Instituto Fogo Cruzado divulgou ontem, quarta-feira, relatório anual em que aponta dados inquietantes sobre a violência no Brasil, com destaque para a participação policial em tiroteios, conflitos entre grupos armados e registros históricos de tiros contra crianças e adolescentes que sugere um descontrole da violência armada.
Quase 7 mil tiroteios
Ano passado, o Instituto ampliou sua atuação e incorporou oito novos municípios paraenses à metodologia de análise da violência armada. O monitoramento passou a cobrir 57 municípios em quatro regiões metropolitanas brasileiras - Rio de Janeiro, Recife, Salvador e Belém - registrando 6.769 tiroteios, que resultaram em 5.936 pessoas baleadas, sendo 4.104 mortas e 1.832 feridas.
O dado que ainda chama atenção, ano após ano, é que quase 29% desses confrontos ocorreram durante ações policiais.
Estudo em um ano
O primeiro ano completo de monitoramento do Fogo Cruzado no Pará revelou um cenário alarmante da violência armada na Região Metropolitana de Belém: 41% das mortes violentas registradas estão diretamente relacionadas a ações policiais, a maior porcentagem entre as regiões metropolitanas acompanhadas pelo Instituto.
Se em Belém a polícia mata em 41% dos casos, em Salvador esse índice é de 38%, no Rio de Janeiro, 36%, e em Recife, 4%. Pelo relatório, em Belém, o bairro mais violento é o Guamá, que lidera o ranking com mais tiroteios (27 casos), mais tiroteios em ações policiais (12 casos) e mais baleados (33 casos) em 2024.
Em 2024, na RMB, houve 694 tiroteios, sendo 289 em ações policiais, com 526 mortos, 160 feridos e 686 baleados. Nos motivos dos baleamentos constam: homicídio/tentativa de homicídio, com 286; roubo ou tentativa, com 107; brigas, 19; sequestro/cárcere privado, com 6; tiros a esmo, 6; suicídio, 5; ataques a civis, 4; disparo acidental, 3; disputa, 3; tortura, 2; e rebelião, 1.
Quilombo do Cupuaçu
Um território ilustra a realidade da região: o quilombo Sítio do Cupuaçu, em Barcarena. Entre maio e agosto de 2024, três homens foram mortos em circunstâncias semelhantes a intervenções policiais.
Os dados mostram que o perfil da violência armada na RMB passa pela atuação de grupos armados que atuavam localmente e hoje estão aliados a facções originárias do sudeste do País, grupos de extermínio e, também, uma polícia bastante letal. Essa combinação é desafiadora para a gestão da segurança pública e culmina em um cenário de insegurança e alta vulnerabilidade.
Armado sobre rodas
Os registros de “ataque armado sobre rodas” são essenciais para entender a dinâmica da violência na região. No Pará, esse tipo de ataque é conhecido como “carro preto” ou “carro prata”. A expressão faz referência aos casos de assassinatos - e tentativas - nos quais os tiros são disparados de dentro de um veículo, comumente, associados a grupos de extermínio e milicianos, uma das principais marcas da violência na região e ameaça a toda população. Mesmo que o atirador tenha um alvo definido, o tiroteio coloca muitas pessoas em risco.
Em março do ano passado, um carro parou em frente a um bar em Benevides e os ocupantes dispararam contra os clientes do estabelecimento. Na ocasião, pelo menos seis pessoas ficaram feridas. O auge de ocorrências desse tipo foi em agosto de 2024, quando houve 13 registros, com 12 mortos e um ferido.
Alvo preferencial
Dos 686 baleados, 34% não tiveram raça identificada; desses, 6% eram mulheres e 92%, homens; 52% eram negros, 14%, brancos e 34% não tiveram cor definida. Desse total, 666 eram adultos e 12 eram adolescentes, sendo que 25% destes foram baleados em ações policiais. E ainda, quatro eram idosos e dois, crianças.
A maioria das pessoas foi baleada em suas residências, ou seja, 81 delas. Das profissões, quem mais foi baleada foram os motoristas de aplicativos, 6, seguidos de mototaxistas, 5. Das forças policiais, os policiais militares foram o principal alvo, com 28 baleados.
Belém teve 372 tiroteios; Ananindeua, 124; Marituba, 62; Castanhal, 49; Barcarena, 35; Benevides, 25; Santa Izabel do Pará, 24; e Santa Bárbara do Pará, 3. O bairro com mais tiroteios foi o Guamá, com 27, e o que teve menos foi o Distrito Industrial, com 13; o Guamá lidera em tiroteios em ações policiais com 12, e o Nova União teve menos, com 7; o Guamá continua na liderança dos baleados com 33, enquanto que o Telégrafo teve 18.
N. R: A coluna está aberta a eventuais manifestações e esclarecimentos da autoridade policial do Pará.
Papo Reto
·A Rota do Pará, empresa responsável pela manutenção e investimentos em melhorias na PA-150, esclarece que atua de forma constante para garantir a trafegabilidade e segurança dos usuários.
·Segundo a empresa, as ações de recuperação de conservação das vias já alcançaram mais de 200 km desde que assumiu a responsabilidade PA-150, PA-475, PA-252, PA-151, PA-483 e da Alça Viária.
·A empresa afirma que os trabalhos de recuperação começaram em agosto de 2024 e seguirão até dezembro deste ano, quando todos os 526km entre Belém e Marabá serão totalmente recuperados.
·A empresa reforça que “mantém equipes de monitoramento 24h para atendimento aos usuários e identificação de pontos que necessitem de intervenções ao longo de toda concessão”.
·O ministro Dias Toffoli (foto) anulou todos os atos da Lava Jato contra o réu confesso Antônio Palocci, ex-ministro de Lula e Dilma.
·O Ministério da Agricultura e Pecuária prorrogou de 4 de março para 4 de setembro deste ano o prazo para que as granjas produtoras de ovos identifiquem individualmente seus produtos vendidos a granel.
·As granjas precisarão se adequar para imprimir a data de validade e o número de seu registro do Ministério na casca do produto, isto é, do ovo.
·Finalmente, o governo Federal regulamentou a lei que restringe o uso de celulares em escolas.
·Detalhe: quem precisar utilizar o aparelho como ferramenta assistiva precisará de atestado médico para justificar.