Absurdo!

Cinismo ou falta de noção? Congresso quer fundão recorde de R$ 6 bilhões para 2024

Dirigentes partidários dão como certo que o valor proposto pelo governo no projeto da lei orçamentária, de R$ 939,3 milhões, será alterado pelos parlamentares.

20/10/2023 23:23
Cinismo ou falta de noção? Congresso quer fundão recorde de R$ 6 bilhões para 2024

São Paulo (SP) - A um ano das eleições municipais, o Congresso se articula para elevar o montante que bancará as campanhas do ano que vem a um patamar recorde, entre R$ 5 bilhões e R$ 6 bilhões. A fonte que garantirá o aumento do chamado fundão eleitoral, contudo, divide parlamentares. Parte deles age para retirar os recursos da Justiça Eleitoral, que no ano passado teve R$ 9,1 bilhões, enquanto outra ala defende que o dinheiro saia das emendas de bancada, como previsto atualmente em lei.


Dirigentes partidários dão como certo que o valor proposto pelo governo no projeto da lei orçamentária, de R$ 939,3 milhões, será alterado pelos parlamentares. O Palácio do Planalto já previa que isso ia acontecer, mas preferiu deixar o desgaste da medida, considerada impopular, para o Congresso.


O nó está nos deputados do baixo clero - aqueles que não têm cargo de liderança e pouca influência na divisão dos recursos. Eles resistem em mexer nas emendas de bancada, usadas para financiar obras e serviços em suas bases eleitorais.


Na avaliação desses parlamentares, ter a garantia de uma emenda gorda, que poderá ser usada para lucrar politicamente, é mais vantajoso do que inflar o fundo eleitoral. Nas palavras de um deputado, que pediu para não ser identificado, ninguém vai concordar em reduzir o valor que poderá destinar à sua base para bancar “voo de helicóptero” de candidato.


Tesourada nas emendas


O governo reservou para o ano que vem R$ 12,6 bilhões para as emendas de bancada. Esses valores são indicados pelos líderes de cada estado no Congresso, atendendo ao pedido de parlamentares. Elas são impositivas, ou seja, o pagamento delas é obrigatório.


A lei que criou o fundo eleitoral define que parte desses recursos deve ser redirecionado para as campanhas em ano eleitoral. O valor, contudo, é definido pelo Congresso. Uma das possibilidades discutidas entre integrantes da Comissão Mista de Orçamento é cortar R$ 110 milhões do total a que cada uma das 27 bancadas teria direito - totalizando R$ 2,9 bilhões - para transferir ao fundo eleitoral. Estratégia que encontra resistência dentro do próprio planalto.


Dirigentes partidários, contudo, afirmam que aceitam, no mínimo, o mesmo montante distribuído na campanha passada, de R$ 4,9 bilhões, corrigido pela inflação, o que daria um valor aproximado de R$ 5,4 bilhões. No Orçamento de 2022, o Congresso aprovou um fundo eleitoral de R$ 5,7 bilhões, mas o montante foi vetado por Jair Bolsonaro. O então presidente optou pelo valor de R$ 4,9 bilhões.


Nas últimas eleições municipais, em 2020, o fundo eleitoral foi de R$ 2 bilhões. Dirigentes alegam que as últimas modificações da lei eleitoral deixaram as campanhas proporcionalmente mais caras, pois reduziram o número de partidos no Brasil, mas proibiram as coligações.


(Foto: Divulgação/Pintrest)


(Com O Globo)

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