ditado popular sentencia: “Se conselho fosse bom, ninguém dava, vendia”. Por esse viés, os candidatos à eleição deste ano deveriam ter mais cuidado ao se alvoroçarem em disputar o cargo de prefeito. Estudo recente do Tesouro Nacional aponta que um total de 5.345 prefeituras brasileiras declararam dados financeiros preocupantes referentes a 2019 e 2023.

Dessas
mais de 5 mil, 3.269 prefeituras apresentaram piora nas contas públicas em 2023
na comparação com 2019 - e Belém, capital do Pará, está entre as piores,
ocupando a penúltima colocação entre as capitais. Ou seja, quem se eleger na
“Cidade das Mangueiras” deve herdar uma prefeitura muito, muito endividada;
senão quebrada, no vermelho, como se diz.
O
Brasil contava 991 prefeituras com as contas no vermelho no primeiro semestre
de 2024, ano do último período com apuração disponível. Os rombos somavam R$
12,5 bilhões, com destaque para o resultado negativo de São Paulo (- R$ 2,3
bilhões). Um total de 3.582 municípios estava com as contas no azul em 2019,
nos quais os superávits somavam R$ 41,3 bilhões.
Os
dados foram levantados a partir do Sistema de Informações Contábeis e Fiscais
do Setor Público Brasileiro (Siconfi) e os números são declarados pelas
administrações municipais ao Tesouro Nacional a cada dois meses.
O
estudo foi feito baseado em dados de 2019, último ano sem os efeitos da
pandemia de covid 19, antes das eleições de 2020, e 2023, penúltimo ano dos
atuais prefeitos. Dos municípios que pioraram, 1.967 que estavam no azul antes
da pandemia, fecharam 2023 no vermelho. Outros 830 tiveram queda no superávit e
472, aumento no déficit.
Da água para o vinho
Segundo
o Tesouro Nacional, Belém tinha em 2019 um déficit de menos R$ 75.124.319,00,
quando o prefeito era Zenaldo Coutinho, do PSDB, e no final de 2023 é de menos
R$ 518.788.257,00, na gestão de Edmilson Rodrigues, do Psol.
No
ranking do Tesouro Nacional, Belém está na 24ª posição, à frente apenas do Rio
de Janeiro e de São Paulo, que lidera a lista de maiores rombos - R$ 7,9
bilhões - em 2023, sendo que a essa cidade, praticamente, reverteu o superávit
de R$ 9,2 bilhões observado em 2019.
Evoluíram a deficitárias
Outras
sete capitais, além de São Paulo, também tinham as contas no azul em 2019, mas
registraram déficits no ano passado: Curitiba (PR), Rio Branco (AC), Porto
Velho (RO), Aracajú (SE), Porto Alegre (RS), Macapá (AP) e Rio de Janeiro (RJ).
Entre
todas as capitais de Estados, a que está em melhor situação é Belo Horizonte,
Minas Gerais, mas, mesmo assim, o superávit, que era de R$ 1.221.700 bilhão em
2019, caiu para R$ 622 milhões em 2023, ou seja, quase a metade.
O
estudo constata que as prefeituras que melhoraram são 2.076. Foram consideradas
melhorias de aumentos de superávit em 1.194 cidades, reversões de rombo em 676
e retrações nos déficits em outras 206.
Das
onze capitais que apresentaram melhora nas contas públicas, três saíram do
déficit e foram ao superávit: Natal (RN), Campo Grande (MT) e Florianópolis
(SC). Brasília não é considerada para o levantamento, porque declara os dados
junto aos Estados, e não com as cidades.
Quem te viu, Belém?
No
final de 2017, primeiro ano do segundo mandato de Zenaldo Coutinho na
prefeitura, uma informação direto de Brasília deixou a gestão aliviada: desde
2013, depois de oitos anos de gestão de Duciomar Costa, Zenaldo e equipe
tentavam colocar Belém, financeiramente, nos eixos, mas tudo era muito difícil
e Belém estava no vermelho.
As
mais de 5 mil prefeituras de municípios brasileiros são auditadas, ano a ano,
pelo Sistema de Informações sobre Requisitos Fiscais, de caráter meramente
informativo e facultativo, que espelha registros de informações que estiverem
disponíveis nos cadastros de adimplência ou sistemas de informações
financeiras, contábeis e fiscais geridos pelo governo federal, por meio da
Secretaria do Tesouro Nacional.
Pendências no sistema
Atualmente,
segundo a Secretaria do Tesouro Nacional, cerca de 61,2% dos municípios
brasileiros têm pendências no sistema. Estas pendências podem impedir os
municípios de receberem transferências voluntárias do governo federal e de
contratar operações de crédito. Entre os especialistas em economia, eles
costumam dizer que o CAUC “é o Serasa das prefeituras brasileiras”.
E era
assim que Belém estava no início de 2013: no vermelho e sem conseguir contratar
nada, com nenhuma instituição bancária. Mas, no final de 2017, depois de cinco
anos de muito “apertar o cinto”, Belém saiu da “lista vermelha” e a notícia
veio de Brasília.
À
época, em dezembro de 2017, Zenaldo Coutinho estava de férias e fora do Brasil.
Quem foi a Brasília assinar os documentos com a Secretaria do Tesouro Nacional
foi o vice-prefeito - 2017 a 2020, Orlando Reis, do PSB, e Belém passou a ser
“a menina dos olhos dos bancos”. Quase que imediatamente, teve às suas portas
instituições bancárias como BID, Banco do Brasil, Caixa Econômica e outros em
busca de fazer negócios com Belém.
Equilíbrio para nada
O
esforço, naquela época, em manter as contas em equilíbrio apontou à
regularização da situação da Prefeitura de Belém no CAUC. A regularização junto
à Secretaria do Tesouro Nacional, em 2017, atribuiu ao município de Belém o
conceito “Rate B” e depois, em 2018, o conceito passou a ser “Rate B+”.
De
2018 ao início de 2020, Belém conseguiu respirar economicamente e fazer alguns
negócios, mas veio a pandemia de covid 19 - e o resto é história que todos
viveram e o município voltou a ficar muito endividado, como até hoje. O
prefeito de Belém que o diga.
Papo Reto
·
A presidente do Banpará, Ruth Mello (foto),
arranjou um problema - e não foi por falta de aviso. O MP abriu procedimento
que prevê apurar possíveis prejuízos à coletividade por conta da paralisação
dos serviços do banco entre os dias 12 e 15 deste mês.
·
Estaria a exuberância da florada dos ipês - jamais vista
com tamanha intensidade em Belém - relacionada à diminuição da umidade relativa
do ar, fruto, por sua vez, do rigor climático que de uns tempos para cá tem
afetado a Amazônia?
·
Aliás, por falar em estiagem, rios da Amazônia registram
este ano níveis abaixo da média histórica e algumas comunidades tradicionais já
enfrentam desafios agravados pelo desabastecimento de alimentos e água potável.
· O Ministério da Saúde recomendou intensificação da
vigilância de casos de transmissão vertical da febre do Oropouche, cujo vírus é
transmitido da mãe para o bebê durante a gestação ou no parto.
· Pernambuco e outros Estados, por exemplo, já criaram
comitê para enfrentamento e prevenção à doença, mas, no Pará, nem se fala no
tema.
· Está "no forno" e pronta para testes em humanos uma vacina brasileira contra a Mpox - desenvolvida por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais. Os primeiros resultados iniciais, em laboratório, são muito animadores.