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Empreendedoras ainda enfrentam desafios para ter acesso ao crédito

No primeiro trimestre de 2024, as empreendedoras responderam por 40% das operações de crédito concedidas, mas receberam apenas 29,4% do valor total.

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  • Ana Claudia Badra Cotait | Especial para o POD
  • 25/05/2025, 20:00
Empreendedoras ainda enfrentam desafios para ter acesso ao crédito

O protagonismo feminino no mundo dos negócios vem crescendo e se consolidando no país. Dados do Sebrae apontam que em 2024 as mulheres representavam 46,8% dos empreendedores iniciais, um número que voltou a crescer depois de alguns anos de retração provocada pela pandemia.


Hoje temos mais de 10 milhões de mulheres à frente de empresas no país, demonstrando competência, capacidade de liderança, criatividade, resiliência e, apesar dessa frente de empreendedoras movimentar boa parte da nossa economia, a grande maioria não tem acesso ao credito bancário, o que é fundamental para que elas possam expandir e tornar seus negócios mais competitivos.


Mesmo comprovando o sucesso dos seus empreendimentos e responsabilidade financeira, nossas empreendedoras ainda enfrentam muitas barreiras para conseguir financiamentos. Só para se ter ideia dessa dificuldade, no primeiro trimestre de 2024, elas responderam por 40% das operações de crédito concedidas, mas receberam apenas 29,4% do valor total o que correspondeu a cerca de R$ 32 bilhões dos R$ 109 bilhões liberados para o setor.


Ainda, segundo o Sebrae, no ano passado apenas 6% das mulheres conseguiram apoio de instituições financeiras para abrir seus negócios e o restante iniciou com recursos próprios.


E esse cenário fica pior quando analisamos os custos, pois nossas empresárias ainda pagam taxas de juros mais altas, uma média anual de 40,6%, contra 36,8% para empresas lideradas por homens. E isso ainda acontece mesmo com níveis semelhantes de inadimplência.


Além das limitações financeiras, as empreendedoras também enfrentam desafios como a falta bens em seus nomes para apresentarem como caução; com histórico de crédito limitado; por trabalharem na informalidade e acumularem muitas responsabilidades familiares que acabam interferindo na gestão das suas empresas.


Para auxiliar essas mulheres existem iniciativas como o Programa Acredita Delas, que oferece 100% de aval para operações de crédito, além de capacitação e apoio técnico, e Cooperativas como Cresol e Sicredi que desenvolveram linhas exclusivas para mulheres com programas de educação financeira, mentorias e taxas diferenciadas.


Só no ano passado o Sicredi liberou mais de R$ 14 bilhões para negócios femininos, e apesar dessa prova de que é possível começar a mudar essa realidade, ainda falta muito para criarmos um ambiente mais justo para o crescimento dos negócios liderados por mulheres.


É essencial criar ações coordenadas entre governo, instituições financeiras e a sociedade para expandir políticas públicas com recorte de género, incluir educação financeira desde a escola, estimular a formalização e o registro dos negócios liderados por mulheres e fortalecer redes de apoio para capacitação, orientação e acesso à informação às empreendedoras de todo o país.


Foto: Divulgação

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Ana Claudia Badra Cotait é presidente do CMEC – O Conselho Nacional da Mulher Empreendedora e da Cultura -  órgão da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (FACESP) e da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB).

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Olavo Dutra

Jornalista, natural de Belterra, oeste do Pará, com 48 anos de profissão e passagens pelos jornais A Província do Pará, Diário do Pará e O Liberal.