Na segunda noite de
desfiles das escolas de samba do Rio, Unidos do Viradouro e Mangueira se
destacaram no Sambódromo da Marquês de Sapucaí e se credenciaram na disputa
pelo título. A competição tem também a Imperatriz Leopoldinense, principal
destaque da primeira noite, e outras que empolgaram menos, mas também
concorrem, como Grande Rio e Beija-Flor, no domingo, 11, e Mocidade
Independente e Vila Isabel, na segunda-feira, 12.
A apuração será na tarde de Quarta-Feira de Cinzas, 14, na Praça da Apoteose, como
chama a parte final do sambódromo.
As seis escolas melhor colocadas voltam a se exibir no desfile das Campeãs, na
noite do próximo sábado, 17.
Mocidade Independente de Padre Miguel
A Mocidade Independente de Padre Miguel foi a primeira escola a desfilar na
segunda noite de exibições no sambódromo, a partir das 22 horas de
segunda-feira. A agremiação da zona oeste do Rio discorreu sobre o caju e usou
o trunfo de ter o samba mais famoso desta temporada pra fazer o desfile mais
animado até então, contando a ligação do fruta com a história do Brasil e
outras curiosidades.
Se sobrou animação, o luxo de fantasias e alegorias não foi comparável ao
apresentado na noite anterior pela Grande Rio e pela Imperatriz, por exemplo.
Por coincidência, o desfile ocorreu no dia do aniversário de Castor de Andrade
(1926-1997), famoso contraventor que foi patrono da escola e que, se estivesse
vivo, completaria 98 anos.
Atualmente o presidente de honra da escola é um sobrinho de Castor, Rogério de
Andrade. Por ordem judicial, ele usa tornozeleira eletrônica e está proibido de
sair de casa à noite: por isso não foi ao sambódromo.
A mulher de Rogério, Fabíola Andrade, é a rainha da bateria da Mocidade. Antes
do desfile, ela distribuiu kits de calcinhas e sutiãs para a plateia do setor 1
do sambódromo.
Portela
A segunda agremiação a desfilar foi a Portela, que apresentou um enredo sobre o
racismo. O samba não empolgou tanto como o da Mocidade, mas as alegorias eram
mais luxuosas.
A exibição da escola uniu técnica e emoção, mas houve problemas com o primeiro
carro alegórico, que quebrou ainda na concentração e teve de ser consertado às
pressas.
Desfilaram pela escola, entre outras personalidades, o ministro dos Direitos
Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, e Marinete Silva, mãe de Marielle
Franco, vereadora do Rio de Janeiro assassinada em março de 2018.
Unidos de Vila Isabel
A terceira agremiação a desfilar foi a Unidos de Vila Isabel, que reeditou o
enredo de 1993, "Gbala - Viagem ao Templo da Criação", baseada num
conto religioso sobre a recriação do mundo pelas crianças.
O samba é de autoria de Martinho da Vila, que completou 86 anos exatamente na
segunda-feira e ganhou "Parabéns a Você" executado pela bateria,
antes do início do desfile.
O cantor e compositor, presidente de honra da Vila Isabel, desfilou
representando Oxalá, no 6º e último carro alegórico.
A escola fez um desfile técnico e correto, com carros alegóricos bonitos e
fantasias fáceis de interpretar, mas faltaram as surpresas com que o
carnavalesco Paulo Barros costuma brindar o público.
Barros passou mal após o desfile, na dispersão, mas recebeu atendimento médico
e se recuperou.
Outro que passou mal, mas ainda na concentração, foi o intérprete Tinga, que se
recuperou e conseguiu cantar normalmente ao longo do desfile.
Mangueira
A Mangueira foi a quarta escola a se apresentar, homenageando a cantora
Alcione, ilustre integrante da Verde e a Rosa e uma das fundadoras da Mangueira
do Amanhã, versão mirim da agremiação.
Ela desfilou no último carro alegórico, mas antes de se dirigir a ele, durante
o "esquenta" na concentração, cantou à capela um trecho do
samba-enredo.
Não faltaram amigos famosos da cantora, como a também cantora Maria Bethânia,
que desfilou sobre um tripé.
O samba, que não era apontado como dos melhores do ano, funcionou muito e
animou o desfile.
Com fantasias e alegorias bem feitas e coloridas, a escola fez ótimo desfile,
mas uma escultura que representava a própria Alcione no último carro alegórico
quebrou, o que deve tirar décimos da escola no quesito "alegorias e
adereços".
Já na dispersão houve mais um problema com esse mesmo carro alegórico: enquanto
era retirada pelo guindaste, uma mulher caiu do carro.
Segundo integrantes da escola, ela foi socorrida e sofreu apenas escoriações.
Paraíso do Tuiuti
A quinta escola a desfilar foi a Paraíso do Tuiuti, que retratou a Revolta da
Chibata e homenageou o marinheiro João Cândido.
Embora o tema tenha sido muito bem apresentado, foi um desfile morno, e a
escola deve ficar fora do desfile das campeãs.
Viradouro
A Viradouro encerrou a segunda noite de desfiles das escolas de samba do Rio
com o enredo "Arroboboi, Dangbé", sobre o vodun Dangbé, culto do
candomblé Jeje representado pela serpente. A serpente surgia já na comissão de
frente, muito aplaudida.
Atual vice-campeã, a escola fez um desfile de muito luxo e brilho e de fácil
compreensão e vai disputar o título novamente.
O samba não chegou a empolgar a plateia, mas os integrantes da escola cantaram
a plenos pulmões.
A exibição terminou às 5h55 desta terça-feira, aos gritos de "é
campeã".
Fonte: Estadão conteúdo
Foto: Reprodução/Instagram/mangueira_oficial