Belém ferve sem árvores enquanto discute clima e estudo do Imazon aponta metas estaduais incompatíveis com o Acordo de Paris

ntes mesmo de entrar na Blue Zone, qualquer participante da COP30 descobre uma contradição gritante: Belém fala de clima, mas não tem sombra para caminhar. Fora dos corredores de mangueiras do Centro, o trajeto entre hotéis, Parque da Cidade e áreas oficiais do evento é um desafio à sobrevivência sob o sol. Árvores, o remédio mais barato e eficaz contra o calor urbano, são artigos de luxo.

Não à toa, corada de tanto calor - ou de vergonha -, a primeira-dama do Brasil, Sra. Janja da Silva, chegou a pedir desculpas aos visitantes. Estava sob 39°C e sentia tanto quanto se estivesse em Santarém ou Manaus.
Segundo o INMET, em 50 anos, a temperatura máxima média da capital paraense subiu 1,9°C - acima da meta global do Acordo de Paris, que tenta limitar o aquecimento a 1,5°C. A cidade, portanto, já vive hoje o cenário que o mundo tenta evitar amanhã.
E é impossível ignorar o contraste histórico: em 1902, o intendente Antônio Lemos considerou a arborização questão de “necessária importância” para proteger a população - e mandou plantar duas mil mangueiras. Um século depois, elas seguem de pé, mas o planejamento urbano parece ter caído. Belém precisa de árvores, e precisa agora, sobretudo nas periferias que vivem sem sombra.
Enquanto a cidade esquenta, outro aquecimento preocupa: o da floresta. Entre as discussões centrais da COP30 está como levar a Amazônia ao desmatamento zero até 2030, condição essencial para cumprir o Acordo de Paris. Mas, segundo o Imazon, a ambição dos estados amazônicos está bem aquém do discurso.
O plano federal prevê o desmatamento zero na 5ª fase do PPCDAm, mas ainda admite o desmatamento legal compensado, o que já reduz a chance de zerar totalmente a derrubada. Até setembro, o governo nem havia oficializado a estimativa desse desmate legal. O Plano Setorial da Agricultura e Pecuária sugere reduzir a supressão em 50% até 2030, o que equivaleria a 703 km² de derrubada legal.
Nas contas estaduais, os números são bem mais altos. Mato Grosso e Pará, juntos, projetam 2.109 km² de desmatamento até 2030 - três vezes a estimativa federal. O valor inviabiliza o compromisso do Consórcio Interestadual da Amazônia Legal, que fala em desmatamento zero total e recuperação de 3 mil km².
A meta intermediária do Consórcio - 10 mil km² de perda florestal até 2025 - já foi superada em 2023.
Pará, Amazonas e Roraima apresentam compromissos “parcialmente compatíveis”, mas todos admitem desmatamento ilegal compensado. O Pará se destaca negativamente: projeta 1.538,3 km² em 2030, mais que o dobro da projeção federal para toda a Amazônia.
Acre, Amapá, Maranhão, Rondônia e Tocantins não têm metas de redução específicas para 2030. Mato Grosso é o mais alinhado ao plano federal, mas precisaria quadruplicar a recuperação de áreas degradadas para cumprir o prometido. Para metas anteriores a 2030, apenas o Pará não apresentou compromisso nenhum.
O governo paraense informou ao Imazon que pretende alcançar emissão líquida zero no uso da terra até 2030, com 56.500 km² restaurados. Ainda assim, a compatibilidade com as metas federais é apenas parcial, porque o Estado aceita desmatamento ilegal compensado.
Em 2024, o Pará registrou desmatamento 3% abaixo da linha de base 2014–2018. Para 2050, a meta é emissão líquida zero e limite de 2 tCO₂e per capita. Os pesquisadores fazem um alerta direto: metas sem execução não entregam resultado. Estados precisam agir, e uma medida crucial está sob responsabilidade direta deles - dar transparência à cadeia da pecuária, principal vetor do desmatamento. Abertura de GTAs e CARs continua sendo promessa não cumprida.
No fim, floresta e cidade se encontram no mesmo problema: falta de política pública concreta. A Amazônia segue perdendo mata em ritmo incompatível com o Acordo de Paris, e Belém, anfitriã da COP30, mal consegue oferecer sombra aos seus visitantes e moradores.
Uma ironia amarga: sem árvores nas ruas e sem metas robustas na floresta, o calor - urbano e climático - só tende a aumentar (Com informações do Imazon e Amazônia Vox).

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Jornalista, natural de Belterra, oeste do Pará, com 48 anos de profissão e passagens pelos jornais A Província do Pará, Diário do Pará e O Liberal.
Comentários
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