ministro Antônio Carlos Ferreira, do Tribunal Superior Eleitoral
(TSE), votou pela cassação da vice-prefeita eleita de
Marituba, Bárbara Bessa Marques, do MDB, na noite desta terça-feira, 19,
durante a sessão presidida pela ministra Cármen Lúcia, presidente da corte
eleitoral superior.
Pesa
na ação eleitoral contra Bárbara o fato de ela não ter se desincompatibilizado
de suas funções em cargo público na Prefeitura de Marituba, onde era secretária
de Administração na gestão da prefeita Patrícia Alencar. Bárbara ficou no cargo
até 8 de junho, sendo que, por lei, deveria ter se afastado até o dia 5 de
junho, três meses antes da eleição.
O
ministro Antônio Carlos Ferreira é o relator do processo no TSE, e emitiu seu
voto na sessão que teve ainda a participação dos ministros Nunes Marques, André
Mendonça, Isabel Gallotti, Floriano de Azevedo Marques e André Ramos Tavares,
além da própria presidente, a ministra Cármen Lúcia.
Durante
a sessão, a ministra Isabel Gallotti chegou a pedir vista antecipada do
processo, que pode voltar a ser discutido ainda nesta semana. O processo para
indeferimento da candidatura de Bárbara Bessa foi aberto pelo Ministério
Público Eleitoral, após denúncias, inclusive com imagens das redes sociais,
mostrando Bárbara em atividades de gestão, e que foram incluídas como provas na
ação judicial.
Anulação de chapa
A
impugnação da vice-prefeita foi solicitada pela coligação de oposição “Frente
Popular Marituba quer Mudança”, composta por PDT, Podemos e Solidariedade, que
apresentou a falta de desincompatibilização de Bárbara, conforme a exigência da
legislação eleitoral.
Um
dos entendimentos que a jurisprudência prevê é de que, caso a candidatura de
Bárbara Bessa obtenha mais votos contrários e seja cassada, a atual prefeita de
Marituba, Patrícia Alencar, reeleita no último dia 6 de outubro, poderá
seguir com seu novo mandato, mas sem a vice-prefeita.
Há divergências
Porém,
uma fonte jurídica da Coluna Olavo Dutra explica que há outro
entendimento jurídico que pode resultar na cassação da chapa toda pelo TSE.
Nesse caso, a recomendação do procurador-geral eleitoral pode resultar na
anulação de toda a chapa liderada por Patrícia Alencar, eleita com 71,36%
dos votos válidos.
Unicidade da chapa
A
fonte explica que a legislação eleitoral determina que em caso de indeferimento
da candidatura de um dos membros da chapa majoritária, a chapa toda cai e novas
eleições devem ser convocadas. “O mais apropriado em uma situação dessas
é a justiça considerar o chamado o princípio da unicidade da chapa majoritária.
A interpretação com base em jurisprudência que relativiza isso é perigosa,
porque acaba abrindo margem para muitos abusos cometidos no processo
eleitoral”, diz a fonte.
Caso
o entendimento do TSE seja nesse caminho, de impugnar toda a chapa, a população
de Marituba teria que voltar às urnas para uma nova escolha, que nessa situação
não incluiria a atual prefeita, caso ela esteja cassada junto com sua vice, que
é defendida pelo advogado Orlando Barata Miléo Junior.
Manobra esperta
Enquanto
a legislação eleitoral exige o “afastamento de fato do cargo público”, conforme
previsto na Lei Complementar nº 64/1990, para garantir a igualdade de condições
nas eleições, a então candidata a vice-prefeita de Marituba foi formalmente
exonerada do cargo após o prazo legal e, ainda por cima, “a candidata
permaneceu intimamente vinculada ao órgão municipal”, segundo o parecer do MPE,
que registra sua continuada participação em eventos públicos, o que configura
uso da “máquina administrativa em benefício próprio”.
Mas,
“espertamente”, após a sua exoneração, Bárbara foi nomeada para o cargo de
Assessora Especial V na mesma secretaria em que atuava, para tentar justificar
sua presença em eventos públicos da prefeitura. Com isso, o parecer do MPE
concluiu que “o desligamento da candidata atendeu apenas ao aspecto formal da
desincompatibilização, sem que houvesse efetivo afastamento de suas funções”.
Papo Reto
· O técnico Hélio dos Anjos (foto), que trava
uma batalha judicial cobrando direitos do Paysandu, parece ter sido parido pela
sorte. Não é que, ao vencer o Santos, conseguiu manter o CRB na Série B?
· Detalhe: o Peixe já levou o título graças ao empate do
time bicolor no último confronto contra o Novorizontino.
· Breves relatos sobre o município de Breves, no Marajó,
mostram, com imagens fortes, uma cidade emergindo da fumaça no começo das manhãs
há mais de uma semana - e ninguém se manifesta.
· O documento final da Cúpula do G20 é uma peça tão
retórica que parece mais um filme triste reprisado à exaustão. É o mais puro
mais do mesmo.
· Sem querer insistir: o que estava ruim no trânsito da
BR-316, à altura da Prefeitura de Ananindeua, ficou pior.
· Moradores das áreas compreendidas entre a entrada do
Julia Sefer até a Alça Viária têm no máximo dois acessos liberados para tomar o
sentido de Belém.
· O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, finge aguardar a
posição do Ministério da Defesa para anunciar o pacote de cortes de gastos
visando "a sustentabilidade fiscal e o crescimento econômico do
Brasil".
· O blablablá segue livre, solto e frenético, enquanto as
lideranças nacionais do PT torcem o nariz para a sinuca de bico em que eles
mesmos atolaram o País, através de uma política fiscal pontuada por gastanças
desenfreadas que inviabilizaram o orçamento.
· Viciado em tentar socializar suas próprias culpas, o
governo federal, através de jogo mais que combinado com o ministro Flávio Dino,
obrigou a Controladoria-Geral da União a reformular o Portal de
Transparência para incluir dados sobre emendas parlamentares.
· Com o milho na linha da contramão, a safra de soja
‘promete’ no ciclo 24-25, com o retorno das chuvas devendo quebrar novos
recordes.
· O mercado financeiro elevou a previsão da inflação
brasileira de 4,62% para 4,64% ano que vem. É o pessimismo em pleno vigor.