Ausência

Deputado paraense está entre os mais faltosos nas Comissões do Congresso Federal no 1º semestre

Levantamento feito pelo Estadão mostrou que ausências também foram registradas nas sessões plenárias, onde multas são aplicadas para quem falta sem justificativa.

24/07/2023 00:05
Deputado paraense está entre os mais faltosos nas Comissões do Congresso Federal no 1º semestre

O deputado federal paraense José Priante (MDB-PA) aparece em sexto na relação dos parlamentares que mais faltaram nas reuniões e votações das Comissões no Congresso Federal, em Brasília-DF. Priante soma 11 faltas sem justificativas no primeiro semestre deste ano. Diferentemente das atividades em plenário, as ausências em comissões não geram multa aos parlamentares. O levantamento foi feito pelo jornal O Estado de São Paulo.


Apenas cinco deputados são mais faltosos que Priante nas comissões em geral: Gustinho Ribeiro (Republicanos-SE), com 24 faltas; Professora Goreth (PDT-AP), com 37 faltas; Fernando Coelho Filho (União-PE), 39 faltas; André Fufuca (PP-MA), 46 faltas, e Felipe Francischini (União-PR), com 48 faltas. Após o parlamentar paraense, a lista segue com Acácio Favacho (MDB-AP), também com 11 faltas; e Vicentinho Júnior (PP-TO), 10 faltas.


"É lamentável. Eles têm período de férias. Qual a diferença deles em relação a outros trabalhadores?", questionou o cientista político Sérgio Praça, professor da Fundação Getulio Vargas (FGV). "Não faz sentido. Acho que se alguém quer ser deputado federal é para justamente participar de decisões e votações em projetos, temas que são importantes para o País."


Sessões Plenárias


Já em relação às atividades em plenário, os cinco parlamentares mais faltosos da Câmara dos Deputados se ausentaram, em média, de uma em cada cinco sessões plenárias no primeiro semestre deste ano. O líder do ranking é o deputado federal Junior Lourenço (PL-MA), que não apresentou sequer um projeto de lei em 2023 nem no mandato anterior.


Das 56 sessões, Lourenço faltou 15 sem justificar o motivo. Março foi o mês escolhido pelo parlamentar para concentrar a maior quantidade de faltas neste ano - foram 10. Ele não compareceu às sessões do dia 14 até o dia 30. Poucas semanas depois do período, Lourenço publicou fotos com a esposa em Dubai e em um deserto, onde aparece montado em um camelo ao lado da esposa.


Como resultado das duas semanas fora de Brasília, ele perdeu R$ 16.372,22 dos rendimentos como deputado ao receber o salário em abril. Atualmente, um deputado ganha R$ 41.650,92.


Segundo o regulamento interno da Câmara, cada falta não justificada de um deputado em sessão plenária deliberativa produz multa de 1/30 dos salários e bônus dos parlamentares.


Como resultado das 15 faltas, Lourenço também deixou de votar em projetos de lei importantes, como a proposta que visava igualar o salário entre homens e mulheres, que foi aprovada na Casa e no Senado. Também não votou na medida provisória sobre tributação de empresas com negócios no exterior.


Titular na Comissão de Saúde, Lourenço não participou de nem uma reunião do colegiado - foram 18 faltas consecutivas até sair do grupo. Neste momento, além de não apresentar projeto de lei e de ser o deputado mais faltoso, ele não integra num um dos 30 grupos temáticos que existem na Câmara. Procurado, Lourenço não respondeu aos questionamentos da reportagem.


Gustinho Ribeiro (Republicanos-SE) foi outro parlamentar que aproveitou o mês de março para fazer um recesso informal. Ele acumulou 13 faltas e ficou ausente de todas as sessões realizadas entre os dias 7 e 27 daquele mês.


Coincidentemente, a mulher dele, Hilda Ribeiro, prefeita de Lagarto (SE), entrou de férias no dia 7. Ela tirou 20 dias de descanso. "Irei fazer um pequeno recesso. Vou dar atenção a minha família, vou fazer uma viagem com meu filho e com meu esposo", disse Hilda, em vídeo publicado em março.


O deputado também não votou num projeto que assegura direitos a deputadas federais gestantes. As sucessivas ausências de Gustinho lhe renderam R$ 16.372,22 em descontos salariais. Procurado pela reportagem, Gustinho não respondeu.


Estadão Conteúdo

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