Conferência entrega visibilidade e obras pontuais, mas deixa a capital praticamente no mesmo lugar em que a encontrou.

urante duas semanas, Belém esteve no centro do planeta. Chefes de Estado, negociadores, imprensa internacional, Ongs, investidores - todos passaram pela capital paraense como se ela fosse, de fato, a porta de entrada definitiva da Amazônia. Nesse ponto, o ganho é inegável: a cidade entrou no mapa geopolítico da crise climática, ganhou manchetes, acumulou fotos de impacto e saiu com um carimbo simbólico que governos gastam anos e milhões para conquistar.

A COP30 deu a Belém o que nenhum gestor local seria capaz de fabricar por conta própria: uma narrativa global. A cidade virou sinônimo de Amazônia, de floresta, de urgência climática - ainda que, no cotidiano, continue sendo uma metrópole quente, desigual e com infraestrutura pressionada. Mas, como vitrine, funcionou. E esse capital político não evapora tão rápido quanto as promessas feitas ao longo do evento.
No conjunto das negociações, a COP30 saiu com avanços moderados. A promessa de triplicar os recursos de adaptação até 2035 favorece países vulneráveis, especialmente pequenas ilhas e parte da África. O plano de gênero, a ampliação de indicadores de adaptação e a manutenção do multilateralismo vivo garantem que o processo continue respirando. Mas a ausência de um compromisso claro sobre a eliminação dos combustíveis fósseis pôs água fria nos mais otimistas.
Enquanto a União Europeia tenta sustentar o discurso da ambição climática e os Estados Unidos administram a própria crise interna, países produtores de petróleo comemoraram em silêncio: nenhuma frase dura contra fósseis passou no texto final. A América Latina ganhou visibilidade, mas perdeu a chance de consolidar um pacto florestal mais ousado. A floresta entrou no discurso, mas não saiu no papel com a força necessária.
A pergunta que vale para o bloco “aqui de casa” é direta: Belém ganhou? A resposta, embora positiva, vem com asteriscos: visibilidade, infraestrutura e discurso
Belém ganhou exposição global que dificilmente voltará a ter em tão curto prazo. Foi reposicionada internacionalmente, e isso pesa para turismo, cultura e investimentos futuros. Também recebeu obras aceleradas - avenidas recuperadas, reformas de espaços públicos, ajustes emergenciais de mobilidade e novos equipamentos que, embora feitos “a toque de caixa”, ficam como legado físico.
E ganhou, sobretudo, o discurso. Governos adoram slogans, e “capital do clima”, “cidade-floresta” e “porta da Amazônia” viraram frases prontas que continuarão aparecendo em campanhas, discursos e apresentações oficiais pelos próximos anos.
Mas a COP30 terminou, e Belém amanheceu com os mesmos problemas de sempre. O trânsito voltou a travar, a sensação térmica continuou sufocante, a desigualdade reapareceu nas esquinas - onde nunca deixou de estar - e o drama urbano não saiu da pauta, apenas foi maquiado durante a visita ilustre da comunidade internacional.
A cidade que apareceu nos drones da comunicação oficial não é a mesma que o cidadão encontra ao atravessar a Almirante Barroso às seis da tarde. O contraste entre a vitrine e a realidade ficou ainda mais evidente quando os delegados foram embora e o tapete da conferência foi recolhido.
E, no campo ambiental mais específico, Belém ficou devendo para si mesma. Não houve anúncios concretos sobre saneamento, gestão hídrica, ilhas, resíduos, erosão ou restauração urbana. A conferência tratou da Amazônia - mas de uma Amazônia abstrata, continental. A Belém metropolitana ficou fora do foco principal, e os resultados não se traduzem em políticas imediatas para a cidade. O legado ambiental, portanto, empatou: ganhou narrativa, perdeu execução.
Belém ganhou palco, ganhou nome e ganhou reforma, mas não ganhou transformação. A COP30 elevou a cidade ao imaginário climático global, mas não resolveu o que a aflige há décadas. O saldo é positivo, mas não histórico - e, como sempre, a conta ficará com os moradores, que agora convivem com a expectativa do que poderia ter sido e a realidade do que, de fato, sobrou.

·Belém ganhou palco, luz e discurso com a COP30 - mas, passada a festa, a cidade real voltou igualzinha: trânsito travado, calor infernal e desigualdade a céu aberto. No saldo, brilhou mais do que mudou.
·O governo Lula (foto) volta para Brasília mantendo a sete chaves a informações sobre a taxa de ocupação das cabines dos transatlânticos que aportaram em Outeiro, contratados a peso de ouro.
·Comentários de alguns tripulantes das embarcações dão conta de que o índice não teria passado de 20%, o que, se confirmado, comprovam o fracasso internacional da ONU.
·Soure, no Marajó, terá um final de mês movimentado, com a reabertura do Hotel Ilha do Marajó e a tradicional Corrida do Cavalo Marajoara.
·A empresa Henvil, que faz a travessia de Icoaraci ao Marajó através de ferry boats, vai inserir uma lancha rápida com capacidade para mais de 200 passageiros, saindo do terminal Hidroviário de Belém.
·Hóspedes do hotel poderão desembarcar no próprio porto na foz do rio Paracauari.
·O portal Amazônia Mais TV, do produtor Reginaldo Ramos, trabalha no projeto "Pensar Amazônia", com a elaboração de documentários em vídeo retratando as principais ações voltadas ao meio ambiente.
·O Psol acionou o Conselho de Ética da Câmara contra Paulo Bilynskyj por quebra de decoro na Comissão de Segurança, presidida por ele.
·Segundo o partido, o parlamentar ri, debocha e interrompe a participação de psolistas no colegiado.
Jornalista, natural de Belterra, oeste do Pará, com 48 anos de profissão e passagens pelos jornais A Província do Pará, Diário do Pará e O Liberal.
Comentários
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