco, com 59 mil habitantes; Marambaia, com 58 mil habitantes  

Outros bairros que se destacam são: Jurunas (53 mil); Coqueiro (49 mil); Terra Firme (46 mil); Parque Verde (42 mil) e o bairro da Sacramenta (40 mil). Mas, ainda segundo o Censo 2022, a maioria desses bairros perdeu população, com poucas exceções, como Coqueiro, Parque Verde e Sacramenta. 

 

Sobre a população de Belém, o IBGE informa que em 2022, a população da capital paraense era de 1.303.403 habitantes e a densidade demográfica era de 1.230,25 habitantes por quilômetro quadrado. Na comparação com outros municípios do Estado, ficava nas posições 1 (de população) e 2 (de densidade demográfica) entre as 144 unidades do Pará. Já na comparação com municípios de todo o País, ficava nas posições 12 e 88 de 5570. 

 

O bairro do Guamá

 

O Guamá vem do vocabulário indígena com o significado “rio que chove” e não é à toa que o bairro avança até chegar às margens do rio que lhe dá nome. O bairro começou a ficar populoso devido à sua localização perto do centro, especialmente sua proximidade com São Brás, por onde chegavam migrantes, principalmente nordestinos, atraídos pela economia da borracha.  

 

Esse bairro, antes periférico, teve sua origem atrelada a tristes condições humanas e sociais e se tornou um local com identidade cultural própria. Lentamente, o bairro foi se formando, mas ainda apresenta condições precárias, sendo um reflexo de políticas públicas não executadas ou mal executadas. 

 

Hospital deu origem 

 

O historiador José Messiano Ramos, autor do livro “Entre Dois Tempos: Breve História do Bairro do Guamá”, explica que há mais de 200 anos foi inaugurado, às margens do Igarapé do Tucunduba um hospital para isolamento das pessoas portadoras de hanseníase, naquela época, chamada de lepra, sendo o primeiro hospital para pessoas com a doença de toda a região amazônica.  A urbanização do bairro se deu a partir da instalação desse hospital, que perdurou por mais de 120 anos. 

 

Essa tradição de hospitais no bairro do Guamá permanece com os hospitais públicos como o Pronto-Socorro do Guamá, o Bettina Ferro, além do hospital universitário Barros Barreto, e a UPA da Terra Firme, que fica no limite entre os dois bairros. O bairro também abriga um grande hospital particular da rede Unimed.  

 

No bairro está também a Universidade Federal do Pará, a maior da Região Norte, e o histórico cemitério de Santa Isabel. A Praça Benedito Monteiro é o ponto de encontro para lazer, esporte, música e arte.  

 

Mas sobram problemas

 

Por outro lado, por ter crescido de forma muito desordenada, o Guamá tem sérios problemas com o trânsito, que é muito complicado e até já foi comparado com o trânsito de Nova Déli, na Índia, um dos mais caóticos do mundo.  

 

A violência também se faz presente. O bairro já foi palco de chacinas, como a que em 2019, deixou 11 pessoas mortas e uma gravemente ferida, após sete homens encapuzados dispararem contra os ocupantes de um bar - o Bar da Wanda - na tarde de um domingo, em maio daquele ano.  Entre os mortos, seis eram mulheres e cinco, homens. 

 

Na noite de domingo, 24 deste mês, Lucas David foi morto a tiros e outro homem foi baleado durante tiroteio, justamente na Praça Benedito Monteiro, onde a noite “ferve” no Guamá. Lucas estava trabalhando quando foi atingido. E neste ano, o Instituto Fogo Cruzado mapeou 26 tiroteios no bairro do Guamá, em Belém, nos quais 20 morreram e 12 ficaram feridos.  

 

Papo Reto

 

· O jornalismo do Pará foi duplamente premiado na noite de quinta-feira, 28, em Brasília, na festa de encerramento do Prêmio Sebrae de Jornalismo.

 

· A reportagem “Muito além do açaí: como o chocolate produzido localmente está sendo uma alternativa à monocultura”, da plataforma paraense Amazônia Vox, escrita por Daniel Nardin (foto), ganhou, primeiro na categoria Jornalismo em Texto.

 

· Na mesma noite a Amazônia Vox recebeu o Grande Prêmio Sebrae de Jornalismo, como o melhor entre todos os trabalhos selecionados. A equipe vitoriosa, além de Daniel, é integrada por Marcio Nagano, Raffa Regis, Ana Paula Santos e Ricardo Garcia.   

 

· A imprensa do Pará também estava na final do Prêmio Sebrae na categoria Jornalismo em Vídeo, com a reportagem “Encauchados: empreendedorismo social que trabalha o desenvolvimento comunitário e a inovação com foco na preservação da Amazônia”, da TV Cultura do Pará, da jornalista Andreia Teixeira.

 

· Ficou muito estranho o pedido de exoneração do ex-deputado Jaques Neves da direção-geral do Hospital Ofir Loyola. No português claro, ele alega, no documento, que, apesar dos esforços, não deu vencimento dos problemas.

 

· Jaques não diz, mas o que circula é que a falta de medicamentos específicos para tratamento de câncer, devido à quebra de contratos com fornecedores, foi determinante na decisão.  

 

· Dizem mais: uma suposta folha de pagamento suplementar enxertada com salários incompatíveis com as funções e a realidade financeira e orçamentárias do hospital atropelaram a gestão.

 

· Enfim: Jair Francisco de Santana Graim responde interinamente pelo cargo.

 

· O dólar americano manda dizer ao mercado que acredita tanto no plano de contenção de gastos do governo Lula quanto em uma moeda de R$ 3.


· Para não deixar dúvida, ontem a moeda ultrapassou a casa dos R$ 6,009 pela primeira vez na história, mas os sinais vêm desde a quarta-feira, quando atingiu a marca de R$ 5,91.

Mais matérias OLAVO DUTRA