Com o apoio de informações compartilhadas
pelo Ministério Público Federal (MPF) brasileiro, via cooperação internacional,
as autoridades italianas realizaram, nesta semana, uma operação que resultou na
prisão de quatro pessoas ligadas à Cosa Nostra, um grupo mafioso da Itália que
atuava no Brasil. As prisões foram decretadas pela Justiça, a pedido do
Ministério Público italiano, pelos crimes de extorsão, lavagem de dinheiro e
transferência fraudulenta de valores. Também foi determinado o bloqueio de mais
de 350 mil euros – o equivalente a R$ 2,1 milhões - e de bens de nove empresas
que operam nos setores imobiliário e de restauração, localizadas na Itália, na
Suíça, em Hong Kong e no Brasil.
A ação desta semana é resultado do trabalho realizado por uma Equipe Conjunta
de Investigação (ECI), formada por membros do MPF e integrantes da Polícia
Federal brasileira, da Procuradoria de Palermo (na Itália) e da Polícia
italiana, com o apoio da Agência da União Europeia para a Cooperação Judiciária
Penal, Eurojust. O acordo para a criação da Equipe foi firmado pela Secretaria
de Cooperação Internacional do MPF (SCI), tendo tramitado pelo Ministério da
Justiça, seguindo as regras da Convenção de Palermo, principal instrumento global
de combate ao crime organizado transnacional. No Brasil, as investigações são
conduzidas pela unidade do Ministério Público Federal no Rio Grande do
Norte.
As quatro prisões são um desdobramento das apurações feitas no âmbito da
Operação Arancia, deflagrada no dia 13 de agosto deste ano, em Natal (RN).
Naquela ocasião, os trabalhos miraram a ramificação da Cosa Nostra no Brasil,
uma das maiores organizações mafiosas da Itália, que também atua em solo
brasileiro, especialmente no Rio Grande do Norte e na Paraíba. Como resultado,
o empresário Giuseppe Bruno, considerado um dos chefes da organização, foi
preso no Brasil.
As evidências coletadas até o momento indicam que a máfia italiana utilizou
empresas fantasmas e laranjas para facilitar a movimentação e a ocultação de
fundos ilícitos, provenientes de atividades criminosas internacionais.
Estima-se que a ramificação do grupo no Brasil tenha realizado a lavagem de
aproximadamente R$ 300 milhões em capitais ilícitos, desde 2009. O dinheiro era
usado para adquirir propriedades e infiltrar-se no mercado imobiliário e
financeiro brasileiro.
Segundo comunicado divulgado pelo Comando Provincial de Palermo, as provas
recolhidas até agora apontam para a atuação criminosa conjunta de Giuseppe
Calvaruso e de Giuseppe Bruno no esquema. As autoridades italianas estimam que
o valor total dos ativos investidos podem superar 500 milhões de euros, em
valores atuais, o que equivale a mais de R$ 3 bilhões. “O dinheiro foi
transferido da Itália para o Brasil por meio de complexos mecanismos de lavagem
de dinheiro, passando, em muitos casos, por contas correntes localizadas no
exterior”, afirma o comunicado.
Denúncia - No dia 17 de setembro deste ano, o MPF denunciou três italianos e
seis brasileiros por envolvimento nos crimes de organização criminosa
internacional e lavagem de dinheiro para a máfia italiana. Além da condenação
dos envolvidos, o MPF pediu à Justiça brasileira a manutenção da prisão
preventiva dos líderes da máfia.
Dois deles já estão presos por outros crimes: Giuseppe Calvaruso - sob custódia
na Itália - e Pietro Lagodana - que cumpre pena no Presídio Estadual de
Alcaçuz, no RN. O terceiro italiano apontado como líder é Giuseppe Bruno, que
também permanece preso no Brasil. Além desses três chefes, foram denunciados
seis brasileiros acusados de integrarem a organização em diferentes períodos,
incluindo companheiras dos italianos.
Fonte: Secretaria de Comunicação Social/MPF
Fonte: João Américo