Terminal hidroviário vive situação caótica em Belém e intima permissionários a devolver espaços

Administração da Companhia de Portos e Hidrovias altera horário de funcionamento da estação, serviços continuam precários e permissionários serão desalojados do espaço.

20/07/2024 11:00

Terminal já foi referência, inclusive sendo enquadrado com “Padrão Fifa”, mas atualmente está sem situação precária/Fotos: Divulgação.


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abituado a operar nos bastidores desde que se entende por gente, o atual presidente da Companhia de Portos e Hidrovias do Pará - suplente do senador Beto Faro -, Josenir Nascimento, está levando o Terminal Portuário de Belém a pique. Não é exagero dizer que os usuários do equipamento estão vivendo seu “momento Pearl Harbor”, com bombas administrativas caindo para todo lado e uma situação caótica. Explica-se.

 

Recentemente, para dourar a pílula do veraneio, Josenir Nascimento baixou um ato que altera o horário de abertura do terminal das 5 horas para 5h30 - trinta minutinhos que desacomoda muita gente, a partir da primeira viagem, com destino à região do Marajó, às 6 horas. Resumo da ópera: tem passageiro obrigado a dormir na fila, ao lado do terminal, para não perder a viagem.

 

A medida tem efeito cascata: compromete da primeira à última viagem para destinos que incluem, além do Marajó, Santarém, Manaus, Macapá e outros menos votados. Enquanto o caos determina a movimentação no terminal, Josenir dorme.   

 

Teoria do caos

 

O meteorologista Edward Lorenz propôs que pequenas alterações observadas em determinadas circunstâncias podem causar grandes mudanças no futuro, tornando o sistema caótico e imprevisível. Estava formulada a teoria do caos, situação em que, se for o caso da Companhia de Portos e Hidrovias, o presidente Josenir Nascimento é o agente perfeito para o milagre do caos à mudança, se duvidar como forma de se inserir no contexto da COP30, onde se encaixam a dragagem do Porto de Belém - que nem existe -, construção de hotéis, reurbanização da Doca e outros investimentos que superam a casa do bilhão em Belém.  

 

Caminho de rios

 

De volta à terra firme: o Terminal de Belém foi inaugurado em 2014 e por lá transitam hoje cerca de 5 mil passageiros por dia para diversos destinos, consolidando o verso da canção segundo o qual “esse rio é minha rua”. Mas nem tudo são flores.

 

Gestão temerária

 

Usuários e permissionários apontam que “o terminal está abandonado” e acusam a administração da Companhia de Portos de “temerária”. Nem é para menos: sem investimentos, o terminal está sem ar-condicionado - foram substituídos por ventiladores de pé, insuficientes para amenizar o calor de mais de 26 graus e sensação térmica de 40 graus - e os banheiros, em situação precária, quando funcionam.

 

Convidados a sair

 

A mudança de horário de abertura da estação, portanto, é apenas um detalhe ao qual a população, coitada, terá que se adaptar, o que também deve ocorrer com os permissionários, alguns operando desde a inauguração do equipamento. Eles já foram informados de que deverão devolver o espaço, que receberam através de concessão e licitação pública, à Companhia, para outras necessidades. São microempresários que exploram venda de revistas e lanchonetes e outros. A mesma informação atinge as empresas prestadoras de serviços, com mudanças previstas de guardas de segurança, pessoal de limpeza, conservação e de recepção.

 

Tal e qual...

 

Anos atrás, o Terminal de Belém foi referenciado como “Padrão Fifa”, perdeu status e entrou em situação caótica, mas deve estar abrindo caminho para ser referência COP30.

Essa é a teoria.

 

Prefeitura retoma
viagens entre Belém
e Mosqueiro, apenas
durante o veraneio

 

A linha fluvial Belém-Mosqueiro voltou a operar ontem, sexta-feira, por obra e graça do Espírito Santo - e um empurrãozinho. O navio “Solimões” navega somente nos finais de semana.

 

A linha, que é mantida pela Prefeitura de Belém, através da Semob, e foi retomada, “em princípio, para operar nos próximos finais de semana de julho, como reforço à alta demanda de usuários do transporte público com destino a Mosqueiro durante o período das férias”, segundo nota oficial da prefeitura.

 

A embarcação, que tem capacidade para transportar 208 passageiros, realiza as viagens às sextas, sábados, domingos e segundas, sendo a saída de Belém prevista para 7h30, com embarque no Terminal Hidroviário de Belém, localizado na avenida Marechal Hermes. Em Mosqueiro, o navio sai do Terminal Hidroviário de Mosqueiro - IP4, na Vila, às 16h30, para voltar para Belém. 

 

A operação da linha retorna com o objetivo de suprir a alta demanda das férias, em complemento ao transporte por ônibus. “A linha fluvial entra como uma alternativa para quem vai para Mosqueiro. A princípio, a linha vai operar somente aos finais de semana porque vai atender à demanda turística, de quem está indo para Mosqueiro a lazer”, explica o chefe da Divisão de Transporte Hidroviário da Semob, Cássio Costacurta.

 

O valor da passagem é de R$10, na sexta-feira e na segunda, e nos sábados e domingos passa para R$ 20, sendo aceita a meia-passagem. A isenção tarifária é garantida aos idosos, pessoas com deficiência, crianças de até seis anos de idade, policiais civis e militares, bombeiros militares e carteiros, em serviço.  É obrigatória a emissão de bilhete de isenção para crianças acima de 1 ano de idade. Caso a emissão do bilhete não seja solicitada no guichê de venda, o embarque da criança não será autorizado. A medida é necessária para evitar a superlotação da embarcação.

 

No estaleiro

 

O navio “Solimões” estava com a operação suspensa desde o mês de março, devido à solicitação do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit) para possibilitar a execução de serviços de manutenção corretiva na estrutura do flutuante do Terminal Hidroviário de Mosqueiro, que é gerenciado pelo próprio órgão federal.

Nota do redator: pelas informações da Prefeitura de Belém, a linha Belém-Mosqueiro segue sem definição ou garantia de transporte para Mosqueiro fora do período de veraneio, o que fará dela o ‘elefante branco’ apontado pela coluna.



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