A Polícia Federal (PF) investiga como foram planejadas as ações de Francisco Wanderley Luiz para os ataques da última quarta-feira (13) na Praça dos Três Poderes, em Brasília.
De acordo com o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, Wanderley esteve em Brasília em outras oportunidades — inclusive no início do ano passado. Ainda não há, entretanto, informação se ele participou dos ataques de 8 de janeiro, que também tiveram os prédios dos Três Poderes como alvo.
Segundo Rodrigues, “há indícios de planejamento de longo prazo” na ação realizada pelo homem-bomba.
Declarações de familiares do homem-bomba também foram tomadas pela PF na quinta-feira. Uma ex-mulher de Wanderley disse que um de seus planos era matar o ministro do STF Alexandre de Moraes.
Trailer
Um indício que pode indicar o planejamento antecipado, segundo Rodrigues, foi um trailer ligado a Francisco.
“Esse trailer foi alugado há alguns meses – não foi uma coisa recente – e estava em um ponto estratégico nas proximidades do STF, o que nos aponta para, de fato, um planejamento de médio e talvez de longo prazo e que sinalizam a gravidade de tudo isso que foi feito”, disse.
Perícia em celular apreendido
Agentes da PF começaram a periciar o celular de Wanderley. O aparelho foi apreendido na manhã de quinta em um trailer que seria de Wanderley em um estacionamento nas proximidades do STF e da Câmara.
Segundo investigadores ouvidos pela CNN, a expectativa é que ainda nesta quinta-feira os dados do aparelho celular sejam extraídos. Assim, mensagens poderão ajudar a saber se ele teve apoio e qual seria o real plano de ataque.
Caixa encontrada
Outro artefato está sendo investigado pela PF: uma caixa encontrada perto do trailer.
“Estamos fazendo análise e identificando se de fato pertence a esse mesmo episódio”, disse Rodrigues.
Conexões
Rodrigues disse que considera que o caso de quarta “não é um fato isolado” e que a unidade de antiterrorismo da PF está atuando no caso.
Esses grupos extremistas estão ativos e precisam que nós atuemos de maneira enérgica. Entendemos que esse episódio de ontem não é um fato isolado, mas é conectado a várias outras ações, que, inclusive, a Polícia Federal tem investigado em um período recente
Itens utilizados
De acordo com a PF, Wanderley usou bombas que se assemelhavam a granadas, “bombas-tubo”, bombas de acionamento remoto, fogos de artifício (no carro, com tijolos de apoio) e artefato que lembra um lança-chamas.
Agentes fizeram buscas na casa utilizada por ele, em Ceilândia, no trailer e no carro. Os policiais encontraram uma caixa enterrada, que está sendo periciada.Havia mais explosivos dentro do trailer.
PF convoca todo efetivo do DF
Todo o efetivo de policiais federais no Distrito Federal foi convocado até o próximo domingo (17).
Em comunicado enviado aos agentes, a PF afirmou que a determinação busca reforçar a segurança e garantir a ordem pública.
“Esse período exige atenção redobrada, e a presença das nossas equipes será fundamental para a prevenção e resposta rápida a possíveis incidentes”, informou a corporação.
Segundo a PF, o efetivo convocado deve estar preparado para ser acionado “a qualquer momento”, “mantendo-se accessível e disponível para eventuais emergências”.
Familiares de Wanderley foram ouvidos pela PF e fizeram revelações sobre o caso.
Uma ex-mulher do homem-bomba disse que o intuito dele era matar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
“Queria matar o ministro Alexandre de Moraes e quem mais estivesse junto na hora do atentado”, disse a testemunha a agentes do setor de inteligência da Polícia Federal.
Segundo o depoimento, o ataque foi planejado e teve pesquisas no Google em relação ao ministro.
Mensagem em tom de despedida
O filho de Francisco Wanderley Luiz disse à PF que o pai lhe deixou uma mensagem em tom de despedida. Segundo seu relato, apenas após ver notícias sobre o ataque, entendeu o recado.
O filho também disse no depoimento que o pai “tinha convicções políticas, mas nada muito radical”. Segundo ele, Wanderley tinha uma renda mensal de R$ 5 mil.
Fonte: CNN Brasil
Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil