povo é sábio ao dizer que “quem muito se abaixa…” - acaba mostrando aquilo que não gostaria que fosse visto. O ditado parece representar bem o ocaso do braço da política que já foi a esquerda no Pará, que encolheu por completo. Virou “nanica”.
PT e o Psol conseguiram sair da
posição de partidos protagonistas e passaram a meros coadjuvantes, senão
figurantes. Fonte da Coluna Olavo Dutra que analisa o cenário
credita como motivo principal desse encolhimento a aliança das antigas
lideranças de esquerda com o grupo Barbalho.
Meu pirão primeiro
O grupo, como é público e notório,
tem tomado decisões que apontam - e consolidam - um aparelhamento político com
peças confiáveis e lubrificadas para funcionar por mais de década, no mínimo,
mirando no primeiro momento as eleições de 2026, que envolvem a candidatura a
cargo federal do próprio governador, a princípio ao Senado, com viés de uma
possível candidatura à reeleição do presidente Lula.
Votos bastante úteis
Mas é fato que a aliança com a
esquerda, vinda desde a eleição do presidente Lula em 2006, ajudou a eleger
Helder Barbalho bem mais à frente, em 2018, para o primeiro mandato de
governador. Muito embora naquele ano nacionalmente o PT, representado por
Fernando Haddad, tenha perdido a eleição presidencial, o partido ainda elegeu
no Pará três deputados para a Assembleia Legislativa: Dirceu
Ten Caten, Carlos Bordalo e Dilvanda Faro, os três já com discurso de “oposição
responsável” que, na prática, significou apenas um alinhamento já esperado ao
novo governo estadual.
Sombra e estagnação
Quatro anos depois, em 2022, o PT
seguiu sem crescimento e manteve as mesmas três vagas, desta vez com Elias
Santiago, Maria do Carmo Martins e a reeleição de Carlos Bordalo. Já o Psol,
que teve vaga no Legislativo estadual quando o atual prefeito de Belém,
Edmilson Rodrigues, foi deputado estadual, voltou à Casa em 2022 ao eleger
Lívia Duarte, mulher do secretário Cláudio Puty, nome sempre polêmico quando se
trata de reeleger seus chefes ao Executivo. Foi assim com a ex-governadora Ana
Júlia Carepa, e agora com o próprio Edmilson, mas essa é outra conversa.
Lívia Duarte saiu da Câmara de Belém,
única vaga do Psol em 2020, ano da eleição do terceiro mandato de Edmilson, já
sob o guarda-chuva do grupo Barbalho. O PT, por sua vez, ficou com apenas duas
cadeiras, com Amaury da APPD e Bia Caminha, que este ano não se reelegeu, e
acabou apenas com a vaga de Neia Marques. As outras vagas ditas da esquerda
ficaram com o Psol, para de Marinor Brito e Vivi Reis. O PT do B,
que tinha conquistado uma vaga em 2020 para Altair Brandão, manteve a cadeira,
agora com Rodrigo Moraes.
Um caso atípico
O prefeito Edmilson Rodrigues é o
caso mais emblemático. Eleito para o terceiro mandato sob o mesmo guarda-chuva
em 2020, acabou enfrentando agora um opositor destacado pelo governador de sua
própria família. Com isso, o atual prefeito amargou um terceiro lugar fora do
segundo turno e sem conquistar nem 10% daquele que era seu próprio eleitorado.
Nessa derrocada política foram
abafados ao longo do caminho nomes que estiveram no auge de um grande grupo que
já foi a esquerda no Pará, como a própria Ana. Júlia, que surgiu vice de
Edmilson na sua primeira eleição a prefeito, no ano de 1996, e Valdir Ganzer,
no ano 2000.
Mudança de ares
Pelo PT, Edmilson ainda chegou a ser
pré-candidato à Presidência da República em 2002. Mas, em 2005, mudou de
partido junto com um grupo dissidente do partido rumo ao Psol. Entre eles, no
Pará, estavam ainda lideranças como José Nery Azevedo, que viria a herdar o
mandato de Ana Júlia Carepa no Senado; a então deputada estadual Araceli Lemos
e Marinor Brito, que dali a 5 anos seria eleita senadora.
Efeito denorex
Um pouco antes, em 2006, a esquerda
paraense parecia ter dado outro salto com a eleição de Ana Júlia a governadora.
Parecia, pois foi bem aí que a ‘grande coalizão’ de partidos que a elegeu já
foi liderada nos bastidores pelo então senador Jader Barbalho e o então PMDB.
Quatro anos depois, em 2010, Ana Júlia não foi reeleita, mas o grupo Barbalho
saiu maior, aliado também à reeleição de Lula à Presidência da República.
Em 2020, deixando de lado o deputado
federal José Priante que, segundo dizem os analistas do cenário, é único
parente non grato na família Barbalho, o grupo, especialmente
o governador, entrou forte na campanha para eleger Edmilson Rodrigues a
prefeito.
Ladeira abaixo
O mandato começou e a aliança seguiu
de um jeito estranho, com um Edmilson completamente subserviente ao governador
do Pará. “Edmilson parceria muito mais um secretário, ao permitir que a
população enxergasse o governador como o verdadeiro prefeito de Belém. O auge
desse comportamento foi o governador vestir seus servidores de azul, a cor do
seu partido, colocando-os nas ruas para ajudar uma Belém cheia de lixo e maus
tratos, na execução de serviços básicos de limpeza e capinação que deveriam ser
feitos pela Prefeitura de Belém. Bem aí, Helder Barbalho aparecia como o
verdadeiro prefeito da cidade, fazendo do básico e trazendo megaeventos para a
cidade, como a COP30, a ponto de facilmente eleger seu novo parente e a
empurrar o atual prefeito ladeira abaixo”, conclui a fonte.
Lado B do partido
Nesse corolário da queda vertiginosa
dos dois partidos de esquerda dispensam-se comentários sobre o PT do B, isto é,
a parte do partido comandada pelo senador Beto Faro, também eleito pelas mãos
de Helder Barbalho. A história do senador encravou nas gavetas do Tribunal
Regional Eleitoral, portanto, ainda não está escrita convenientemente e corre o
risco de compor o cenário de um delirante voo de galinha.
Papo Reto
· Entreouvido
nos corredores da Sudam: o sofrível desempenho do PT e aliados de primeira hora
na eleição municipal provocará, inevitavelmente, uma "reforma
profunda" da máquina federal, fazendo crer que poderá atropelar até o
superintendente Paulo Rocha (foto).
· Chegou a 9,9 milhões o número
de eleitores que se abstiveram de votar no segundo turno, ausência bem parecida
com a do tempo da pandemia, segundo o sábio entendimento da Justiça Eleitoral
· Para se ter ideia, no segundo
turno, em Belém, 16.053 eleitores votaram em branco, 26.210 votaram nulo e
266.092 nem deram as caras, totalizando, nada mais, nada menos do que 308.355
“nãos” aos dois candidatos em disputa.
· No Supremo, enquanto André
Mendonça arquivava dois inquéritos contra o governador fluminense, Cláudio
Castro, o ministro Fachin arquivava o inquérito que investigava Renan Calheiros
e Eduardo Braga, ícones do MDB, indiciados por suspeita de receber propina de
uma farmacêutica.
· Pelas contas das cortes
superiores da Terra Brasilis, José Dirceu e Pezão estão livre de culpas. Todos
'inocentados', todos livres, todos soltos.
· A Polícia Federal divulgou
números de sua atuação nas eleições: apreendeu R$ 55 milhões em bens e valores
e instaurou 2.577 inquéritos policiais para apurar crimes eleitorais.
· A bolada maior foi
"achada" no Pará, mas ninguém fala mais do assunto.
· Os crimes ambientais
dispararam 88% na Amazônia, diz a Polícia Rodoviária Federal.
· Só as apreensões de minérios
clandestinos aumentam 170% e as de madeira, 65%.
· Desde a última segunda-feira,
todas as instituições bancárias estão obrigadas a oferecer o Pix Agendado
Recorrente, permitindo que o usuário programe pagamentos sempre no mesmo dia de
cada mês.