m "Máquina Mortífera", filme de Richard Donner, o personagem Martin Riggs (Mel Gibson) mora em um trailer, na praia, destruído a bomba por ordem de um embaixador sul-africano baseado nos EUA. Em “Kill Bil”, do aclamado cineasta Quentin Tarantino, é o personagem Budd (Michel Madsen) que, após receber US 1 milhão como pagamento de uma espada Hatori Hanzo, é assassinado pela vilã com uso de uma mamba negra, no trailer onde morava.
A ideia de aproveitar os contêineres é de Ivan Ferreira, CEO da Novo Engenho, empresa que já transformou os compartimentos de metal em unidades habitacionais e escritórios. Mas, aplicá-los à hotelaria é uma ideia inédita na capital paraense. As conversões são feitas em 90 dias.
Uma empresa de turismo já encomendou os 20 primeiros contêineres convertidos para acomodação. Cada um será transformado em duas quitinetes de 15m² cada uma, totalizando 40 leitos. Cada uma contará com quarto, copa e banheiro, divididos por um drywall - espécie de parede composta por placas de gesso e perfis de aço galvanizado.
Para receber Ongs
Os contêineres são comprados das operadoras que atuam no Porto de Barcarena, na Região Metropolitana de Belém, e que descartam os equipamentos depois do uso. O idealizador do projeto conta que já recebeu alguns contatos do exterior, sobretudo de Ongs que não conseguirão custear com os valores da hotelaria convencional para o período, mas nada de concreto foi fechado até agora.
Os primeiros 20 contêineres para hospedagem foram encomendados pelo empresário Paulo Henrique Ataíde, dono de um restaurante de alta gastronomia na Ilha do Combu. O projeto final incluía hospedagem, mas, diante do tempo exíguo e dos altos custos, ele se conteve com a ideia dos contêineres.
As unidades do restaurante ficarão em um terreno à beira do rio Guamá para servir de pequeno porto do traslado a partir de Belém. A perspectiva é que as equipes das Ongs que já reservaram o restaurante para eventos paralelos na COP ocupem os quartos, pensados para duas ou três pessoas.
Dobrar a rede
Belém precisa dobrar a rede hoteleira de 25 mil leitos para receber 50 mil pessoas durante a COP30. Antônio Santiago, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Pará, ABIH, acredita que Belém dará conta do recado. Ele também é entusiasta do projeto de adaptação de contêineres.
“Qualquer projeto que alavanque os meios de hospedagem para COP30 será bem-vindo. Os hotéis já estão com suas reservas praticamente esgotadas e as plataformas de hospedagem estão com os preços totalmente fora da realidade”, avalia.
Os olhos da cara
A corrida por leitos durante a COP30 fez disparar os preços de diárias em Belém. É possível encontrar preços entre R$ 400 mil e mais de R$ 2 milhões em residências de luxo disponíveis no Airbnb. No caso dos hotéis, as diárias médias, que costumam custar entre R$ 700 e R$ 1,2 mil, podem chegar a R$ 3 mil durante o evento.
Enquanto isso, os governos estadual e federal vêm tomando medidas para chegar ao número entre 50 e 60 mil leitos, como contratar 4,5 mil quartos em transatlânticos e uma plataforma para anúncios de leitos para turistas, conceder incentivos fiscais a hotéis, construir a Vila COP30 para chefes de Estado e reformar 17 escolas como alternativa de hospedagem.
Bem melhor que trailers de ficção científica.
Papo Reto
·Erramos: o encontro entre o ex-prefeito de Capitão Poço Raimundo Belo (foto), marido da deputada estadual Diana Belo, e o grupo que articula a candidatura do prefeito Daniel Santos, de Ananindeua, não aconteceu.
·A coluna foi induzida a erro na informação. Belo foi nomeado pelo governador Helder Barbalho para ocupar uma das diretorias da Adepará e está, como se diz, com “sangue nos olhos”.
·O que quer dizer que o desmonte do suposto esquema envolvendo diretores e servidores da Agência apontado na edição de ontem da coluna está com os dias contados.
·Mais cedo, ou mais tarde cai gente, inclusive servidores que nada têm a ver com o tal esquema, como um gerente da Agência em Itaituba, exonerado, segundo o DOE de hoje.
·Depois de dois anos e um protesto dos moradores de Salvaterra, após o naufrágio da lancha “Dona Lourdes 2”, em setembro de 2022, a empresa Navegação Ferreira recebeu autorização do do Estado para operar a linha Belém-Camará, em Salvaterra.
·Na época do protesto, a empresa aceitou fazer a linha para Belém, em um momento de crise profunda, disponibilizando serviços junto à Transmarajó, responsável pela lancha “Atlântica”, que saiu da linha.
·Agora, os moradores comemoram a vitória do movimento que conquista a estabilidade da empresa na linha, permitindo mais investimento, sem o medo de ser retirada por influências externas.
·O secretário extraordinário da COP30, Valter Corrêa, em entrevista ao programa Roda Viva da Rede Cultura, teceu os melhores comentários de Belém como sede do evento, destacando a culinária, o charme da cidade e o fato de ser na Amazônia, a maior floresta tropical do planeta.
·"Belém estará pronta para a maior COP da história", anunciou ele, destacando o papel de convencer os 190 países de manterem vivo o Acordo de Paris e atrair as grandes potências para a causa climática.