pesar das obras executadas para receber um evento que defende a floresta em pé e o clima derrubarem centenas de árvores no entorno de Belém, o verde resiste e emerge frondoso e imponente em outros pontos da cidade. A área em questão é o Portal da Amazônia, inaugurado na gestão do ex-prefeito Duciomar Costa, em 2008, que hoje padece de cuidados e atenção.
A principal queixa dos frequentadores é o descaso com a manutenção nas áreas de convívio coletivo. Tirando o asfalto, onde nada realmente cresce, as partes em que a grama e a sombra deveriam prevalecer foram tomadas pelo mato, embaubeiros e vegetação de médio porte que, no caso do Portal da Amazônia, já está mais alta que muitas árvores transplantadas para produzir sombra no espaço.
Como muito dessa vegetação cresce na parte da margem tomada pela água, a visão do rio fica comprometida em quase toda a orla. Muita gente que senta nos bancos voltados para a janela d’água já não consegue sequer observar os barcos. Prevalece o matagal que toma conta da beira-rio.
Moradores de rua
Durante o dia, o espaço também tem sido tomado por moradores de rua, que fazem algumas refeições e até necessidades fisiológicas, deixando odor insuportável e lixo espalhado. Frequentar o Portal da Amazônia sozinho, em dias de semana, principalmente, é um ato de bravura.
Frequência pontual
O Portal da Amazônia foi usado pela atual gestão em janeiro deste ano, quando serviu de palco para shows realizados em comemoração aos 409 anos de Belém. Nos dias 10 e 11 daquele mês, um palco foi montado para receber os artistas Wanderley Andrade, Markinho Duran, Lia Sofia, Zaynara, Frutos do Pará, I Love Pagode, Grupo Mistura Regional, Mano IO e Mc Dourado.
Desde então, o espaço segue esquecido e usado apenas pelos próprios frequentadores aos finais de semana. Um parque de diversões também está instalado na parte final do Portal, gerando para a prefeitura, por meio de licenças e tributos, receita que, pelo visto, não é revertida na manutenção.
Talvez por isso, o local também padeça de atrativos além de simples quiosques e carrinhos de coco, pipoca e picolé. O projeto inicial contava, por exemplo, com um grande bar-restaurante, cujas mesas podiam ser colocadas em um deck que se projetava sobre o rio, mas há tempos que o local e a estrutura foram comprometidos e nada foi feito para recuperar.
Janela discreta
No portal, quem quiser 'tomar uma' vendo o pôr do sol que leve seu próprio cooler. E arrume, claro, um de trecho onde o mato permita contemplar o movimento do rio. Sobre o assunto, a coluna encaminhou pedido de nota à Coordenadoria de Comunicação da Prefeitura de Belém, mas até o momento não obteve resposta. O espaço segue aberto.
Papo Reto
·O prefeito de Belém, Igor Normando (foto), perdeu uma grande oportunidade de ficar calado.
·Ontem, 3, em evento promovido pelos jornais “O Globo” e “Valor Econômico” e rádio CBN em um hotel de Belém, com vistas à COP30, o gestor “cometeu” a informação equivocada.
·Disse que a Vila da Barca “se originou de um conjunto habitacional que acabou virando uma ocupação desordenada na beira do rio”.
·Das duas, uma: ou o prefeito não tem ideia da história da Vila da Barca, ou passou em frente: viu que tem, agora, um conjunto, e fez essa dedução totalmente errada.
·Produtores de cacau da região da Transamazônica estão rindo para as paredes com o aumento de até 400% no preço do produto in natura, muito em razão da quebra de safra em países produtores, como os africanos, que sofreram com a seca extrema.
·O Pará lidera a produção nacional, com cerca de 150 mil toneladas por safra, e deverá chegar a 200 mil nos próximos anos, quando novos plantios estiverem produzindo em quantidade.
·A meta dos produtores é alcançar 400 mil toneladas em uma década, sempre em sistemas agroflorestais totalmente sustentáveis, com sombreamento de madeiras nobres, árvores frutíferas e o aproveitamento das cascas para produção de adubo orgânico.
·Como o cacau paraense tem um blend diferenciado, que implica chocolate de maior qualidade, indústrias chocolateiras devem se expandir na região de Altamira e Medicilândia, verticalizando a produção, com mais emprego e renda para a população.
·Alcançou magnitude 4,3 - na escala Richter -, o tremor de terra registrado na madrugada de ontem em Parauapebas, Sudeste do Pará, assustando geral.