Governo apresenta Nova Doca, agora com jardins suspensos, não plantas artificiais; é o mesmo.

Secretaria de Comunicação Social segue se atrapalhando e dando panorama para as mangas da população; “arborização” não tem cara de Amazônia.

31/03/2025, 12:30

Comunicação oficial do governo volta a atacar com influenciador tentando convencer o público distinto do acerto do plantio/Fotos: Divulgação.


I


magine que você é proprietário de uma grande empresa e, de alguma forma, tem seu trabalho sujeito a críticas porque impacta a população. Pense em um modelo de gestão de comunicação para ir em frente nestes tempos de mídias ultrarrápidas. Um bom exemplo seria a Secretaria de Comunicação do governo do Estado, mas ao contrário.

Veja tudo o que a Secom promove de gerenciamento de crises, faça exatamente ao contrário e mantenha-se longe, inclusive. Porque, como diria o presidente Lula, “nunca antes na história de um Estado” se viu tantos atropelos de comunicação no Estado como nos últimos quatro meses.

A população nem se refez da informação mal explicada dos R$ 15 milhões que ninguém sabe de onde saiu para o colo da escola de samba Grande Rio, do Rio de Janeiro, caiu na forte ocorrência do povo de Salvaterra que fez o governo recuar e reduzir um reajuste de tarifa de 23% para 10% para a travessia de Belém ao Marajó. Agora, uma nova polêmica está postada: o plantio de “árvores artificiais” para a COP30.

Antes do previsto

A polêmica é tão pesada, e porque as “árvores” foram batidas no jornal “Folha de S. Paulo”, com críticas - aliás, alguém viu questionamento sobre elas nos jornais de Belém? -, que a comunicação do governo do Pará, além de lançar mão, mais uma vez, de influenciadores tentando defender o indefensável, que vai “abrir”, tirando os tapumes, um trechinho da Nova Doca.

A partir das 17 horas desta segunda-feira, 31, o governador Helder Barbalho e a vice-vice, Hana Ghassan, acompanham vão o “andamento da obra”, um dos investimentos para a realização da conferência mundial da ONU, da chamada quadra 1, entre a Pedro Álvares Cabral- rua Belém- avenida Marechal Hermes, que, dizem eles, “já está na fase de acabamento, com o paisagismo sustentável e a instalação de equipamentos públicos”.

"Com a reta final da obra na quadra 1, foram retirados os últimos tapumes do local, garantindo que a população também acompanhe o andamento do projeto. Durante o evento, a Bandeira do Pará será apressada. Nesta semana, será liberado o trânsito em mais duas faixas do perímetro, que recebeu nova pavimentação e sinalização asfáltica", diz o material de pauta distribuído pela Agência Pará.

Paisagismo sustentável

A quadra 1 da Nova Doca “já recebeu árvores transplantadas das obras de macrodrenagem e saneamento do Canal União e da Nova Rua da Marinha”, que também são investimentos transferidos à COP30. E por incrível que parece, neste trecho da pauta da Agência Pará, o governo do Estado está admitindo que desmatou - e muito - a área da rua Marinha, um ponto de ter vegetais para transplantar para outro ponto da cidade. E aqui também começa a mudar, mais uma vez, o discurso da comunicação do governo.

A reportagem publicada pela Agência Pará, na terça-feira, dia 25, que deu início à polêmica das “árvores artificiais”, foi acrescida da seguinte nota: "Esta matéria foi atualizada, trocando o termo 'árvores artificiais' por 'jardins suspensos'. O termo inicialmente escolhido não explicou corretamente o que são essas estruturas e ainda levava a um entendimento errado, uma vez que todas as plantas são naturais e construídas em uma estrutura feita de material reciclado".

A reportagem foi assinada pelo jornalista Ingo Müller, que não inventaria o termo se alguém não tivesse passado a ele. Mesmo porque, no início desta reportagem, há uma aspa da arquiteta Naira Carvalho, da Secretaria de Obras Públicas do Pará: “A ideia surgiu devido à necessidade de sombreamento e a não disponibilidade de solo para plantio.

O novo material de imprensa diz: “O espaço conta com 'jardins suspensos', estruturas feitas a partir de material reciclado, como vergalhões, que seriam descartados, que servirão de suporte para plantas vivas, instalados onde o plantio direto não é possível, fornecendo uma solução ecológica para gerar sombra”. Agora, e somente agora, a coisa em si parece mais simples.

Belém não é Cingapura

Na postagem da influenciadora , que surgiu no domingo, 30, nas redes sociais do governo, uma moça diz que as “árvores artificiais” eram um “protótipo”. Quem viu as fotos, distribuídas pela própria Agência Pará, viu que eram muitos “protótipos”. No domingo, os “protótipos” foram dizimados e substituídos por outros. E essa mudança é enfatizada pela influenciadora , que diz no vídeo: “É esse aqui que vale!”.

E está lá o suporte de vergalhão de ferro, tentando imitar as tais árvores de Cingapura, que foram criados para outro fim sem ouvir quem importa: agrônomos, paisagistas, engenheiros florestais, enfim, pessoas que entendem e podem dar uma solução de natureza que a Nova Doca exige.

Papo Reto

· A Polícia Civil do Pará marcou para esta quinta-feira uma manifestação de 24 horas em frente à Delegacia-Geral.

·O chamado Movimento Unificado dos policiais civis tem participação do Sindipol, Adepol e Sindelp, e prevê direitos defensores, melhorias das condições de trabalho e valorização salarial.

·O pesquisador da Amazônia, o brasileiro Eduardo Brondízio (foto) , conquistou o Nobel do meio ambiente, dividindo o prêmio com a argentina Sandra Díaz.

·Patologia neurológica muito comum caracterizada por descargas elétricas excessivas no cérebro, uma epilepsia que afeta 65 milhões de pessoas no mundo, diz a Liga Brasileira de Epilepsia.

·Apesar das tarifas abusivas que a prática e da proteção do governo - que não permite a concorrência de voadoras estrangeiras no mercado interno -, a Gol segue grogue pelo prejuízo de mais de R$ 6 bilhões acumulados em 2024.

·Incrível, mas esse eterno prejuízo das companhias aéreas brasileiras nunca ninguém conseguiu explicar.

·Provocou risos dos bolsonaristas em uma rede social a guerra de xingamentos de um petista enfurecido - usando, claro, perfil falso - para atacar o Grok. A criatura não sabia que Grok é a inteligência artificial de Elon Musk, no X.

·Na maioria dos Estados americanos com vias e rodovias impecáveis, a cota única do IPVA não passa de 23 dólares, ou R$ 132.

·No Brasil, donos de carros são extorquidos com "chaves falsas" do tipo IVA, o Imposto de Valor Agregado, concebido pela época de Lula para assaltar: 27%, o mais caro do mundo.

·Um estudo da Universidade de Northumbria, no norte da Inglaterra, comprovou que inalar o aroma do alecrim turbina a memória em até 75%.

·Um aumento significativo de casos de câncer colorretal está previsto para o Brasil nos próximos anos, diz estudo elaborado pela Fundação do Câncer divulgado ontem.

·O número de novos casos deve atingir 21% entre 2030 e 2040, principalmente nas regiões Centro-Oeste e Norte.

Mais matérias OLAVO DUTRA