Proposta de base fixa da Polícia Ambiental na região do Cachimbo para conter o garimpo afunda na falta de recursos do Estado.
Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-bio) e a Secretaria de Segurança Pública do Pará chegaram a discutir, informalmente, a criação de uma base fixa de operações da Polícia Ambiental na região do Refúgio de Vida Silvestre (Revis) dos rios São Benedito e Azul, extremo oeste do Estado. A conversa morreu na praia.

Enquanto o Estado patina, o garimpo corre solto sobre pedras e cascalhos, impulsionado por investidores de plantão e redes criminosas bem financiadas. O ouro, cotado a mais de R$ 630 o grama, move máquinas, compra silêncio e financia a destruição. O rio Tapajós, vizinho e outrora majestoso, é o exemplo vivo do que o mercúrio e a omissão podem fazer. Hoje, é um rio em agonia. O São Benedito, verde-esmeralda, de águas claras e profundas, pode ser a próxima vítima. É o retrato de um paraíso à beira do colapso - e de um Estado que não consegue ocupar o próprio território.
O Partido Verde levou o caso a Brasília, em ofício endereçado ao Ibama, pedindo ações urgentes para conter o avanço do garimpo na região. O documento relata a presença de dragas, rebocadores e estruturas flutuantes usadas na mineração ilegal, além de citar operações anteriores, como a Operação São Benedito, que desmantelou 20 embarcações e quatro acampamentos clandestinos em junho deste ano.
O texto do partido é categórico: o que se anuncia no São Benedito é uma “tragédia anunciada”, semelhante ao que já se viu nos rios Tapajós, Madeira e Jamanxim - contaminados, assoreados e tomados pela lama.
A proposta de criação de uma base permanente de fiscalização, envolvendo Ibama e Polícia Militar Ambiental, foi incluída no pedido. Nada indica, porém, com previsão de sair do papel. Brasília fala em “reforço do monitoramento”, o Estado alega “limites orçamentários”, e o rio segue correndo - por enquanto, limpo.
A Operação São Benedito, deflagrada pelo governo do Pará em junho, chegou a ser celebrada como exemplo de ação integrada entre a Semas, a Segup e forças policiais. Nela, foram destruídos dragas, balsas, rebocadores, um estaleiro ilegal e toneladas de material usado para mineração clandestina. O efeito foi curto. Pouco depois, moradores voltaram a relatar a presença de garimpeiros nos rios vizinhos e o ressurgimento de acampamentos dentro da unidade de conservação.
Em setembro, reportagem de “O Globo” relatou que, mesmo após sete operações em 2025, o garimpo “nunca foi tão intenso” na região do São Benedito e nas terras indígenas próximas. O ciclo da omissão repete-se: o Estado fiscaliza por dias e se ausenta por meses.
Nos gabinetes de Brasília, o discurso é firme, mas a prática é tímida. “O garimpo ilegal é um grande câncer para o País”, reconheceu, em evento recente, a direção do Ibama, ao comentar os impactos do mercúrio na Amazônia. Na mesma ocasião, a Polícia Federal admitiu que só haverá resultados “quando o bolso do crime for atingido”, prometendo focar em financiadores e redes logísticas - não nos trabalhadores braçais.
Belas palavras - que não chegam às margens do São Benedito, onde as balsas seguem o curso do ouro e mostram que entre o discurso e a prática há um abismo de burocracia, fronteiras estaduais e orçamentos contingenciados.
O São Benedito é símbolo de pureza e resistência, refúgio de vida selvagem e de comunidades que ainda vivem em harmonia com a floresta. Protegido em tese por uma Unidade de Conservação de 30 mil hectares, é também o espelho do Brasil amazônico: exuberante na paisagem, vulnerável na gestão.
O rio segue seu curso, mas o destino parece traçado. Sem a presença permanente do Estado, as balsas chegarão, cedo ou tarde. A proposta de uma base fixa, esquecida nas gavetas do poder público, talvez fosse o último gesto de defesa antes da lama. Resumo da ópera: a Amazônia não morre de uma vez; morre aos poucos.

•O que se diz é que o Rancho queria dinheiro para suas promoções, mas acabou atravessando na avenida: não conversou com ninguém e saiu com a imagem do ministro Celso Sabino nas redes sociais (foto).
•Incontinente, o ministro agradeceu a lembrança e mandou tirar a imagem. Pelo visto, começou o carnaval político.
•Fique claro desde já: no jogo entre poder, prerrogativas e investigações, a ministra Cármen Lúcia puxou o freio de mão.
•No Pará, a poeira ainda não baixou - e o silêncio do foro é, por enquanto, a mais alta das vozes.
•Aviso às autoridades paraenses: uma recém-inaugurada "fábrica" de mosquitos, em Campinas (SP), já disponibiliza duas tecnologias comprovadamente eficazes para a redução das populações do Aedes aegypti e da dengue.
•A bioeconomia é a melhor maneira de extrair o sustento e gerar emprego e renda da floresta sem desmatamento.
•Várias cooperativas no Estado já adotam esse sistema agroextrativista na produção de cosméticos, moda, óleos e essências da floresta, além de alimentos produzidos em sistemas agroflorestais além do crédito de carbono para florestas conversadas.
•Durante a COP 30, serão debatidas formas de verticalizar essa produção, agregando valores e ampliando a renda dos empreendedores.
•A Agência Nacional de Transportes Terrestres destravou investimento bilionário no plano de "rodovias sustentáveis", com menu de 470 ações socioambientais em estradas federais administradas pelo setor privado.
•As concessionárias que aderirem poderão até ganhar aumento nas tarifas de pedágio.
Jornalista, natural de Belterra, oeste do Pará, com 48 anos de profissão e passagens pelos jornais A Província do Pará, Diário do Pará e O Liberal.
Comentários
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