nquanto a bandeira da celeridade ecoa nos discursos oficiais da Justiça Eleitoral do Pará, o senador Beto Faro, do PT, segue tranquilo e calmo diante das acusações de compra de votos nas eleições de 2022.

Como se sabe, o relator original do caso, ex-juiz eleitoral Rafael Fecury, personificou a morosidade judicial ao não levar o processo sequer à primeira análise em plenário, deixando o processo estacionado em suas gavetas desde 2023. A atuação do então juiz foi tão evidente que chegou a ser alvo de cobranças públicas quase ao final do mandato do então presidente da corte, desembargador Leonam Cruz. A promessa de agilidade ficou no papel.
Um longo caminho
A sucessão de obstáculos parece ter sido cuidadosamente construída. Após o fim do mandato de Fecury, o processo passou brevemente pelas mãos do novo juiz eleitoral, Thiago Sefer, que prontamente se declarou suspeito para conduzir o feito.
Em seguida, foi dirigido para a mesa do juiz Marcus Alan de Melo Gomes, atualmente de férias, mas com grande expectativa de movimentação neste início de maio, após seu retorno. Explica-se: o atual juiz do caso é efetivo da corte e goza de boa reputação quando o assunto é celeridade nos processos da Justiça Eleitoral. Até aqui, porém, a lentidão tem sido conveniente: adiar o julgamento de um caso que pode resultar na cassação de um dos principais nomes do PT na Região Norte.
Segue despreocupado
Apesar das acusações, Beto Faro não demonstra preocupação; pelo contrário. Amplia sua atuação política e costura alianças de olho no futuro. Fontes de Brasília relatam que o senador articula sua nomeação para um ministério, com um aval que seria direto do presidente Lula. Caso a manobra se concretize, Josenir Nascimento, suplente de Beto Faro, assumiria a vaga no Senado até 2026 - uma jogada estratégica para blindar o mandato.
Enquanto isso, no Pará, aliados do senador alimentam boatos sobre sua candidatura ao governo estadual. Em corredores da Fetagri, organização historicamente ligada a Faro, circula a versão de que Lula já “bateu o martelo” e que o governador Helder Barbalho teria sido ‘estimulado’ a apoiar a candidatura petista. Nos bastidores, no entanto, a história é outra: Hana Ghassan, atual vice-governadora, é o nome defendido oficialmente e em definitivo pelo governo estadual, mas o PT poderia ficar com a indicação do nome do vice, que recairia sobre o deputado Dirceu Ten Caten ou, ainda, a deputada federal Dilvanda Faro, mulher de Beto Faro. Pode ser possível, mas improvável até agora.
De próprio punho
Fonte da Coluna Olavo Dutra assegura que o próprio Faro também lidera pessoalmente uma ofensiva para recuperar o protagonismo do PT no Pará, tendo iniciado uma série de 14 plenárias por todo o Estado mirando 2026. Ou seja, enquanto a “tartaruga” segue em marcha lenta, Beto Faro avança com velocidade rumo a novos espaços de poder.
Em meio à disputa pelos diretórios partidários marcada para julho, o PT tenta reinventar sua narrativa na Região Norte, onde tem perdido espaço político e eleitoral.
Cenário favorável
A realidade, contudo, é incômoda. O partido que fala em democracia interna, protagonismo popular e combate à impunidade assiste, em silêncio, à paralisação de um processo judicial que coloca em xeque a legitimidade de um mandato parlamentar. O caso Beto Faro é um retrato cruel de como interesses políticos conseguem se sobrepor ao rito da Justiça Eleitoral que, se conseguir cumprir seu papel no caso, abriria uma vaga ao Pará no Senado quase junto com as duas das próximas eleições.
O cenário anima o PL, partido que perdeu a vaga para a compra de votos, ficando em 2022 o candidato Mário Couto, com mais de 1,5 milhão de votos, encostado em Faro, que com todas as gravações de Lula para seu programa eleitoral precisou apelar a suposto assédio eleitoral.
Com a saúde em dia e o discurso afiado, Mário Couto segue sendo o nome mais cotado do PL, inclusive pelo presidente do partido, Valdemar Costa Neto, em caso de novas eleições ao Senado no Pará.
Papo Reto
·O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Chicão Melo (foto), do MDB, não será candidato à reeleição, muito menos ao governo.do Estado. Deve sair ao Senado - e muito bem acompanhado, não se pode negar.
·A chamada “Varíola do macaco”, Mpox, se alastra pelo mundo com incrível velocidade, com registo, inclusive, de cerca de duas dezenas de casos na Grande Belém e outras tantas regiões no País.
·Chama atenção o fato de a doença ter chegado ao mesmo tempo em vários países, além do fato de o vírus ser o mesmo de 2018, reforçando a suspeita de vazamento laboratorial e de que se esteja diante de uma nova pandemia.
·Os familiares e amigos das 7 milhões de vidas ceifadas com a covid-19 no mundo nunca esquecerão o que ficou escancarado a partir da condenação - em Missouri, nos EUA - do Partido Comunista Chinês, que, enquanto negava, negava e negava o começo da pandemia, em 2019, saiu comprando freneticamente EPIs e equipamentos hospitalares pelo mundo.
·Informações exclusivas obtidas pela coluna dão conta de que o governo federal, finalmente, vai implantar o que os ambientalistas sempre recomendaram: o regime de cotas na pesca do pargo.
· Segundo fonte da coluna, além das cotas, o novo dispositivo só permitirá a captura de peixes "adultos", com no mínimo 33 cm de tamanho - o que a maioria dos produtores legalizados considera inviabilizar economicamente a atividade -, tempos difíceis prometem se abater sobre o setor.
·Como sobre aumentar o rigor da fiscalização, o governo nada fala, nada diz, quem tem endereço e CNPJ deverá "jogar a toalha", entregando de uma vez por todas a exploração do pargo à clandestinidade.
·Em tempo: cerca de 90% de tudo que exporta de pargo no Brasil sai do Pará, mais precisamente da costa bragantina.