Obra de saneamento na Baixada da Gentil reduz largura das ruas e causa reclamação de moradores

Única alternativa do projeto financiado pelo BNDES para evitar desapropriação de imóveis residenciais na área foi usada, inclusive com a ampliação de espaço para pedestres.

03/05/2025, 11:00
Obra de saneamento na Baixada da Gentil reduz largura das ruas e causa reclamação de moradores
M


oradores da avenida Gentil Bittencourt, bairro de São Brás, em Belém, celebram apenas em parte a etapa final das obras de saneamento da área onde, a partir da avenida José Bonifácio - da ruada Olaria à travessa Teófilo Conduru - se encontra o canal conhecido como “Baixada da Gentil”.  A obra é financiada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, o BNDES, dentro do pacote da COP30.  

Novo traçado das ruas permite a passagem de apenas um veículo por vez, mas, em compensação, pedestres ganham calçadas mais largas esegurança/Fotos: Agência Pará.  
A preocupação vem por conta do fato de que as ruas que seguem a lateral do canal foram reduzidas para receber calçadas mais largas sem a necessidade de desapropriar imóveis residenciais. Moradores dizem que, antes, era possível o tráfego de dois veículos ao mesmo tempo e ainda sobrava espaço; com as obras, só trafega apenas um veículo por vez. A redução da largura de ruas tem ocorrido em todas as vias readaptadas em Belém, a começar pela Almirante Barroso, com o BRT.   

Segundo o governo do Estado em reportagem de janeiro deste ano, o Canal da Gentil é um dos 12 canais secundários que integram a Bacia do Tucunduba e recebe investimentos de requalificação e adequação. “A obra faz parte de um conjunto da política de saneamento nos canais de Belém e integra o pacote de obras estruturantes da COP30”.     

Água e esgoto     

O trecho entre a rua da Olaria ea travessa Teófilo Conduru tem 550 metros de canal e recebe serviços de retificação; redes de abastecimento de água e de esgotamento sanitário; asfaltamento das vias marginais; construção de uma ponte e de uma passarela; urbanização viária; aterramento de quintais e ciclofaixa.    

Ao todo, serão concluídos mais de 1,4mil metros da via que compreendem o Canal da Gentil, que começa na avenida Tucunduba, na Terra Firme, até a rua Deodoro de Mendonça, em São Brás, e envolvem saneamento com abastecimento de água, esgoto e drenagem; cinco pontes; oito passarelas, uma praça com quadra poliesportiva; dois playgrounds, quatro academias ao ar livre e uma pista de corrida.       

Pacote da COP30    

Semana passada, quando celebrou os 200 dias que faltam até a Conferência do Clima da ONU, em Belém, o governo do Estado divulgou que as obras do Canal da Gentil estão com 78% e vão beneficiar cerca de 300 mil pessoas. Desde 2019, a atual gestão vem destinando muitos investimentos, na casa dos bilhões, para a requalificação de 17 canais em Belém.      

Queixas sem resposta    

Os moradores dizem que o trecho é extremamente movimentado e sempre funcionou como via de escoamento quando a área de São Brás e Terminal Rodoviário fica engarrafada. As pessoas descem a Baixada da Gentil até a Teófilo Conduru para prosseguir viagem, mas, com a obra, essa manobra foi inviabilizada.  

“Agora ficamos sem essa saída”, explica um morador.  “O que queremos é que essa rua seja alargada de novo, para que tenhamos fluidez no trânsito”, cobra outro morador, reclamando que nenhum deles foi ouvido sobre a redução da largura da rua, apesar das tentativas.

Mais matérias OLAVO DUTRA