empresa Ciclus Amazônia, responsável pela gestão de resíduos sólidos em Belém, foi multada em R$ 35 milhões pela Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade, a Semas, por jogar lixo sem tratamento prévio e a céu aberto no antigo Lixão do Aurá, em Ananindeua. O local, que não consegue descansar nem depois de morto, vem recebendo descargas de pelo menos 370 caçambas por dia, que jogam lá um volume médio de 7 toneladas diárias de entulhos, conforme foi atestado pelo auto de infração (AUT-24-10/8050882), lavrado contra a empresa.

A primeira multa por uma situação tão
grave como essa chega com apenas seis meses de atuação da empresa, que começou
em 15 de abril deste ano, quando Belém estava com todas as ruas afundadas em
lixo doméstico e entulhos.
Público e notório
Ao mesmo tempo, é uma multa que chega
tarde, já que é público e notório que a empresa Ciclus Amazônia, controlada
pela Terraplena Ltda., e que tem ainda consorciadas as empresas CS Brasil e
Promulti Engenharia, Infraestrutura e Meio Ambiente Ltda. e Terraplena Ltda.,
ganhou a licitação da Prefeitura de Belém sem ter onde colocar um quilo sequer
de resíduo sólido.
Estranhamente estranho
O edital de licitação previa que a
empresa vencedora seria responsável pela coleta, tratamento e destinação final
do lixo. Mas, estranhamente, como foi noticiado aqui mesmo na Coluna
Olavo Dutra à época, a Ciclus ganhou a licitação sem ter sequer
licenciado área para a construção desse local, e logo após iniciar as operações
na capital, procurou a Justiça para obrigar a Guamá Tratamento de Resíduos, o
único aterro sanitário ainda em funcionamento no Pará, a receber todo o lixo de
Belém, Ananindeua e Marituba, no preço que a própria Ciclos se dispôs a pagar,
mas que a Guamá alega que é uma operação deficitária.
Mais estranhamente, ainda, a Prefeitura
de Belém saiu de recorrentes atrasos nos pagamentos das operações da Guamá, que
tinha contrato mensal em torno de R$ 14 milhões, e em seis meses os repasses
para a Ciclus passaram dos R$ 100 milhões, como aponta o Portal da
Transparência, valor já descontando os impostos.
Tem de tudo no lixão
A vistoria técnica da Semas às
operações da Ciclus que terminou em multa no último dia 18 começou em agosto
passado, após o órgão receber denúncias da ação da empresa de depósitos de
resíduos sólidos sem tratamento prévio, a céu aberto, em local inadequado, não
licenciado para a atividade e que já deveria estar descansando em paz há muito
tempo, que é o Aurá.
Lá, os técnicos da vistoria encontraram
de tudo, de lixo doméstico a restos de materiais de construção, passando por
móveis e eletrodomésticos quebrados e um amontoado de milhares de pneus velhos,
conforme demonstram as fotos anexadas ao relatório, que mostra ainda com
clareza o entra e sai de caçambas jogando entulhos no local.
Recebido e assinado
O auto de infração, em consonância com
o Decreto Federal nº 6.514 de 2008, e conforme o artigo 56 da lei Estadual
9.575/2022, foi apresentado pelos técnicos da Semas no “escritório-contêiner”
da empresa, ao representante que estava no local, Yago Fanjas Paixão, advogado
e representante da Ciclus Amazônia.
Aos técnicos, Yago Paixão informou
sobre os planos da empresa em realizar o licenciamento ambiental da área. No
entanto, ele procedeu com a assinatura obrigatória de recebimento do auto de
infração com a multa no valor exato de R$ 35.055.000,00 (trinta e cinco milhões
e cinquenta e cinco mil reais).
Tudo pelo não certo
Apesar de não estar cumprindo
integralmente o que está previsto no contrato (01/2024) vigente com a
Prefeitura de Belém (PMB) desde abril desde ano, o Consórcio Ciclus Amazônia
vem recebendo integralmente o valor total a que tem direito para a coleta e
tratamento de resíduos em Belém.
Tudo em dia
O consórcio Ciclos Amazônia, vencedor
da licitação da Prefeitura de Belém, já recebeu em seis meses, mais de R$ 100
milhões dos cofres municipais pelo contrato, que repassa para a empresa R$
32.668.572,59 por mês, por um período de 30 anos, que totalizam pagamentos na
ordem de R$ 11,760 bilhões ao longo das três décadas de prestação dos serviços,
que na realidade e ao fim das contas está sob controle da empresa Terraplena
Ltda.
O mais absurdo é que o contrato prevê a
construção de um novo Centro de Tratamento de Resíduos, com capacidade para
receber mais de 2,5 mil toneladas de resíduos por dia, mas foi assinado sem
querer. O consórcio sequer tinha um licenciamento de área para a construção do
local, que também até hoje não foi definido.
Procura-se um ecoponto
Fonte da coluna aponta que outro ponto
não cumprido no contrato é a tão falada coleta seletiva. Os tais “ecopontos”,
que seriam locais com equipamentos específicos para a população depositar o
lixo reciclável - vidro, papel, plástico, alumínio, aço e ferro -, ainda não
deram as caras. “A única coisa que fizeram foi instalar umas caixas metálicas
em alguns poucos locais da cidade para que a população deposite entulhos que
antes eram jogados de forma aleatória na rua, mas na hora da coleta esses
resíduos estão indo para o mesmo local do lixo doméstico, sem gerar empregos
com a separação do lixo e prejudicando o meio ambiente. Efetivamente, esse
consórcio recebe por serviços que estão longe de ser prestados a cidade”,
afirma fonte da coluna.
Papo Reto
· Dois conhecidos assessores do
governador Helder Barbalho viraram notícia nas rodas sociais: um é aquele que
não pode ouvir falar de Fórmula 1 que logo manda comprar ingresso para a
"Sala Red-Bull", frequentado por pilotos e celebridades, e que, por
isso, custa verdadeira fortuna. Por sinal, o GP Brasil F1 será em novembro.
· O outro, porque perdeu,
recentemente em Las Vegas, a bagatela de US$ 480 mil. A galera tá podendo...
· A dispensa de Certificado
Sanitário Internacional para exportação de tilápia aos Estados Unidos,
anunciada ontem em Brasília, deve dobrar o volume de vendas do peixe brasileiro
aquele país - maior comprador desse produto -, diz Francisco Medeiros (foto),
presidente da PeixeBR.
· O que preocupa o
governo Lula é que a nova alta de preços afetou mais significativa famílias de
renda mais baixa.
· O novo
recorde de empresas buscando recuperação judicial, a quantidade jamais vista de
falências entre produtores do agro e o rombo histórico nas estatais - pode
chegar a R$ 10 bilhões este ano -, ganharam contorno de tabu não apenas para a
cúpula econômica do governo; e ninguém ousa comentar.
· Não precisa ser economista
para entender que estamos falando de três sinais explícitos de insolvência
gradativa do País, tudo agravado pela fuga indiscriminada de capitais.
· Parlamento e grande imprensa
ruminam a bomba-relógio em sepulcral silêncio, como se tudo estivesse
normal.