izem que a política é reflexo do
comportamento de quem a vive. De fato, em Oeiras do Pará, cidade do Arquipélago
do Marajó, a atual prefeita e candidata à reeleição, Gilma Ribeiro, do PP, tem
tornado a disputa tensa e violenta, dizem os que a cercam.
Semana passada, câmeras de
monitoramento flagraram o que andam fazendo os seguranças da prefeita quando
alguém na rua se manifesta a favor do seu opositor, o candidato Jesus Nahum, do
PSD. Um dos seguranças simplesmente espancou um homem, em plena luz do dia,
depois que ele gritou “55", enquanto a prefeita passava pelo local.
A cena tem se repetido, segundo os
moradores, em diferentes pontos da cidade, mas permanece sem denúncia por conta
do medo dos seguranças, gente que anda armada e que já responde a processos na
Justiça por outros atos de violência. A intimidação tem sido uma das
ferramentas usadas pelo grupo de Gilma Ribeiro diante do risco de fracasso nas
urnas.
A dona da voz
Outra cena lamentável foi a maneira
nada democrática como a prefeita impediu que o ex-prefeito e também candidato
Dinaldo Aires, do MDB, se manifestasse durante uma reunião para apresentação de
projetos em uma comunidade do rio Caracuru, zona ribeirinha de Oeiras do Pará.
A intromissão da prefeita sempre que Dinaldo tentava falar sequer permitiu que
a reunião chegasse ao fim.
Sempre em tom de ameaça e, algumas
vezes, até tocando em Dinaldo - o que seria inadmissível numa situação
contrária -, Dilma afronta o adversário e a todos que estão na reunião.
Esbraveja com qualquer um que tente contê-la e segue apontando o dedo em riste
para Dinaldo. Nem mesmo o mediador do encontro conseguiu conter a prefeita, que
agiu como se dona única da palavra fosse.
Falsas acusações
Também na semana passada, a 45ª Zona
Eleitoral da Oeiras do Pará determinou que a prefeita retirasse de suas redes
sociais uma série de vídeos com falsas acusações contra seus adversários. Uma
resposta ao recurso conhecido como fake news e que vem sendo
usado por Gilma Ribeiro desde o início da campanha.
Na sentença, o juiz Marcello de
Almeida Lopes reitera que “é vedado o uso de conteúdo fabricado, manipulado ou
descontextualizado com o intuito de interferir no equilíbrio da disputa”. A
multa diária para o descumprimento da decisão é de mil reais. Ao que parece,
Gilma Ribeiro deve pensar que, se não levar no voto, leva a eleição
"na palavra".
MPF aciona PF contra
prefeito de Belém por
suposta prática de
difamação eleitoral
A promotora do Ministério Público
Federal, Maria de Nazaré dos Santos Corrêa, da 1ª Zona Eleitoral, requisitou à
Polícia Federal a instauração de inquérito policial contra o prefeito de Belém,
Edmilson Brito Rodrigues (foto) e Ronaldo Nobre dos Santos,
presidente da Coligação “A Nossa Família é o Povo” - Psol-Rede-PT-PCdoB-PV. A
acusação central envolve a disseminação de informações consideradas falsas e
difamatórias por meio de campanhas eleitorais nas redes sociais, onde os
noticiados alegam a existência de uma "máfia do lixo" atuando na
cidade. Outra denunciada é a blogueira Rayana Corrêa, que divulgou as informações.
Propaganda política
A notícia crime foi protocolada pela
empresa Bemaven S.A., ex-prestadora de serviço da Prefeitura de Belém. Na
acusação, a empresa afirma que as postagens da propaganda política do atual
prefeito, que é candidato à reeleição, têm como objetivo deslegitimar as
empresas que prestam serviços de coleta e destinação de resíduos sólidos em
Belém, utilizando termos como "máfia", "esquemão" e
"empresas corruptas". Segundo a Bemaven, as afirmações não apenas são
infundadas, mas também prejudicaram a reputação de seus serviços, especialmente
considerando o alto número de seguidores nos perfis oficiais da campanha.
Nas redes sociais
As publicações em questão foram
divulgadas em diferentes plataformas em redes sociais, incluindo Instagram,
Facebook e YouTube. A denúncia inclui links para as postagens,
que, segundo a Bemaven, propagam informações errôneas sobre a atuação das
empresas no setor de coleta de lixo. A empresa ressaltou na denúncia que as
alegações feitas nas postagens não têm qualquer respaldo em ações judiciais ou
investigações formais por parte da Prefeitura de Belém ou do atual prefeito que
possam indicar a existência de irregularidades.
Na petição, a empresa solicita a
coleta de provas das postagens, incluindo a realização de perícias técnicas
para identificar os identificadores de usuário (ID’s) das publicações e
confirmar sua autenticidade. Além disso, o requerimento abrange a busca e
apreensão de documentos relacionados ao processo licitatório para a coleta de
lixo, bem como a investigação de possíveis ações judiciais ou administrativas
que tenham sido movidas contra as empresas prestadoras de serviços.
Informações falsas
A Bemaven fundamenta seu pedido com
base no artigo 325 do Código Eleitoral, que trata da difamação eleitoral, além
dos artigos 92 e 94 da Resolução TSE nº 23.610/2019, que regulam as condutas
eleitorais. O requerimento de inquérito tem como objetivo garantir a
integridade do processo eleitoral, proteger a imagem das empresas de coleta de
lixo e coibir práticas que possam influenciar negativamente a opinião pública
através de informações falsas.
Abuso de liberdade
Na petição, a empresa afirma que
aguarda a apreciação do pedido pelas autoridades competentes, ressaltando a
importância de “se apurar a veracidade das informações disseminadas e de
responsabilizar aqueles que, segundo a denúncia, abusaram da liberdade de expressão
em prol de objetivos eleitorais”. E prossegue: “A situação destaca a crescente
preocupação com a desinformação no contexto político e eleitoral, especialmente
em um período de intensas campanhas”.
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