São Paulo, 31 - Investigação da Polícia
Federal no âmbito da Operação Concierge, deflagrada na quarta-feira, 28, aponta
para um suposto laranja da fintech T10 Bank que recebeu auxilio emergencial em
2020, período mais crítico da pandemia de covid-19. É o que mostra relatório
encaminhado à Justiça Federal de Campinas, interior paulista.
A fintech T10 Bank, que teria sido utilizada para lavar dinheiro e ocultar
patrimônio do Primeiro Comando da Capital (PCC), foi constituída em maio de
2020, por Antonio Tadeu Lerach. "Ou seja, apesar de figurar como sócio de
dezenas de empresas e ter constituído capital social inicial no montante de R$
1 milhão na abertura da T10 Bank, Antonio Tadeu Larach seria beneficiário de
programa social do governo federal, destinado a pessoas vulneráveis", diz
trecho da investigação da Polícia Federal. O Estadão busca contato com os
citados na Operação, que podem enviar manifestação para
heitor.mazzoco@estadao.com, marcelo.godoy@estadao.com e
fausto.macedo@estadao.com.
Lerach foi excluído do quadro societário em fevereiro de 2021 para dar lugar a
José Rodrigues Costa, Patrick Filipi Cozzi, Fábio de Biasi e Denis Arruda
Ribeiro. Este, apontado como líder do T10 Bank. "Por conseguinte, causa estranheza
que em um lapso tão curto de tempo a empresa tenha tido seu controle societário
alterado, sugerindo que Antonio Tadeu Lerach não teria um real envolvimento com
a empresa", afirmam os investigadores.
Diante dos dados levantados, os investigadores solicitaram Relatórios de
Inteligência Financeira (RIFs) junto ao Conselho de Controle de Atividades
Financeiras (COAF). Comunicações atípicas foram apontadas. "Sem causar
surpresa, todos os envolvidos possuíam comunicações atípicas no COAF, um total
de 138 comunicações, tendo a equipe de investigação analisado
pormenorizadamente e materializado os indícios em duas informações policiais
que acompanharam a representação pela quebra do sigilo fiscal e bancário",
diz trecho do relatório da PF.
A investigação aponta Lerach como "testa de ferro" da organização
criminosa e "laranja" em diversas empresas. Segundo informações do
relatório da PF, ele seria "interposta pessoa" de Denis Arruada em
diversas empreendimentos de fachada. "O primeiro ponto é o patrimônio informado
em suas Declarações de Imposto de Renda. A declaração do exercício 2019 informa
rendimentos tributáveis de R$ 6 mil e bens e direitos no montante de R$ 1. Nos
exercícios 2020 e 2021 (ele) foi omisso na entrega. Já no exercício 2022 indica
recebimentos de pessoa física no montante de R$ 22,6 mil e bens e direitos no
montante de R$ 120 mil", cita a apuração.
Alvos da Operação Concierge, que é investigada por auxiliar pessoas físicas e
jurídicas com criação de contas invisíveis para evitar rastreamento das
autoridades públicas, o que permite lavagem de dinheiro e evita bloqueio de
valores. O PCC é apontado como cliente do grupo. A I9Pay também é uma fintech
investigada na operação. De acordo com os dados da investigação, as empresas
eram hospedadas em instituições financeiras de grande porte autorizadas pelo
Banco Central (Bancos Bonsucesso e Rendimento). A T10 Bank não respondeu
questionamentos do Estadão. A I9Pay negou as acusações. Os bancos dizem
cooperar com as investigações.
Com a palavra, a Inove Global Group
Os advogados do Inove Global Group ainda não tiveram acesso integral ao
conteúdo da investigação. A empresa nega veementemente ter relação com os fatos
mencionados pelas autoridades policiais e veiculados pela imprensa. Também
ressalta total disposição em colaborar com as investigações. Importante
ressaltar que o Inove Global Group é uma empresa de tecnologia ligada a meios
de pagamento. E não uma Instituição financeira e nem banco digital.
Com a palavra, o BS2 (antigo Banco Bonsucesso)
O Banco BS2 informa que está colaborando com fornecimento de informações à
Polícia Federal e Receita Federal relativas a movimentações financeiras de um
cliente. Estamos prestando todos os esclarecimentos demandados pelas
autoridades competentes e reafirmamos nossa atuação em conformidade com a
regulamentação vigente.
Com a palavra, o Banco Rendimento
O Banco Rendimento segue todas as regulamentações do Banco Central e órgãos
competentes, também aplicadas desde o início da relação com a T10 Bank, onde
todas as avaliações recomendadas foram executadas. No momento da operação
realizada hoje, o Banco Rendimento já não prestava mais os serviços mencionados
para a T10 Bank. O Banco Rendimento está colaborando com as investigações.
Fonte: Estadão conteúdo
Foto: Reprodução