abituado a operar nos bastidores desde que se entende por
gente, o atual presidente da Companhia de Portos e Hidrovias do Pará - suplente
do senador Beto Faro -, Josenir Nascimento, está levando o Terminal Portuário
de Belém a pique. Não é exagero dizer que os usuários do equipamento estão
vivendo seu “momento Pearl Harbor”, com bombas administrativas caindo para todo
lado e uma situação caótica. Explica-se.
Recentemente, para dourar a pílula do veraneio, Josenir
Nascimento baixou um ato que altera o horário de abertura do terminal das 5
horas para 5h30 - trinta minutinhos que desacomoda muita gente, a partir
da primeira viagem, com destino à região do Marajó, às 6 horas. Resumo da
ópera: tem passageiro obrigado a dormir na fila, ao lado do terminal, para não
perder a viagem.
A medida tem efeito cascata: compromete da primeira à
última viagem para destinos que incluem, além do Marajó, Santarém, Manaus,
Macapá e outros menos votados. Enquanto o caos determina a movimentação no
terminal, Josenir dorme.
Teoria do caos
O meteorologista Edward Lorenz propôs que pequenas
alterações observadas em determinadas circunstâncias podem causar grandes
mudanças no futuro, tornando o sistema caótico e imprevisível. Estava formulada
a teoria do caos, situação em que, se for o caso da Companhia de Portos e
Hidrovias, o presidente Josenir Nascimento é o agente perfeito para o milagre
do caos à mudança, se duvidar como forma de se inserir no contexto da COP30,
onde se encaixam a dragagem do Porto de Belém - que nem existe -, construção de
hotéis, reurbanização da Doca e outros investimentos que superam a casa do
bilhão em Belém.
Caminho de rios
De volta à terra firme: o Terminal de Belém foi inaugurado
em 2014 e por lá transitam hoje cerca de 5 mil passageiros por dia para
diversos destinos, consolidando o verso da canção segundo o qual “esse rio é
minha rua”. Mas nem tudo são flores.
Gestão temerária
Usuários e permissionários apontam que “o terminal está
abandonado” e acusam a administração da Companhia de Portos de “temerária”. Nem
é para menos: sem investimentos, o terminal está sem ar-condicionado - foram
substituídos por ventiladores de pé, insuficientes para amenizar o calor de
mais de 26 graus e sensação térmica de 40 graus - e os banheiros, em situação
precária, quando funcionam.
Convidados a sair
A
mudança de horário de abertura da estação, portanto, é apenas um detalhe ao
qual a população, coitada, terá que se adaptar, o que também deve ocorrer com
os permissionários, alguns operando desde a inauguração do equipamento. Eles já
foram informados de que deverão devolver o espaço, que receberam através de concessão e licitação pública, à Companhia,
para outras necessidades. São microempresários que exploram venda de revistas e
lanchonetes e outros. A mesma informação atinge as empresas prestadoras de
serviços, com mudanças previstas de guardas de segurança, pessoal de limpeza,
conservação e de recepção.
Tal e qual...
Anos atrás, o Terminal de Belém foi referenciado como
“Padrão Fifa”, perdeu status e entrou em situação caótica, mas
deve estar abrindo caminho para ser referência COP30.
Essa é a teoria.
Prefeitura
retoma
viagens
entre Belém
e
Mosqueiro, apenas
durante
o veraneio
A
linha fluvial Belém-Mosqueiro voltou a operar ontem, sexta-feira, por obra e
graça do Espírito Santo - e um empurrãozinho. O navio “Solimões” navega
somente nos finais de semana.
A
linha, que é mantida pela Prefeitura de Belém, através da Semob, e foi
retomada, “em princípio, para operar nos próximos finais de semana de julho,
como reforço à alta demanda de usuários do transporte público com destino a
Mosqueiro durante o período das férias”, segundo nota oficial da prefeitura.
A
embarcação, que tem capacidade para transportar 208 passageiros, realiza as
viagens às sextas, sábados, domingos e segundas, sendo a saída de Belém
prevista para 7h30, com embarque no Terminal Hidroviário de Belém, localizado
na avenida Marechal Hermes. Em Mosqueiro, o navio sai do Terminal Hidroviário
de Mosqueiro - IP4, na Vila, às 16h30, para voltar para Belém.
A
operação da linha retorna com o objetivo de suprir a alta demanda das férias,
em complemento ao transporte por ônibus. “A linha fluvial entra como uma
alternativa para quem vai para Mosqueiro. A princípio, a linha vai operar
somente aos finais de semana porque vai atender à demanda turística, de quem
está indo para Mosqueiro a lazer”, explica o chefe da Divisão de Transporte
Hidroviário da Semob, Cássio Costacurta.
O
valor da passagem é de R$10, na sexta-feira e na segunda, e nos sábados e
domingos passa para R$ 20, sendo aceita a meia-passagem. A isenção tarifária é
garantida aos idosos, pessoas com deficiência, crianças de até seis anos de
idade, policiais civis e militares, bombeiros militares e carteiros, em
serviço. É obrigatória a emissão de bilhete de isenção para crianças
acima de 1 ano de idade. Caso a emissão do bilhete não seja solicitada no
guichê de venda, o embarque da criança não será autorizado. A medida é
necessária para evitar a superlotação da embarcação.
No estaleiro
O
navio “Solimões” estava com a operação suspensa desde o mês de março, devido à
solicitação do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit)
para possibilitar a execução de serviços de manutenção corretiva na estrutura
do flutuante do Terminal Hidroviário de Mosqueiro, que é gerenciado pelo
próprio órgão federal.
Nota do redator: pelas informações da Prefeitura de Belém, a linha Belém-Mosqueiro segue sem definição ou garantia de transporte para Mosqueiro fora do período de veraneio, o que fará dela o ‘elefante branco’ apontado pela coluna.