São Paulo, SP - O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Pará (FIEPA) e da Jornada COP+, Alex Carvalho, falou sobre o movimento de convergência de esforços pela transição justa e o desenvolvimento sustentável, nesta quarta-feira, 9, durante debate sobre a COP 30 e os impactos no setor da construção. O painel fez parte da programação do 100º Encontro Internacional da Indústria da Construção (ENIC) e da 29º Feira Internacional da Indústria da Construção (Feicon), realizados na São Paulo Expo.
“A COP não é de Belém, da Amazônia, é nossa, é do Brasil. Nós estamos de braços abertos e mãos firmes a quem quer entender um novo modelo possível. Vamos construir pontes e fazer com que o desenvolvimento da infraestrutura, a construção, não sejam vistos como inimigos da sustentabilidade . Nosso inimigo é a miséria”, afirmou Carvalho.
O presidente explicou que o “mais” da Jornada é justamente o indicativo de que as ações implementadas antes e durante a Conferência Mundial sobre Mudanças Climáticas, em novembro, em Belém, vão continuar. “O objetivo do trabalho liderado pela indústria, mas que envolve diversos setores da sociedade, é deixar um legado para quem vive na região, com letramento sobre a importância da COP e a construção coletiva de uma nova agenda econômica, social e ambiental”, completou Carvalho.
O presidente do Instituto Amazônia+21, Marcelo Thomé, também participou do painel e falou sobre o trabalho do instituto na conexão de projetos da Amazônia e sobre investimentos. Thomé também apresentou o “Morar Amazônico”: um projeto habitacional em parceria com a Caixa Econômica Federal que utiliza materiais produzidos na região para a construção de imóveis. "Um projeto de acesso à habitação respeitando o modo de vida e cultura. Uma aliança entre academia e setor financeiro que produz habitações com materiais adequados à região e às mudanças climáticas", explicou. O projeto será testado na Vila da Barca, na orla da capital paraense.
Desenvolvimento social e ambiental
Para Renato Correia, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), promotora do ENIC e da Feicon, o setor precisa ser visto como agente de desenvolvimento e já deixa lições de sustentabilidade importantes para o mundo. Para ele, é preciso agora alinhar ações para lidar com os desafios não só do déficit habitacional, hoje em 7 milhões de unidades no país. “Sabemos que temos 90 milhões de pessoas sem esgoto tratado no Brasil. Nós precisamos garantir esse direito a todos com a construção de habitações que também permitam dignidade”, declarou Correia.
Thelma Krug, cientista do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) falou sobre a importância de levar em conta medidas de adaptação na construção dos edifícios, desde a estrutura até o uso de energia. “A mudança do clima pode acelerar a degradação de estruturas, com corrosão do aço, por exemplo. O desafio é encontrar soluções tecnológicas de materiais multifuncionais que podem reduzir os impactos. São necessárias também políticas mais efetivas para descarbonizar o setor das construções”, explicou a pesquisadora.
Responsabilidades
“Um setor que é responsável por mais de 40% do total de emissões de CO2 no mundo, o da construção, tem que ficar no centro das atenções como parte essencial da solução para esse problema”, afirmou Javier Gimeno, Senior Group VP & CEO Latin America Saint-Gobain - uma empresa do ramo de construções sustentáveis. Ele defendeu a eletrificação dos processos industriais e a circularidade, com o uso de insumos recicláveis, como estratégias do setor para a descarbonização e a transição energética. “Circularidade não é apenas discurso, é uma nova lógica empresarial”, concluiu.
Cop 30 e o setor da construção
O painel sobre os impactos da conferência mundial sobre mudanças climáticas no setor da construção também contou com a participação de Chris Trott, sócio e chefe da área de Política em Sustentabilidade e Pesquisa na Foster + Partners e teve mediação de Nilson Sarti, Vice-Presidente de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CBIC.
O 100º ENIC e a 29º Feicon seguem até a próxima sexta-feira, 11, na São Paulo Expo. O Encontro reúne líderes e profissionais da construção para debater inovações, tecnologias e o futuro do setor. A Feira é considerada o maior evento da construção civil e da arquitetura da América Latina.
Foto: Mayra Leal/Fiepa