Brasília, 10 - O vice-presidente do PT e prefeito de Maricá (RJ),
Washington Quaquá (RJ), saiu em defesa dos irmãos Domingos e Chiquinho Brazão,
acusados pela morte da vereadora do Rio Marielle Franco, em 2018. No Instagram,
o petista postou foto ao lado de familiares dos Brazão e declarou que não há
provas de envolvimento dos dois com o crime.
Irmã de Marielle, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, reagiu e
prometeu recorrer ao comitê de ética do partido
Na legenda da postagem, Quaquá disse que está defendendo os Brazão por
"não ser um rato que se esconde no esgoto para fugir da luz".
O vice-presidente do PT ainda tentou associar, sem provas, o ex-presidente Jair
Bolsonaro (PL) no caso da execução da vereadora, o que foi descartado pela
investigação da Polícia Federal (PF).
"A realidade é que usaram a família Brazão de bucha de canhão para
ocultar, inclusive, o fato de que o assassino brutal esteve um dia depois no
condomínio onde moram Bolsonaro e seu filho. Isso foi deixado de lado pela
investigação", afirmou Quaquá em postagem feita pelo Instagram na
quinta-feira, 9.
Domingos e Chiquinho Brazão estão presos desde março do ano passado após serem
apontados pela PF como os mandantes da execução da ex-vereadora.
De acordo com o inquérito, finalizado seis anos após o crime, o assassinato foi
motivado por grilagem de terras que eram de interesse de milicianos ligados aos
Brazão. Marielle e o motorista dela, Anderson Gomes, foram mortos a tiros no
bairro carioca do Estácio em 14 de março de 2018.
Também pelo Instagram, Anielle disse, sem citar o nome de Quaquá, que dirigente
do partido está usando o nome da irmã "sem qualquer
responsabilidade".
A ministra prometeu entrar com uma ação em desfavor do vice-presidente no
partido e chamou a atitude dele de "repugnante".
"Vou protocolar um pedido na comissão de ética do partido sobre o
dirigente que se utiliza desse caso de maneira repugante e que é contra a
postura do próprio governo e do partido", disse Anielle.
Essa não é a primeira vez que Quaquá toma uma posição contrária ao PT e defende
publicamente os irmãos Brazão. Na época em que eles foram presos, o prefeito de
Maricá disse ao Estadão que não estava "plenamente convencido" da
participação de Domingos no crime.
"Não vou nem dizer nem que é inocente nem culpado. Não vi ainda provas
cabais. Eu conheço ele há 20 anos. Será uma surpresa negativa [se ele estiver
envolvido], porque é um negócio brutal", afirmou Quaquá à Coluna do
Estadão. "Eu acho que não é hora de apontar nenhum inocente, sem que a
gente tenha clareza de todas as circunstâncias", completou.
A declaração causou atritos no partido, porém, Quaquá acabou sendo blindado. Em
uma reunião da cúpula petista onde foi discutido um possível afastamento dele
da vice-presidência, o placar foi de 26 votos contrários a 17 favoráveis.
Fonte: Estadão conteúdo
Foto: Câmara dos deputados