História

Trajetória do MDB é lembrada em palestra da professora Edilza Fontes em Sessão Solene na Alepa

O partido surgiu em 1966 como oposição ao regime militar e reunia parlamentares de diferentes espectros políticos com o objetivo de restaurar a democracia no país.

17/06/2024 00:29
Trajetória do MDB é lembrada em palestra da professora Edilza Fontes em Sessão Solene na Alepa

Belém, PA - A trajetória do Movimento Democrático Brasileiro (MDB), desde sua criação, desafios, vitórias e luta pela volta da democracia no período da Ditadura Militar, foi narrada pela professora Edilza Fontes na Sessão Solene em homenagem à Fundação Ulysses Guimarães.


A sessão foi realizada nesta quinta-feira (13), no auditório João Batista da Assembleia Legislativa do Pará (Alepa), e reuniu dezenas de participantes, incluindo o presidente da Casa, deputado Chicão, e as deputadas Andreia Xarão, Diana Belo e Paula Titan.


A professora e historiadora lembrou que o MDB tem uma história rica e complexa, marcada por sua atuação durante e após o período da ditadura militar no Brasil. Fundado em 1966, o partido surgiu como oposição consentida ao regime militar, reunindo parlamentares de diferentes espectros políticos com o objetivo principal de restaurar a democracia no país.


Ela destacou que, durante a ditadura, todos os partidos políticos existentes foram extintos pelo Ato Institucional Número Dois (AI-2), e apenas duas agremiações foram permitidas: a Arena, que apoiava o regime, e o MDB, que se posicionou como oposição. Apesar de ser uma oposição permitida, o MDB enfrentou várias dificuldades, incluindo cassações políticas e uma diminuição no número de seus representantes eleitos.


Com o fim da ditadura e a redemocratização do Brasil, o MDB continuou a desempenhar um papel importante na política brasileira. Em 1980, foi criado o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), que mais tarde, em 2017, voltou a ser chamado apenas de MDB. Ao longo dos anos, o partido teve membros eleitos para a presidência e apoiou diversos governos, demonstrando sua capacidade de adaptar-se e manter relevância no cenário político brasileiro.


Edilza dissertou por várias fases da história do partido, desde as chamadas lutas armadas, crises do petróleo, reforma eleitoral, campanha da anistia e destacou que o  Ato Institucional Número Cinco (AI-5) foi um dos momentos mais marcantes e sombrios da história política do Brasil. Muitos membros do partido foram perseguidos, tiveram seus mandatos cassados e foram forçados a lidar com a censura e outras formas de repressão estatal. Apesar desses desafios, o MDB continuou a lutar pela restauração da democracia e pelos direitos civis e sua existência.


A deputada Diana Belo confessou que assistiu uma verdadeira aula sobre o partido e conheceu fatos que ainda não tinha conhecimento. O presidente da Casa, Chicão, também fez reverência à professora e reconheceu sua importância como uma referência viva da história do MDB.


Atualmente, o MDB é conhecido por sua diversidade ideológica e por ser um dos maiores partidos do Brasil, com um número significativo de filiados, prefeitos e vereadores. A sigla continua a defender o sistema democrático e a escolha de representantes por meio do voto direto, secreto e universal.


A trajetória do Movimento Democrático Brasileiro no estado do Pará é notável por sua influência e crescimento contínuo na política regional. O MDB tem sido uma força dominante no Pará, liderando o número de prefeituras no estado e consolidando-se como o maior partido político da região.


Fatos que marcaram o partido


Edilza lembrou um ato histórico sobre as eleições de 1974, quando Ulysses Guimarães lançou sua anticandidatura como resposta à candidatura do General Ernesto Geisel para denunciar a farsa da eleição, que foi manipulada.

A professora também lembrou do assassinato de Gabriel Pimenta, militante que defendeu 160 famílias de trabalhadores rurais pela posse de terra no Pará e foi morto na década de 1980 em Marabá; da Guerrilha do Araguaia, uma tentativa de ação revolucionária comunista no Brasil que transcorreu entre 1967 e 1974 na região conhecida como “Bico do Papagaio”, situada na fronteira entre os estados do Pará, Maranhão e Tocantins; e discorreu sobre a trajetória política de Jader Barbalho e as mudanças no cenário sociopolítico do Pará.


Sobre Edilza Fontes


Edilza Joana Oliveira Fontes é uma acadêmica brasileira com trajetória notável, especialmente no Estado do Pará. Possui doutorado em História Social pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), mestrado em História pela mesma instituição e graduação em História  pela Universidade Federal do Pará (UFPA).


Além de sua contribuição acadêmica, Edilza Fontes tem vasta experiência em administração pública. Foi diretora geral da Escola de Governo do Estado do Pará e superintendente do Planejamento Territorial Participativo do Pará entre 2007 e 2009. Também exerceu a presidência do Conselho Estadual de Educação do Pará e foi presidente da Fundação Cultural do Município de Belém.


Recentemente, Edilza Fontes ocupou o cargo de secretária-adjunta da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Educação Profissional e Tecnológica do Pará (SECTET/PA), de abril de 2022 a fevereiro de 2023. Durante seu mandato, ela foi gestora do Programa Forma Pará da SECTET e coordenadora dos Projetos Educando em Libras e Aplicativo do Círio de Nazaré. Atualmente, ela é secretária-adjunta da Secretaria de Estado Igualdade Racial e Direitos Humanos (SeirDH/PA).


Foto: Celso Lobo/AID Alepa

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