Mal das pernas, TV Record faz demissão em massa por todo o Pará às vésperas do Natal

De uma tacada só, emissora manda para o olho da rua dez trabalhadores - jornalista, publicitário e oito radialistas; sindicato reage com críticas à “crueldade” da medida.

01/12/2024, 09:10
Mal das pernas, TV Record faz demissão em massa por todo o Pará às vésperas do Natal
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om o mercado da comunicação digital em alta, a situação da maioria das emissoras de TV em Belém não é das melhores. Nos últimos anos, noves fora o Grupo Rede Brasil Amazônia (RBA), pertencente à família do governador Helder Barbalho, os demais vêm na contramão, recorrendo a cortes em diversos momentos.


A prometida “nova era” da emissora do bispo Edir Macedo em Belém, inaugurada com investimentos de R$ 10 milhões, em março deste ano, desce a ladeira/Fotos: Divulgação.
 

Na TV Record, que no Pará mistura gestão com religião e política, a situação é delicada. Fonte da Coluna Olavo Dutra muito próxima do cenário administrativo da emissora revela que ao longo deste ano os pastores que dirigem o canal no Pará em vários momentos solicitaram valores aditivos aos contratos de publicidade mantidos com grandes empresas do mercado.

 

Nome disso é crise

 

Fonte ligada a uma dessas empresas confirmou a existência dos pedidos. O mais contraditório nessa história é que, em março deste ano, a emissora inaugurou com pompa e circunstância um novo prédio próprio em Belém, com novos estúdios e equipamentos que, segundo divulgado à época, teriam tido um custo de R$ 10 milhões.

 

A solenidade de inauguração, comandada pela apresentadora Ana Hickmann, reuniu a nata das agências de publicidade, autoridades e políticos, incluindo o governador do Estado.

 

Saída pela tangente

 

Agora, apenas oito meses depois, a TV Record fechou o mês de novembro com uma série de demissões. De uma tacada só foram dispensados dez trabalhadores, sendo um jornalista, um publicitário e oito radialistas. Os desligamentos em Belém acompanham uma série de demissões no canal do bispo Edir Macedo por todo o Brasil.

 

O Sindicato dos Jornalistas do Pará reclamou das demissões, e criticou principalmente a época escolhida para o feito. “A época das demissões parece ter sido escolhida a dedo pela direção da empresa para acrescentar requintes de crueldade à ação: o final do ano. O momento que deveria ser época de alegria e confraternização se transforma em um período de tristeza, medo e perseguições nos corredores da emissora”, diz a nota pública do sindicato.

 

Sobrecarga bem maior

 

A entidade lembra que a redução do quadro de pessoal representará também sobrecarga de trabalho para aqueles que ficam escaparam do corte, comprometendo diretamente a saúde física e mental de jornalistas e radialistas.

 

Para o Sindicato, “o que move a política de demissões da TV Record é o interesse pelo lucro crescente às custas da exploração dos trabalhadores. Uma sede de lucro sem medida, demonstrada inclusive na pressão que essas organizações religiosas vêm exercendo sobre o Congresso Nacional para a ampliação da imunidade tributária para as igrejas”, diz o comunicado.

 

Reversão do quadro?

 

Com isso, acabam sendo duplamente beneficiadas pelos benefícios fiscais, porque empresas do setor da Comunicação estão no rol daquelas que têm isenção de impostos, justamente para contratar mão de obra e não demitir funcionários. Não querem pagar impostos, manter empregos e muito menos gerar novos postos de trabalho.

 

Diante desse quadro, o sindicato diz que, tendo a Record feito um investimento tão alto nas novas instalações, está convocando a categoria para reivindicar junto à emissora a recontratação dos profissionais.

 

Papo Reto

 

· Dizem que o governador Helder Barbalho (foto) planeja tirar de cena três secretarias de governo, mas não se trata, exatamente, de enxugar a máquina.

 

·  Na verdade, o fator determinante na decisão é o pífio resultado das gestões. A lista incluiu a Secretaria das Cidades. A conferir.

 

·  Inúmeros municípios paraenses entraram no radar definitivo do FNDE e órgãos de controle externo, pela avalanche de denúncias que o MEC tem recebido do Sintepp, conselhos municipais e pais de alunos.

 

·  As denúncias envolvem fraudes em licitações para compra de gêneros, péssima gestão do programa de alimentação, além da "quarteirização" do transporte escolar.

 

· Sabe-se que Polícia Federal, CGU, MPF, além do próprio FNDE afivelam malas para encaçapar os péssimos gestores. Vai faltar auditor.

 

· É verdade que o início do calendário escolar da Seduc foi antecipado para 15/01/25 para que o mesmo encerre a tempo de o governo poder transportar as escolas de Belém em alojamentos para abrigar conferencistas e turistas?

 

· A queda nos empregos no País foi de 30,3% em outubro, índice mais preocupante desde 2020, diz o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados. .

· Por sua vez, a criação de empregos formais despencou 47,2%, também em outubro, segundo o Caged, menor nível desde tempos da pandemia.

 

·  Aprovada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, ontem, a PEC que proíbe aborto não deixa de fora nem mesmo em casos de abuso sexual ou risco à vida da mãe.

 

· A PEC será analisada, agora, por uma comissão especial antes de ser submetida à votação dos deputados em plenário.


· Startup brasileira desenvolveu tecnologia capaz de transformar gesso em osso humano, a partir de matéria-prima de alta qualidade encontrado na região do Araripe, Pernambuco.

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